domingo, 31 de agosto de 2014

Sobre Casas Acessíveis Para Cadeiras de Rodas

Recursos

Uma casa acessível para cadeira de rodas deve incluir, no mínimo, portas mais largas que suportem sua passagem, uma superfície que favoreça seu deslocamento, interruptores de luz e plugues que possam ser facilmente alcançados pelo usuário e um banheiro acessível. Todos os passos, mesmo os pequenos devem ser convertidos em rampas, dentro e fora da casa. Essas adaptações por ser realizadas com um gasto mínimo de dinheiro, tempo e trabalho.

Considerações

Enquanto coisas como rampas e portas mais largas são essenciais para dar suporte a cadeirantes, existem muitos outros pontos a serem considerados. Por exemplo, o cadeirante gosta de sair da casa? Ele precisa de assistência para ir para a cama e sair dela? Ele irá utilizar o chuveiro? Se a resposta for sim para todas as perguntas, a casa deve incluir recursos como largas rampas externas, um sistema de suspensão e um chuveiro fixo uma bico destacável.

Significância

Já que usuários de cadeiras de rodas podem possuir uma variedade habilidades, uma casa acessível pode incluir qualquer coisa, do essencial até atualizações sofisticadas. Se dinheiro não é problemas, a casa pode ter balcões com ajustes de altura, unidade de controle do ambiente e até elevadores para outros níveis da casa. No entanto, nem todas as atualizações custam muito dinheiro. Uma atualização de baixo custo que todo o cadeirante deve considerar é a adição de corrediças de plástico às paredes, portar e cantos para evitar danos permanentes das rodas.

Concepções errôneas

Não pense que é necessário gastar muito dinheiro para tornar sua casa acessível para uma cadeira de rodas. Na verdade, poucas mudanças por fazer uma grande diferença, até mesmo no orçamento. Por exemplo, uma pia de parede ou uma mesa elevada em blocos permite o acesso de uma cadeira de rodas embaixo. Aumentando o comprimento de cordas de puxar de ventiladores de teto ou persianas irá torná-las operacionais a partir de uma altura mais baixa. Remover uma porta de suas dobradiças dá a cadeira de rodas alguns centímetros a mais para atravessar. Até mesmo a reorganização da mobília pode garantir mais espaço para o deslocamento da cadeira, fazendo a diferença entre um quarto acessível e um que se encontra fora dos limites.

Perspicácia

Além do básico que foi mencionado aqui, algumas considerações chave que são geralmente negligenciadas por usuários recentes de cadeiras de rodas são a largura do percurso até a porta, a localização de itens de uso comum como copos ou pratos e a presença de uma segunda saída acessível em caso de emergência. Tornar uma casa acessível para cadeira de rodas envolve mais do que somente adicionar uma rampa. Diz respeito a assegurar que a pessoa consiga completar suas rotinas diárias da maneira mais independente possível.



FONTE: http://www.ehow.com.br/sobre-casas-acessiveis-cadeiras-rodas-sobre_123500/

sábado, 23 de agosto de 2014

VERDADES E MITOS A RESPEITO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

"As pessoas com deficiência possuem os mesmos direitos que qualquer outro cidadão", diz Marco Antônio Pellegrini, Secretário Adjunto da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo. O que se observa, porém, especialmente em uma sociedade que ainda dá os primeiros passos a caminho da inclusão, é que nem sempre esse segmento é tratado com a igualdade que tem por direito. E é por conta disso que foram criadas algumas leis e decretos exclusivos. Confira a seguir uma seleção de 50 questões importantes sobre os direitos e deveres da pessoa com deficiência.

Educação
1 Sou professora e gostaria de transcrever obras de grandes autores para o braille, para o uso dos meus alunos, mas não posso por causa dos direitos autorais.
MITO O artigo 46 da Lei Federal nº 9.610/98 esclarece que não constitui ofensa aos direitos autorais a reprodução de obras literárias, artísticas ou científicas para uso exclusivo de cegos, sempre que seja feita em braille ou qualquer outro suporte para esses destinatários, e sem fins comerciais, incluindo o formato de audiolivro.
2 Preciso de material adaptado para realizar as provas na faculdade e a instituição de ensino deve fornecer.
VERDADE O artigo 27 do Decreto Federal nº 3.298/99, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência, determina que as instituições de ensino superior ofereçam adaptações de provas e os apoios necessários, quando solicitados previamente pelo aluno. O que se aplica também aos processos seletivos de cursos universitários, nos quais, de acordo com as características da deficiência, podese requerer tempo adicional para realização dos exames.
3 Estou internado em um hospital por complicações da minha deficiência e devo interromper a formação escolar.
MITO Caso o período de internação seja igual ou superior a um ano, o Decreto Federal nº 3.298/99 prevê o oferecimento obrigatório de serviços de educação especial ao educando com deficiência em unidades hospitalares ou congêneres nas quais esteja internado. Informese na escola ou secretaria de educação de seu município como solicitar estes serviços.

4 O governo prefere que cri anças com deficiência estudem em colégios especiais.
MITO A Lei Federal nº 9.394/96, que estabeleceu as Diretrizes e Bases da Educação, prevê a educação de forma a incluílas na rede regular de ensino. Os artigos de 58 a 60 determinam que essas escolas devam ter serviços de apoio especializado para atender às necessidades, como currículos, métodos, técnicas, recursos educativos, organização e terminalidades específicas.
5 Todas as escolas devem ter professores que conheçam Libras.
VERDADE O governo instituiu, em 2005, a inclusão da Libras como disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino públicas e privadas. Pedagogia e todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, além do curso de Educação Especial, estão sujeitos à mesma regra.
6 Escolas públicas e particulares não podem se recusar a aceitar alunos com deficiência.
VERDADE A lei nº 7.853 garante em seu artigo 2º a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas com deficiência capazes de se integrar ao sistema regular de ensino. Portanto, as que se recusem a receber estes alunos, incorrem em crime, possibilitando a instauração de um inquérito policial. É possível também promover uma ação judicial contra a escola, para assegurar o ingresso.
7 Meu filho com deficiência visual não pode compreender histórias infantis quando lê livros.
MITO É fundamental que todas as crianças e adultos com deficiência visual aprendam o braille, para sua independência e integração. Livros infantis adaptados a esta linguagem permitem que as crianças conheçam os clássicos como todos os companheiros da mesma idade.
8 Não existem cursos de idiomas adaptados para as necessidades das pessoas com deficiência.
MITO
Apostilas ampliadas para alunos com baixa visão, computadores com o software de voz Virtual Vision para os cegos, aparelhos como a ponteira ou a colmeia (placa de acrílico que facilita o uso do teclado) são alguns dos recursos disponíveis às escolas de idiomas. Um bom exemplo da aplicação desses métodos é o Instituto Open Door, em São Paulo, onde os cursos são gratuitos e voltados para pessoas de baixa renda.
9 A pessoa com deficiência não tem direito de concorrer a uma bolsa de estudos do Programa Universidade para Todos (PROUNI).
MITO O programa possui várias condições para que os candidatos possam concorrer e uma delas, justamente, é ser uma pessoa com deficiência. Ter renda familiar de até três salários mínimos por pessoa, além de ter cursado o ensino médio em escola de rede pública ou privada com bolsa integral da instituição, e prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)' são outros requisitos.
10 Tenho deficiência visual. Posso pedir que a minha escola consiga os mesmos livros de meus colegas, em braille.
VERDADE Para uma boa adaptação é primordial que o cego tenha acesso aos mesmos materiais dos colegas. Mas não é por ser regra que de fato acontece. Quando a escola não fornece os livros, o aluno pode procurar o Centro de Apoio Pedagógico (CAP), entidades assistenciais e, se necessário, o Ministério Público.
11 Alunos com deficiência vi sual podem utilizar o soroban em exames que envolvam cálculos matemáticos.
VERDADE O Ministério da Educação, reconhecendo a necessidade, permite o seu uso nos exames que envolvam cálculos, pela portaria nº 1.010, publicada pelo Ministério da Educação em maio de 2006. Soroban é o nome dado ao ábaco japonês, um instrumento com pequenas contas dispostas em fileiras, recurso muito útil às pessoas com deficiência visual.

Direitos
12 Tenho deficiência, e por isso não sou obrigado a votar.
MITO Segundo a Constituição Brasileira, todos os cidadãos com idade entre 18 e 70 anos são obrigados a votar. A pessoa com deficiência pode requerer com 150 dias de antecedência a mudança do local de votação, caso o acesso seja difícil. Há uma ressalva que não pune a pessoa quando impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais. Mas convém verificar com os órgãos eleitorais a aplicabilidade da ressalva, já que cada juiz pode interpretar as condições "impossíveis ou onerosas" à sua maneira.
13A pessoa com deficiência tem direito a receber herança.
VERDADE O artigo 5º do Capítulo I da Constituição Federal prevê que todos os brasileiros são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Sendo assim, se o inciso XXX garante o direito de herança, ele se estende inclusive às pessoas com deficiência. Em caso de interdição, como ocorre com algumas pessoas com deficiência intelectual, quem cuidará dos interesses da herança é seu curador.
14 As filas prioritárias em bancos são apenas para cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida.
MITO Os artigos 5º, 6º e 7º do Decreto Federal nº 5.296/2044 considera que o atendimento prioritário se enquadra a todas as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Ou seja, aqueles com deficiência física, auditiva, visual, intelectual e múltipla. O texto destes artigos também discorre sobre a sinalização, a entrada, o mobiliário e os serviços de atendimento que devem constar nas instituições financeiras.
15 Ao comprar um apartamento na planta posso pedir que ele tenha um banheiro adaptado sem ter de pagar por isso.
MITO O Decreto Federal n º 5.296/2004 discrimina que to das as edificações de uso coletivo ou público devem atender aos preceitos de acessibilidade. Isto se aplica às áreas de uso comum das edificações de uso privado multifamiliar, como piscinas, playgrounds, salão de festas, garagens entre outros espaços, mas não dentro dos apartamentos.
16 Planos de saúde particulares não aceitam a inscrição de pessoas com deficiência por considerar que possuem "doenças preexistentes".
MITO Para afastar de vez o risco desta prática ilegal e preconceituosa, foi sancionada lei de nº 9.656, cujo 14º artigo prevê que ninguém pode ser impedido de participar de planos privados de assistência à saúde em razão de idade ou condição de pessoa com deficiência. Portanto, ao se deparar com algum caso assim, denuncie.
17 Ganho um salário mínimo por mês, por isso tenho direito ao Passe Livre.
VERDADE Este é um benefício concedido pelo Governo Federal que cede gratuitamente passagens interestaduais às pessoas com deficiência. Porém, para ter esse direito, é preciso ter renda familiar per capita de até um salário mínimo. A renda de todos os que moram com a pessoa com deficiência deve ser somada e dividida pelo total de pessoas. Se o resultado for igual ou inferior a um salário mínimo, é possível requerer o benefício no Ministério dos Transportes. O Passe Livre não dá direito à gratuidade para acompanhante.
18 Um restaurante que impede a entrada de pessoa com deficiência visual acompanhada de cão-guia pode ser multado.
VERDADE A pessoa com deficiência visual e usuária de cãoguia tem o direito de ingressar e permanecer com o animal em todos os locais de uso público ou privado de uso coletivo. Isso inclui restaurantes, lojas, escolas e meios de transporte. Os únicos locais vetados ao animal são setores de isolamento, tratamentos de doenças graves ou locais que precisam de esterilização em estabelecimentos de saúde. Além de multado, o local pode ser interditado.
19 A pessoa com deficiência não é obrigada a prestar serviço militar.
VERDADE O direito de não servir às Forças Armadas é garantido a todos aqueles cuja deficiência seja um impedimento. No entanto, ao atingir a idade de alistamento, é necessário se apresentar a uma unidade militar para obter a dispensa por vias legais.
20 A pessoa com déficit intelectual não pode ter conta em banco.
MITO O direito de possuir conta em banco também está assegurado às pessoas com deficiência intelectual. Se o titular for menor de 18 anos, a conta deve ser administrada pelos pais ou responsáveis. Em caso de pessoa maior de 18 anos que seja interditada, o curador é o responsável.
21 Todas as pessoas com Síndrome de Talidomida têm direito à pensão do INSS.
VERDADE Desde 1982 existe uma lei que autoriza o Poder Executivo a conceder pensão especial mensal, vitalícia e intransferível a todas as pessoas com Síndrome de Talidomida que a requererem no INSS. Este benefício compreende a incapacidade para o trabalho, para a locomoção, higiene pessoal e alimentação. O benefício não poderá ser reduzido mesmo que a pessoa adquira capacidade de trabalhar.
22 Pacientes com transtornos mentais egressos de internações têm direito a receber auxílio do governo.
VERDADE Em 2003 o Ministério da Saúde lançou um programa de ressocialização de pacientes internados em hospitais ou unidades psiquiátricas, o "De Volta Para Casa". A partir daí, ficou instituído um auxílio-reabilitação psicossocial para egressos de internação que tenham permanecido por dois anos ou mais em hospitais psiquiátricos. O benefício tem duração de um ano e pode ser renovado quando necessário aos propósitos da reintegração social do paciente.
23 Por ter deficiência, não tenho o direito de tirar carteira de habilitação.
MITO É possível. Mas para obtenção da Carteira de Habilitação Especial é preciso ser avaliado por uma junta médica, que examina a extensão da deficiência e a desenvoltura do candidato. O solicitante deve procurar uma clínica credenciada autorizada e realizar exame médico e psicotécnico especial para pessoas com deficiência. Os endereços das clínicas podem ser obtidos no Detran de cada Estado.
24 Pessoas com qualquer tipo de deficiência podem fazer uso do Serviço de Atendimento Especial (ATENDE) na cidade de São Paulo.
MITO O serviço paulistano de transporte porta a porta destina-se a pessoas com deficiência física ou com mobilidade altamente reduzida. Aquelas que apresentem doenças que não associadas à deficiência motora com comprometimento severo da mobilidade não são caracterizadas com o perfil previsto para utilizar o benefício, que é liberado por meio de um cadastro feito pela SPTrans.
25 Uma pessoa com deficiência que não pode trabalhar tem direito a receber um salário mínimo para garantir seu sustento.
VERDADE A Constituição realmente garante este direito, sob o nome de Benefício de Prestação Continuada (BCP). São beneficiados aqueles com renda familiar por pessoa inferior a ¼ de salário mínimo. Para requerer, é preciso se dirigir a uma agência do INSS. Algumas prefeituras possuem órgãos que passam orientações, como as secretarias de assistência social.
26 Pessoas com deficiência têm descontos para adquirir automóveis.
VERDADE Não se trata de descontos e, sim, da isenção de impostos, neste caso, o mais significativo é o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Há regras específicas que regem cada caso, mas pessoas com qualquer tipo de deficiência podem solicitar o abatimento, e caso ela necessite de um condutor, ele também. Outras taxas como o IPI, IPVA e ICMS também entram na lista de isentas. O ideal é procurar o Detran do seu Estado.
27 Se não consigo me locomover sozinho em transporte público, meu acompanhante não paga a passagem.
VERDADE As leis que regem a gratuidade no sistema de transporte público em geral são de âmbito municipal. Mas é comum se conceder gratuidade aos acompanhantes, principal mente em casos de crianças e daqueles que têm dificuldades de locomoção. É necessário pedir informações detalhadas sobre como obtê-la.
28 Não existem leis que punem crimes contra pessoas com deficiência.
MITO A lei nº 7853 constitui em seu artigo 8º crime punível com reclusão de um a quatro anos: a recusa ou cancelamento de inscrição de alunos com deficiência em estabelecimento de ensino; barrar o acesso a cargos públicos por causa da deficiência; negar emprego ou trabalho a estas pessoas; deixar de prestar assistência hospitalar; não cumprir ordens judiciais que aludam a esta lei e omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.
29 É possível deduzir despesas com aparelhos ortopédicos do Imposto de Renda.
VERDADE Algumas despesas médicas podem ser deduzidas do IR, como aquelas com aparelhos e próteses ortopédicos, cadeiras de rodas, andadores ou qualquer outro aparelho ortopédico destinado à correção de desvio de coluna ou deficiência dos membros ou das articulações.
30 Em um órgão público, tenho o direito de ser atendido por uma pessoa que conheça Libras.
VERDADE
O artigo 26 do decreto nº 5.626, de 2005, determina que na rede de serviços do SUS e empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, deve haver profissionais capacitados para o uso de Libras ou sua tradução e interpretação.

Trabalho
31 Empresas com mais de cem funcionários que não contratam pessoas com deficiência podem ser multadas.
VERDADE A mesma lei que estabelece as cotas de contratação das pessoas com deficiência define as punições em caso de seu não cumprimento. Dois órgãos são responsáveis pela fiscalização do cumprimento da Lei de Cotas. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), através das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTE), e o Ministério Público do Trabalho (MPT).
32 Aposentados por invalidez que retornam ao trabalho podem continuar a receber o benefício.
MITO
Uma vez que o beneficiário retorne voluntariamente à atividade, sua aposentadoria será cancelada. A diferença está na forma, podendo ser imediata, se o segurado retornar à função que possuía antes, ou ao longo de seis meses, quando a recuperação for parcial ou o segurado for considerado apto para exercício de trabalho diverso daquele que habitualmente exercia.
33 Pessoas com deficiência não podem se inscrever em concursos públicos.
MITO A pessoa com deficiência, assim como qualquer outro brasileiro que esteja em gozo de seus direitos políticos e em dia com as obrigações militares e eleitorais, está apto a se inscrever em concursos públicos, desde que as atribuições do cargo sejam compatíveis com a deficiência que possui. A lei prevê ainda que até 20% das vagas oferecidas sejam reservadas para este público.
34 É mais fácil para uma pessoa com deficiência ser admitido por uma empresa grande, já que, pela Lei de Cotas, ela é obrigada a contratar.
VERDADE Sem dúvida, a lei facilitou a entrada no mercado de trabalho, e determina que empresas com mais de cem funcionários contratem pessoas com deficiência. A discussão atual se trava acerca da qualidade desta inclusão. As vagas destinadas às pessoas com deficiência, na média, têm salários baixos, cargos da base da pirâmide organizacional e funções operacionais. O plano de carreira para estes profissionais ainda é pouco atr aente.
35 Pessoas com deficiência que atuam co mo servidores públicos têm direito a um horário especial de trabalho, caso seja necessário.
VERDADE A pessoa com deficiência deve plei tear que uma junta médica oficial avalie a necessidade, o que lhe dará o direito de ter horário especial, sem compensação. O direito também se estende ao servidor que tenha cônjuge, filho ou de pendente com deficiência, mas, neste caso, com compensação do horário de trabalho.
36 Se uma pessoa com deficiência contratada pela Lei de Cotas vai ser demitida do cargo, a empresa tem de contratar outra pessoa para ocupar a vaga antes.
VERDADE Conforme previsto no artigo 93, § 1º, da Lei no 8.213/91, caso esta condição não seja cumprida, o empregado demitido pode recorrer à justiça, para receber os salários correspondentes ao período em que a vaga ficou ociosa.
37 As empresas priorizam a contratação de pessoas com deficiências consideradas mais "leves".
VERDADE
O que se observa é que as empresas não dão muitas oportunidades àquelas pessoas com limitações mais severas ou menor nível de diminuição motora, sensorial ou intelectual. Cadeirantes, por exemplo, são minoria no mercado de trabalho. A mesma situação ocorre com cegos e surdos totais, sem falar nas pessoas com deficiências intelectuais.

Dia a dia
38 Cegos não têm como usar o celular para outras funções, além de conversar.
MITO Existe um programa chamado "Talk", usado para adaptar telefones celulares para o uso de pessoas cegas. Este programa tem função de voz, o que permite que o usuário ouça o que está sendo apresentado no menu do aparelho. É muito útil para as pessoas com baixa visão, pois aumenta a fonte e também usa diferentes cores para o contraste de tela, o que facilita a leitura.
39 Pessoas sem fala que não conhecem Libras não têm outra forma de se comunicar.
MITO Apesar da importância do aprendizado da Libras, já existem formas de comunicação alternativas, que podem ser usadas até mesmo por quem tem deficiências múltiplas e não consegue formar os sinais com as mãos, como o sistema de comunicação por símbolos chamado SymbolVox. O usuário pode utilizar frases como "ouvir música", "ir ao banheiro" ou até mesmo montar palavras em uma cartela com o alfabeto
40 O programa Virtual Vision é caro, por isso não posso utilizá-lo porque não tenho como comprar.
MITO Trata-se de um software de voz que torna o uso do computador acessível aos cegos. E é verdade que é caro, o que dificulta seu acesso por parte de muitos que têm deficiência visual ou com baixa visão. Mas já existem empresas que distribuem o programa gratuitamente. É o caso dos bancos Bradesco e Santander.
41Cadeirantes têm direito à acomodação especial em aviões, no embarque e no desembarque.
VERDADE
Existem normas e serviços do Ministério da Aeronáutica que determinam atendimento especial desde a compra de passagens até a permanência nos terminais, durante o voo e depois dele. Aeronaves com mais de cem assentos devem possuir 10% com braços removíveis, para acomodar cadeira de rodas. As companhias têm de disponibilizar veículos com elevadores ou outros dispositivos apropriados para o embarque e desembarque.
42 Não há como as pessoas saberem que sou surdo quando estou dirigindo, por isso, sou frequentemente desrespeitado no trânsito.
MITO O motorista com deficiência auditiva pode colar no vidro traseiro de seu automóvel o Símbolo Internacional de Surdez, para que motoristas de ambulância, policiais, resgate e os outros possam identificar que o condutor é surdo e precisa ser respeitado.
43 Posso estacionar meu carro nas vagas especiais em locais de Zona Azul sem pagar a tarifa.
MITO
Em São Paulo existe uma portaria que determina a reserva de vagas para pessoas com deficiência em estacionamentos rotativos pagos do tipo Zona Azul. Para utilizá-las é preciso ter o cartão DeFis-DSV, emitido por órgão da prefeitura, e afixá-lo no painel frontal do carro. Entretanto, é preciso também afixar um cartão de Zona Azul quando a sinalização estiver assim determinando.
44 Carros de pessoas com deficiência também levam multa no rodízio municipal de São Paulo.
MITO Carros de pes soas com deficiência ou de quem as transporte estão isentos do rodízio municipal de veículos na cidade de São Paulo. Para tanto, é preciso solicitar à prefeitura uma autorização especial. No site do órgão é possível imprimir o formulário de requerimento, ou ainda, no setor de Autorizações Especiais do Departamento de Operação do Sistema Viário (DSV).
45 As pessoas com deficiência têm direito a pagar meia-entrada em shows e cinemas.
MITO Não existe nenhuma lei federal que garanta este direito. O que pode ocorrer, por exemplo, é que haja uma determinação municipal, como na cidade do Rio de Janeiro, que, desde 2006, garante o direito à meia-entrada de pessoas com deficiência em estabelecimentos culturais e de lazer que promovam diversão e entretenimento.
46 Os restaurantes são obrigados a manter cardápios em braille para o atendimento de pessoas cegas.
VERDADE Esta é outra questão resolvida por leis municipais, portanto, obrigatória em algumas cidades e em outras, não. Em São Paulo, por exemplo, a lei existe desde 1997, mas o que se observa é que nem sempre ela é cumprida. Em caso de descumprimento, a pessoa deve procurar o Departamento de Controle do Uso de Imóveis, o Comtru.
47 Os cadeirantes não têm como ir à praia, porque não há como utilizar a cadeira de rodas na areia.
MITO Um aparelho chamado de cadeira de rodas anfíbia facilita o lazer, com rodas mais largas, que evitam o afundamento na areia. Em São Paulo, um programa chamado "Praia Acessível" disponibiliza alguns destes equipamentos em cidades litorâneas como Santos, Guarujá, Ilhabela e Praia Grande. No Rio de Janeiro, a ONG AdaptSurf viabilizou um acordo com a RIOTUR para que o órgão também adquirisse o equipamento.
48 Os caixas eletrônicos dos bancos têm de oferecer acessibilidade às pessoas com diferentes tipos de deficiência.
VERDADE A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui uma norma específica que regulamenta a acessibilidade em caixas eletrônicos, a NBR 15250:2005. Ela regulamenta o projeto, construção, instalação e localização de equipamentos destinados à prestação de informações e serviços de autoatendimento bancário. Isto engloba desde o trajeto até o caixa, até espaço para que uma cadeira de rodas possa encostarse com conforto, passando também por funções no teclado, até uso de voz, para as pessoas cegas, entre outras especificações.
49 Cegos não têm como se orientar sozinhos em feiras ou exposições.
MITO A maioria destes eventos realmente não possui as adaptações necessárias. Mas existem esforços para mudar isso. Na 10ª edição da Reatech, um produto já existente, o audioguia, utilizado em museus no exterior, foi testado e adaptado para que o cego ouvisse informações sobre os estandes e expositores da feira.
50 Os portais de internet da administração pública são obrigados a ter opções de acessibilidade.
VERDADE
O artigo 47 do Decreto nº 5296, de 2004, determina que os sites da administração pública devam ser adaptados para uso de pessoas com deficiência visual. É possível encontrar neles opções para ampliar a fonte ou para o contraste de cores na tela. O ideal é que todos os sites, independentemente de oficiais ou não, sejam acessíveis. Esta realidade, no entanto, ainda é distante.

FONTE: http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/65/artigo224504-8.asp


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O que é a Síndrome de Down.


20/10/2006 - Fábio Adiron*

Síndrome de Down não é doença.

A síndrome de Down é uma ocorrência genética natural e universal, estando presente em todas as raças e classes sociais. É a alteração genética mais comum, sendo registrada aproximadamente em 1 de cada 700 nascimentos. Não é uma doença e, portanto, as pessoas com síndrome de Down não são doentes. Não é correto dizer que uma pessoa sofre de, é vítima de, padece ou é acometida por síndrome de Down. O correto seria dizer que a pessoa tem ou nasceu com a síndrome de Down. A síndrome de Down também não é contagiosa.

Genética.

Por motivos ainda desconhecidos, durante o desenvolvimento das células do embrião são formados 47 cromossomos no lugar dos 46 que se formam normalmente. O material genético em excesso altera o desenvolvimento regular da criança. Este material extra se encontra localizado no par de cromossomos 21, daí o outro nome pelo qual é conhecida, Trissomia do 21. Para confirmar o diagnóstico de síndrome de Down é necessário fazer um exame genético chamado cariótipo.
Os efeitos do material genético adicional variam enormemente de indivíduo para indivíduo. Não há exames que determinem, no nascimento, como a pessoa vai se desenvolver. Para que ela tenha condições de desenvolver todo seu potencial é importante que seja encaminhada, ainda bebê, a profissionais habilitados para um programa de estimulação precoce.

Incidências.

Como a maioria das mulheres que têm filhos é jovem, cerca de 80% das crianças com síndrome de Down nascem de mulheres com menos de 35 anos. Mas a incidência da síndrome de Down em mulheres mais velhas é maior. De cada 400 bebês nascidos de mães com mais de 35 anos, um tem síndrome de Down.

Características da Síndrome de Down.

As três principais características da síndrome de Down são:
  1. a hipotonia (flacidez muscular, o bebê é mais molinho);
  2. o comprometimento intelectual (a pessoa aprende mais devagar);
  3. o fenótipo (aparência física).
Algumas das características físicas são: olhos amendoados, uma linha única na palma de uma ou das duas mãos, dedos curtinhos, entre outros. Mas apesar da aparência por vezes comum entre pessoas com síndrome de Down, é preciso lembrar que o que caracteriza mesmo o indivíduo é sua carga genética familiar, o que faz com que seja parecido com seus pais e irmãos.

Expectativa de vida.

Devido aos avanços da medicina, que hoje trata problemas médicos associados à síndrome com relativa facilidade, a expectativa de vida das pessoas com síndrome de Down vem aumentando incrivelmente nos últimos anos. Para se ter uma idéia, enquanto em 1947 a expectativa de vida era entre 12 e 15 anos, em 1989 subiu para 50 anos. Atualmente, é cada vez mais comum pessoas com síndrome de Down chegarem aos 60, 70 anos, ou seja, uma expectativa de vida muito parecida com a da população em geral.

Como se vive com a Síndrome de Down.

Hoje pessoas com síndrome de Down têm apresentado avanços impressionantes e rompido muitas barreiras. Em todo o mundo, e também aqui no Brasil, há pessoas com síndrome de Down estudando, trabalhando, vivendo sozinhas, se casando e até chegando à universidade. A melhor forma de combater o preconceito é através da informação e da inclusão de TODAS as pessoas, na família, na escola, no mercado de trabalho e na comunidade.

Grupos de discussão e apoio na Internet.

Nos últimos anos, pais e profissionais formaram grupos de discussão que têm contribuído muito para informar e disseminar o conhecimento sobre a síndrome de Down em todo o Brasil. Existem grupos regionais. O maior, a nível nacional, é: Síndrome de Down
- http://br.groups.yahoo.com/group/sindromededown.Site Externo. Tem quase 1000 participantes em todo o Brasil entre pais e profissionais. Ótimo para fazer perguntas e tirar todo tipo de dúvida. Existe desde 2002. Para entrar, basta digitar o endereço e clicar em Entre neste grupo! (Você pode acompanhar apenas lendo. Não é obrigatório escrever. Não existe nenhum custo para participar de qualquer destes grupos)

Informe-se: Livros e Internet.

Não confie em livros com mais de cinco anos. A evolução, tanto na área médica, quanto na qualidade de vida de pessoas com síndrome de Down, é enorme. Esteja sempre atualizado sobre os avanços alcançados.

sábado, 16 de agosto de 2014

Veja destinos preparados para receber deficientes no Brasil

      Será que arrumar as malas e colocar os pés na estrada é algo tão fácil assim pra todo mundo? No Brasil, cerca de 25 milhões de pessoas são portadores de algum tipo de deficiência. O que, em muitos casos, pode fazer com que elas tenham dificuldades em aproveitar certos passeios. A acessibilidade é garantida hoje por leis federais, porém, nem sempre os destinos turísticos cumprem as normas e tornam os locais acessíveis a todos.
      Por isso, antes mesmo de escolher o destino, é preciso avaliar o que os locais oferecem. Além de estar atento às adaptações para tornar o passeio seguro, vale consultar se o local dispõe de cardápios em braile e informações acessíveis aos deficientes visuais e auditivos. Ainda, é preciso verificar se o local conta com quartos e banheiros adaptados, portas mais largas e barras de apoio. Consulte também, no caso de resorts, se as instalações possuem carrinhos ou cadeiras de roda para serem usadas em seu interior. E, se preferir, contrate serviços de ‘transfers’ para visitar as atrações da cidade. Estenda todos estes cuidados aos locais públicos e informe-se se os parques, museus e passeios contam com aparelhos e atendimento especial para atender às necessidades especiais.
      Para ajudar você, no entanto, o Terra listou seis cidades brasileiras consideradas preparadas para receber turistas com mobilidade reduzida, deficiência auditiva ou visual. Confira os passeios e instalações mais adequadas nos quatro cantos do país.

Maceió: segundo o IBGE, a cidade é a capital que possui a maior porcentagem de quartos de hotéis adaptados para receber visitantes com mobilidade reduzida. A cidade ainda conta com um sistema de jangadas adaptadas.
 Socorro: a cidade, localizada a 130 km da capital paulista, é um dos destinos com melhores condições de receber pessoas com mobilidade reduzida. A estância hidromineral de Socorro, através do projeto Socorro Acessível, conta com adaptações em diversas atrações. Na cidade, é possível encontrar passeios, transportes, edifícios públicos, estacionamentos, telefones para surdos e cardápios em braile por todos os lados. Socorro recebe famílias inteiras em atividades de aventura e ecoturismo, sem exclusão. O Hotel Fazenda Parque dos Sonhos conta com passeios a grutas, tirolesas, cachoeiras e trilhas ecológicas adaptadas para receber os visitantes.


São Paulo: a capital paulista é uma das cidades que mais está preparada para os deficientes. Alguns museus, como a Pinacoteca do Estado, MASP, Museu do Futebol e o Museu da Língua Portuguesa, possuem catálogos em braile e audioguias. E as atrações públicas da cidade possuem rampas de acesso ou elevadores para cadeiras de roda. Nos parques do Ibirapuera e Villa Lobos, o acesso é facilitado por meio de rampas e no Parque do Jaraguá, há um mirante adaptado para os cadeirantes. Nas ruas, a acessibilidade é considerada boa, mas ainda não é cumprida a rigor. As estações de metrô e trem são equipadas com elevadores que facilitam o deslocamento das pessoas com mobilidade reduzida. A cidade ainda possui a maior rede hoteleira adaptada, com 511 quartos.



Rio de Janeiro: algumas atrações da cidade estão bem adaptadas para receber os turistas com mobilidade reduzida. Na Lagoa Rodrigo de Freitas, existe um pedalinho motorizado disponível. No Pão-de-açúcar, há elevadores plataforma que dão acesso às bilheterias e a área de embarque, onde há prioridade para pessoas com deficiência. O Jardim Botânico conta com um jardim sensorial, onde os visitantes têm seus olhos vendados e são guiados por pessoas com deficiência visual em um mini labirinto, onde terão contato com texturas e odores de diversas plantas.



Fortaleza: na cidade, existe estrutura para atender o visitante com deficiência, porém, em alguns passeios públicos, as pessoas podem enfrentar dificuldades. Um dos principais destinos, o Beach Park, conta com estrutura de segurança para os visitantes. Parte dos apartamentos dos resorts do Beach Park foi construída para receber portadores de necessidades especiais, inclusive com banheiros adaptados. O complexo também conta com várias rampas de acesso. No parque aquático, contudo, os brinquedos radicais de queda livre, por questão de segurança, não podem ser utilizados por esse público, mas estão liberados para deficientes visuais.



Curitiba: quando o assunto é infraestrutura pública, a cidade de Curitiba torna-se a mais preparada para seus moradores e visitantes. Na cidade, os ônibus adaptados são quase totalidade e o Jardim Botânico, um dos pontos turísticos mais visitados, possui o Jardim das Sensações, com trajeto sensorial constituído de uma pista ladeada por sementeiras com legendas em Braille, que oferece a oportunidade de ver, tocar e apreciar o perfume de espécies botânicas, bem como de simular ambientações de floresta.



Ilha Bela: a ilha localizada no litoral paulista possui uma boa infraestrutura para os deficientes que procuram por diversão. Por meio de projetos do governo do estado de São Paulo, algumas praias como a do Perequê, Sino e Praia Grande possuem cadeiras anfíbias, que são aquelas que facilitam a chegada dos deficientes ao mar. A Pedra do Sino, um dos pontos turísticos da cidade, pode ser visitada por todos. Rampas de acesso e uma passarela podem ser usadas. A Praia do Julião conta com rampas de acesso para cadeirantes e, banheiros adaptados são encontrados na Praia Grande. Na cidade, é possível procurar por agências que organizam passeios específicos e adaptados para quem tem deficiências



Chapada do Guimarães: a 64 km de Cuiabá, na Chapada do Guimarães, está o Vale da Benção. Em 2011, foi inaugurada a primeira trilha feita para deficientes visuais, no Espaço Turístico Chapada Aventura. A trilha possui cordões e sinalização tátil de onde o visitante pode conhecer um pouco sobre as 32 espécies nativas catalogadas em braile. Pousadas da região contam com adaptação para cadeirantes e cardápios em braile.



Brotas: no interior de São Paulo, a cidade é conhecida por ser um destino de aventuras. Os passeios funcionam normalmente e as operações são idênticas quando existe algum deficiente nelas, o que muda são alguns procedimentos operacionais. Monitores de várias operadoras receberam treinamentos para conduzir os turistas com deficiências. O rafting pode ser praticado por todos, já o rapel só não é indicado para os deficientes visuais. O lugar ainda conta com adaptações para arvorismo e tirolesa.




FONTE: http://vidaeestilo.terra.com.br/turismo/veja-destinos-preparados-para-receber-deficientes-no-brasil,6396d5d97dc98310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

¬UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR...



                Amor... Quem nunca teve esse sentimento bombardeando no peito não? Ele nos traz paz interior, nos conforta, nos alivia, faz o nosso coração bater mais forte, e por fim, nos completa.
            Durante anos, eu confesso que tinha essa dúvida em minha vida. Será possível eu arrumar uma namorada um dia? Alguém que pudesse me amar, me aceitar, ter orgulho de mim pelo que sou como ser humano, que me olhasse de uma forma que ninguém olharia, que dissesse “eu te amo” não com a boca, mas sim, com o coração. Concluindo, que não olhasse a minha deficiência (que é física e não sentimental) como mera barreira para sermos felizes.
            Os anos se passaram e eu fui tentando, tentando, e tentando, até por diversas vezes fiz coisas que se fosse pra fazer nos dias de hoje eu  não faria. Mas calma, não é coisa tão séria assim não!
            A maioria das garotas que paquerei, quando  eu chegava nelas, já me olhavam com aquele olhar de preconceito e dizia um “eu nãoooooo!” bem estupidamente quando eu perguntava se elas queriam ficar comigo! Outras já tinham preconceito expresso. Diziam mais ou menos assim: “por que eu?” Pra um bom entendedor meia palavra basta né! Ou seja, por que eu teria que carregar essa cruz? Viver com um “aleijadinho” pro resto  da minha vida, tendo que passar vergonha ao andar com ele, por exemplo, na praça da cidade e todos nos olhando. E não adiantam me dizer nada porque sei que no fundo, no fundo, eram o que pensavam, ainda que com o subconsciente.
            Algumas garotas me usaram, sem eu saber na época claro, quando, por exemplo, as mesmas estavam carentes. Algumas até prometiam mundos e fundos para mim. Diziam as vezes que me amavam e tudo, e quando se cansavam ou quando apareciam outro em suas vidas me davam o famoso “pé na bunda”. 







            Até que a 5 meses atrás, Deus me apresentou uma pessoa que mudou a minha vida de uma forma tão intensa que nem mesmo eu esperava que isso fosse acontecer. Me mandou a mulher mais linda, mais legal, mais compreensiva, mais apaixonada por mim, que é a Ana Luiza da Silva Serafim. E se eu contar a forma de como nos conhecemos e começamos a namorar, ninguém acredita. Mas isso é outro papo. Mas resumidamente, nós nos conhecemos pela internet, no famoso Facebook.
            Em menos de um mês, minha linda mulher já marcava comigo a primeira vinda dela à minha cidade, para que enfim, nos conhecêssemos e tivéssemos certeza do que um sentia um pelo outro.
            E como foi intenso... o primeiro beijo, as primeiras carícias, o primeiro amor. Como é bom amar e ser amado de verdade.
            Essa doidinha que eu amo, foi capaz de fazer uma linda surpresa para mim: veio de surpresa à minha cidade exatamente no dia do meu aniversário! Agora pense comigo: dá pra desconfiar que ela não me ama? Claro que não!
            Hoje tenho  certeza que ela é sim a mulher que Deus tava preparando pra mim desde quando eu estava sendo gerado. Até os filhos dela, Marcos, Mariany e Pablo, têm uma grande consideração por mim, e um amor tão grande, que eu me sinto pai desses anjos que Deus colocou em minha vida!
            Pra você que é uma pessoa com deficiência, ou você que acha que uma pessoa assim não é capaz de fazer uma pessoa feliz e realizada, pergunte a minha namorada o quanto (modéstia parte) eu faço diferença na vida dela, o quanto ela me  ama, e o quanto que eu faço ela mulher, até no sentido mais amplo da palavra mesmo!
            Hoje digo sem medo de sofrer – ANA LUIZA (minha Pretinha), EU TE AMO DEMAISSSSSSSSSSSSSSSSS
           

sábado, 2 de agosto de 2014

Um papo sobre deficiência Por Crônicas da Surdez em Crônicas da Surdez

Conversando com um amigo jornalista esses dias, comentei com ele que matérias que versam sobre o tema deficiência podem ser um pouco chatas – tanto para quem lê quanto para quem dá o depoimento. Você pode ter escalado o Everest, descoberto a cura do câncer e ganho um prêmio Nobel, mas se isso for citado junto com a palavra deficiência, é nela que as pessoas vão se focar, não importanto o resto.
Pergunte a qualquer deficiente se ele se sente D-E-F-I-C-I-E-N-T-E e você vai se surpreender com as respostas. Na verdade, não é nem deficiente. É pessoa com deficiência – embora ninguém se dê ao trabalho de entender que a pessoa vem ANTES da deficiência. Bem antes, por sinal! O que a falta de um sentido acarreta na vida de alguém é simples: isso nos priva de algumas coisas. No caso da deficiência auditiva, eu poderia dizer que sou privada da delícia de compreender as conversas humanas sem esforço. Nunca pude fechar os olhos enquanto assistia à TV ou estava no cinema, por exemplo. Tenho que estar 1000% alerta se quiser me comunicar.
Quando leio que ‘um deficiente está quebrando tabus’ e coisas do tipo, só fico imaginando o que se passa pela cabeça de quem escreve algo assim. Na boa, o inconsciente coletivo brasileiro lê deficiência e pensa logo “infeliz, coitado, pobrezinho, incapaz, inútil”. Pior é quando escrevem que ‘apesar da deficiência, fulano conseguiu fazer tal coisa’. Bem, isso só faria sentido, no meu caso pelo menos, se a frase fosse ‘apesar da deficiência, fulana conseguiu ouvir’. Porque, de resto, a minha surdez não tem nada a ver com as minhas capacidades e incapacidades! O Jairo Marques escreveu um post intitulado “Os coitadinhos“, que vale a leitura. Nos comentários deste post, a Lak Lobato escreveu o seguinte, que reproduzo aqui porque achei sensacional:
Ontem, um amigo me mandou um email com um questionário sobre PcDs que ele elaborou pra um trabalho (ele próprio tem deficiência) e, em determinado ponto, havia a pergunta: “Analise e responda: por que existem pessoas com deficiência que não se aceitam?” Minha resposta: “Porque existem pessoas que não se aceitam, ponto. Ter uma deficiência não torna as pessoas mais inteligentes, mais sensatas, mais iluminadas, mais abegnadas, etc. Pessoas continuam sendo pessoas, mesmo quando tem deficiência. Deficiência não promove ninguém do degrau de evolução mental humano ou coisa do tipo.” Não sei se era bem a resposta que ele queria, mas eu acho um saco esse eterno endeusamento X coitadismo no que toca as pessoas com deficiência. Ou somos uns coitados dignos de pena. Ou somos heróis de superação. Não existe um meio termo, onde somos simplesmente humanos, tocando a vida como qualquer pessoa. Qualquer conquista nossa tem que ser louvada, elogiada, prestigiada, colocada num pedestal. E qualquer fracasso é sempre culpa da deficiência, coitadinho de nós. Tudo tudo tudo tem que girar em torno da deficiência. Nada pode ser analisado por si mesmo, tem que colocar a deficiência no meio. Mas, não adianta, eu não vou aceitar isso e achar que tudo bem. Vou reclamar sempre e brigar sempre pra pararem já com essa idiotice.  Nem anjos nem demônios, seres humanos somente. O resto é detalhe!”
É uma pena que jornais e TV gostem tanto de apelar pro coitadismo, enquanto poderiam estar prestando um grande trabalho ao mudar o foco para o tema acessibilidade. Nós que somos surdos oralizados temos um longo caminho pela frente no que diz respeito a isso: falta acessibilidade para nós nas escolas, nas universidades, nos cursinhos preparatórios para concursos, nos cursos de idiomas, e por aí vai.
Ah, e há também o fatídico ‘exemplo de superação’. Já falei aqui em outras ocasiões e repito: na minha opinião, a palavra correta é adaptação. Eu não superei a surdez porque ela não é ‘superável’, jamais terei meu sentido de volta naturalmente. Mas me adaptei a ela e o meu foco não são as coisas que não consigo fazer, porque se passar 24hs pensando nisso, além de ficar louca não vou ajudar nem a mim, nem a ninguém. E o objetivo do Crônicas, desde o início, é inspirar as pessoas a entender que a vida continua e a gente é muito mais capaz do que pensa ser.
Por isso me dói quando alguém me escreve dizendo que acha que a sua vida acabou porque descobriu que tem deficiência auditiva e vai ter que usar aparelhos auditivos. Dá vontade de dar um chacoalhão, um ‘pedala Robinho’. Sério! A vida acaba quando a gente morre ou então quando entrega os pontos e decide que é mais fácil ser um coitadinho do que um lutador. E realmente é mais fácil, já que ser um coitadinho não requer esforço algum: basta sentar, reclamar e praguejar até o fim dos dias. Enfrentar fonoterapia, aguentar o cérebro irritado com o uso dos AASI, precisar aprender a controlar a própria voz, virar expert em leitura labial  – e outros pormenores que vocês estão carecas de saber – isso sim é jogo duro!!
Deficiências têm a ver com recomeços. E recomeços têm a ver com encontrar aquela força interna que fica lá dentro escondida para as horas em que mais precisamos. Trate de encontrar a sua!

FONTE: http://cronicasdasurdez.com/um-papo-sobre-deficiencia/