quarta-feira, 22 de outubro de 2014

COMO EDUCAR CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA?

Errar na educação dos filhos é inevitável, mas os pais da criança com deficiência, de acordo com os especialistas, estão mais sujeitos a isso, a começar pelo fato de que o modelo de educação que carregam de seus pais não traz, em geral, a experiência de cuidar de um filho com necessidades especiais. Nesse aspecto, segundo o pediatra Ruy Pupo Filho (pai de uma criança com Down e autor de Como Educar Seus Filhos, Editora Alegro, 2004), "assim como as crianças ou as pessoas em geral, cada deficiência terá características próprias que os pais vão ter de conhecer aos poucos para aprender a lidar com ela". O que pode dificultar essa tarefa, para a pedagoga Mara Lúcia Sartoretto, é antes de tudo os pais não aceitarem a deficiência. "Só depois disso vão conseguir buscar uma forma própria de educar", ressalta Mara, que é diretora do Centro de Apoio da Associação de Familiares e Amigos do Down. Pela experiência do presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, José Belisário Filho, o pai é o que na maior parte das vezes tem mais dificuldade. "Muitos saem de casa porque se sentem ofendidos com o problema, outros se omitem na educação, sendo esse um sinal de que também não aceitaram." A situação complica na educação da criança, segundo Belisário, porque o pai que está presente tem papel fundamental. "Ele costuma ter mais coragem de deixar o filho se arriscar do que a mãe." Os especialistas indicam a seguir os erros mais comuns na hora de educar a criança com deficiência.
Superproteger Está na base de quase todos os problemas. É comum tratar o filho como "coitadinho", com cuidados em excesso. Mas é difícil os pais notarem os exageros por conta da tendência a querer minimizar o sofrimento da criança. Precisam permitir que ela corra alguns riscos para que avance no seu desenvolvimento. Uma forma de identificar a superproteção é verificar se o comportamento social do filho acompanha o de colegas da mesma idade. Se, por exemplo, os amigos dormem na casa uns dos outros, menos o seu filho, provavelmente há preocupação em demasia de que algo ruim aconteça.
Subestimar o potencial Desde cedo a criança começa a entender o mundo a partir das atitudes dos pais. Ela tem percepções intuitivas, uma capacidade grande de leitura dos comportamentos, presente mesmo em uma situação de deficiência mental grave. Por isso, não adianta repetir a seu filho que acredita que ele tem condições de fazer algo se, na hora, você interfere para ajudar. Isso será prejudicial à auto-estima dele. Pais que ficam muito presos à deficiência não conseguem enxergar o filho como alguém cheio de potencialidades e podem limitá-lo mais.
Não dar limites Criança especial também deve tomar bronca se faz birra ou desobedece. Para manter essa linha de conduta, os pais têm de ficar firmes diante de reprovações alheias, que costumam chegar por olhares e até intervenções como "coitadinho, deixa". Se derem muito valor a elas, ficarão perdidos e a criança pode vir a usar essa fraqueza para conseguir o que quer.
Fazer tudo no lugar do filho Tornar a criança com deficiência independente na medida do possível é questão de sobrevivência. Não fazer as coisas por ela é o primeiro passo e exige paciência. Mostre como se faz até que ela consiga sozinha. Valorize cada conquista mesmo que pareça pequena. Elogios são um estímulo para que seu filho se desenvolva em outras habilidades.
"Trancar" a criança em casa Terapias de estimulação não funcionam se não houver contato social. Ele é fundamental no desenvolvimento porque, à medida que a criança se expõe, ela cria outras habilidades. O grande receio dos pais é que o filho se machuque, seja segregado ou ninguém saiba cuidar dele. Mas é justamente a ausência dos pais que estimula os outros a encontrar saídas para ajudar.
Infantilizar Mesmo que o filho cresça, é comum ser tratado sempre como criança, principalmente nos casos de síndrome de Down e de deficiência mental. O filho com 15 anos não deve, por exemplo, ganhar uma festa infantil e bonecas ou carrinhos para brincar. A criança especial tem potenciais que só aparecem diante de situações novas.
Cobrar de um filho que cuide do irmão especial Nem é preciso fazer isso porque, se os pais não estão por perto, geralmente o irmão cuida muito bem do outro. Se não faz, pode ser uma reação de ciúme ao perceber que os pais gastam muita energia e atenção com o irmão especial, sobrando pouco para ele. Aí, a cobrança dos pais só piora a situação.
Repreender a sexualidade Em geral, o deficiente possui sexualidade igual à de qualquer pessoa. Mas existem tabus de que sejam assexuados ou tenham a sexualidade exacerbada. Nesse último caso, trata-se de distúrbio de comportamento por falta de educação mesmo, alertam os especialistas. Para evitar, é preciso ensinar o filho que há lugar e hora para se masturbar, por exemplo. A sexualidade também vai ocupar o espaço que for possível na vida da criança se ela não tiver atividades como a escola, as artes e o esporte, que são excelentes formas de canalizar a energia sexual.
  Não incluir na escola regular Grande parte dos pais têm medo de que, nesse ambiente, o filho sofra preconceitos. Se a exposição da criança for feita de forma tranqüila e desde cedo, ela só tem a ganhar com isso. A escola é um espação de cidadania em que se aprende com a convivência, com os outros colegas. Eles servirão de modelo para a criança com deficiência e ela ensinará muito a todos os outros.

FONTE: http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,19125,EFC692819-2337,00.html

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Eleitores com deficiência física lutam por acesso aos locais de votação

De acordo com dados do TRE-AM, 4,2 mil eleitores do Estado declararam algum tipo de deficiência

domingo 16 de fevereiro de 2014 - 10:00 AM
Janderclei da Silva Vale, Rosana Silva, Jordana Saraiva e Lenice Assunção mostram como se diz 2014 na linguagem de libras Foto: Sandro Pereira
Manaus - O Amazonas possui 4.292 eleitores que se declararam com deficiência ou mobilidade reduzida. Eles enfrentam dificuldades na hora de escolher seus representantes e têm lutado junto à Justiça Eleitoral para que, a cada eleição, o acesso ao voto seja garantido.
Segundo levantamento do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), há cadastrados no tribunal 204 eleitores com deficiência auditiva, 922 votantes com deficiência visual, 1.026 que se declararam cadeirantes, além de 2.011 que informaram ter outro tipo de deficiência e 129 com dificuldade de locomoção. Segundo o TRE-AM, os dados podem sofrer alteração até a data do pleito.
Os números representam uma parcela dos 2,2 milhões do total de eleitores do Estado que, mesmo com todas as dificuldades impostas pelo processo eleitoral e pela falta de acessibilidade aos locais de votação, mantém o desejo de votar.
É o caso do cego nato, o servidor público Luiz Gonzaga, 48, que vota em todas as eleições auxiliado pela mulher e afirma que a Justiça Eleitoral precisa capacitar os mesários para lidar com as pessoas com deficiência. “Nós temos o direito de votar acompanhados por uma pessoa da nossa confiança que pode até digitar os números na urna para nós. Mas, na maioria das vezes, os mesários não têm conhecimento da legislação”, disse.
Ele disse que para driblar as dificuldades do deficiente visual na hora do voto, a Justiça Eleitoral poderia utilizar o mesmo sistema instalado em alguns caixas eletrônicos. “Poderia ter um fone de ouvido para ouvirmos um sinal sonoro ou até mesmo a voz do candidato para confirmarmos se é o ‘nosso’ candidato”, sugeriu.
O presidente da Associação dos Deficientes Visuais do Amazonas (Advam), Cristiano Rodrigues, afirmou que a Associação tem 2 mil filiados e que, às vésperas das eleições, o TRE-AM empresta ao menos uma urna para o ‘treinamento’ dos deficientes visuais. “Os cegos natos já são ‘craques’ em votar, os que têm mais dificuldade são os que perderam a visão recentemente”, disse.
As dificuldades também são enfrentadas por cadeirantes. Eles têm até o dia 7 de maio deste ano para solicitar a transferência do local de votação para locais que acreditam ser de fácil acesso. Segundo a assessoria de Comunicação do TRE-AM, cabe ao chefe do cartório eleitoral identificar os eleitores com deficiência e os indicar seções eleitorais de fácil acesso.
Além da dificuldade de locomoção, há os eleitores que têm dificuldade em se comunicar. É o caso das pessoas surdas, como o vice-presidente da Associação dos Surdos de Manaus (Asman), Janderclei da Silva Vale, 40. “Podemos perceber que há problemas de comunicação, que acontece por meio da escrita porque não há intérprete de Libras”, disse por meio da intérprete.
Ele afirmou que há mil associados em Manaus e que a principal dificuldade é quanto à comunicação. Para a secretária Lenice Assunção, 33, existe uma ‘barreira comunicacional’ entre ela e os mesários na hora do voto. “Sinto dificuldade de me comunicar com as pessoas que estão presentes (na seção). Precisamos de um intérprete de Libras nos locais de votação”, disse por meio da intérprete.
O TSE informou que tem trabalhado para aprimorar o acesso de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida ao processo eleitoral. Para isso, instituiu o Programa de Acessibilidade. Pelo programa, os TREs devem organizar um plano de ação destinado a garantir o total acesso de pessoas com deficiência aos locais de votação.
 É possível pedir para não votar
A legislação eleitoral estabelece que a pessoa com deficiência não está sujeita à sanção desde que informe à Justiça Eleitoral que não pode cumprir com as obrigações eleitorais.
O eleitor com deficiência física pode solicitar ao juiz eleitoral a expedição de uma certidão de quitação eleitoral, com prazo de validade indeterminado. A certidão é solicitada mediante a documentação que comprove a deficiência.
Segundo o Decreto 6.949/09, os eleitores com deficiência têm direito de participar efetivamente da vida política. Cabe à Justiça Eleitoral garantir esses direitos políticos e a oportunidade de exercê-los em condições de igualdade.
O Código Eleitoral dispõe que os Tribunal Regionais Eleitorais (TREs) devem, a cada eleição, expedir instruções aos juízes eleitorais, para orientá-los na escolha dos locais de votação de mais fácil acesso para o eleitor com deficiência física.
A Resolução 21.008/02 do TSE determinou a criação de seções eleitorais especiais destinadas a eleitores com deficiência. Estas seções devem ser instaladas em locais de fácil acesso, com estacionamento próximo e instalações, inclusive sanitárias, segundo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

FONTE: http://new.d24am.com/noticias/politica/eleitores-deficiencia-fisica-lutam-acesso-locais-votacao/106313

Obs.: Eu mesmo fui votar em minha cidade, Três Corações, e enfrentei um problema: minha seção tinha mudado para o Segundo Andar. Além de eu ter que votar no Centro da Cidade, coisa que tenho que pagar dois ônibus, sendo 1 pra ir outro pra voltar, gastando em média R$5,00 para isso. E quando cheguei la com minha mãe, quiseram subir em no colo, ou solicitaram chamar o Corpo de Bombeiros para que eu pudessse exercer meu DEVER! Além disso, vou ter que justificar meu voto, pois nao aceitei ser carregado no colo nem que os Bombeiros fossem até lá, tudo isso por culpa do próprio Órgão que nao presta atençao nas pessoas que votam em sua cidade! Pode uma coisa dessa?