sexta-feira, 26 de julho de 2013

MOVIMENTO TRÊS CORAÇÕES SEM DEGRAUS



            Como dito aqui no Blog tudo começou com o seguinte Post (http://mayconemerson.blogspot.com.br/2013/06/tres-coracoes-mg-cidade-sem-espaco-prova_2176.html) onde passei por uma experiência nada agradável. A partir daí resolvi colocar essa postagem “linkada” acima no Facebook e marquei algumas pessoas dentre essas, o Vereador Maurício Miguel Gadbem (http://drmauriciovereador.blogspot.com.br/2013/07/diario-de-um-vereador.html?spref=fb e http://www.mauriciogadbem.com/), que com muito prazer foi até minha casa me ouvir sobre o que eu achava da acessibilidade em Três Corações – MG e o que, em minha opinião poderia ser melhorado. Eu preparei um pequeno escrito para ele que ao ouvir a leitura pediu com para que eu pudesse ler em Plenário na Tribuna Livre daquela cidade.
            Passados umas duas semanas fui eu e uma tricordiana empresária da cidade, que também é cadeirante. Fizemos nossas reivindicações através de leituras de cartas, todos nos ouviram atentamente e a partir daí, resolvemos implantar discussões sobre políticas públicas em nossa cidade no que diz respeito à acessibilidade. Combinamos de todas as Quartas-Feiras às 19 horas na Câmara Municipal do Município tricordiano, fazermos reuniões a fim de discutirmos esse assunto.
            Já com o passar dos dias, esse pequeno grupo de pessoas que se reuniam uma vez por semana para discutir questões sobre acessibilidade, foi crescendo e tomando grandes proporções e hoje já é um Movimento Social chamado MOVIMENTO TRÊS CORAÇÕES SEM DEGRAUS. Hoje contamos com participações de várias Instituições da cidade que trabalham nessa causa:
AEE – Atendimento Educacional Especializado (SEDUC)
AmoTC – Movimento Popular de acompanhamento político
APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
Atria – Associação tricordiana de atenção aos autistas
ACITC – Associação Comercial e Industrial de Três Corações
AST – Associação dos Skatistas Tricordianos
CAP – Centro de Apoio Pedagógico à Pessoa com Deficiência (SEDUC/Estado)
CVT - Centro Vocacional e Tecnológico
COMPED – Conselho Municipal da Pesssoa com Deficiência
FHEMIG – Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (reabilitação)
NAE – Núcleo de Atendimento Especializado (SEDUC)
Sedeso – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social
Secretaria Municipal de Saúde
Setor de Fiscalização de Obras do Município

            No mês que se segue (Agosto) faremos uma passeata “Três Corações Sem Degraus”, que é uma das manifestações desse Movimento.
            Nossos objetivos não são políticos e nossas reuniões são todas ABERTAS, então se você é de Três Corações, ou cidades vizinhas e se interessa pela causa, venha participar de nossas reuniões e vamos tornar não só a cidade dos 3 corações mas também todo Brasil num país acessível, uma sociedade, livre, justa e solidária como diz a nossas Leis das Leis.
OBS: lembrando que hoje o Movimento Três Corações Sem Degraus é a maior EXPRESSÃO da Democracia Participativa da cidade! Vários outros municípios estão nos divulgando entre os quais o Jornal Arte3 – Notícias, da cidade de Caxambu (http://jornalarte3.blogspot.com.br/2013/07/acessibilidade.html)

segunda-feira, 1 de julho de 2013

TRÊS CORAÇÕES – UMA CIDADE DEFICIENTE



No dia 8 de outubro de 2011 criei um blog chamado Vida de Cadeirante (link: http://mayconemerson.blogspot.com.br/), até então com o objetivo de passar o tempo e não ficar sem nada pra fazer. Na primeira postagem, me lembro de que fiz uma breve apresentação dos objetivos do blog e compartilhei na principal rede social da época, o Orkut. Logo em seguida, fui colocando postagens após postagens e compartilhando tudo pelo Orkut e também pelo MSN. Algumas pessoas leram, gostaram, elogiaram e assim fui criando coragem de todos os dias dar uma passada pelo blog e postar alguma novidade por lá.
            Já em 2012, com a chegada bombástica da nova rede social Facebook tive a necessidade de aprender a fuçar nessa que até então era uma novidade em minha vida. Quando finalmente aprendi a compartilhar links pelo Face coloquei uma postagem do blog por lá e depois de uns 20 minutos ou um pouco mais fui olhar no site do blog quantas visualizações tinha até o momento. Que susto que levei viu. Não me lembro da quantidade certa, mas lembro que logo no primeiro compartilhamento de link do blog que postei na nova rede social 86 pessoas tinham lido o que eu havia acabado de postar, número que não tinha alcançado em um dia pelo Orkut.
            A cada dia que passava esse blog chamado Vida de Cadeirante não era mais um blog qualquer, mas PRINCIPALMENTE um instrumento de grito à sociedade voltada a nós deficientes. Hoje exatamente às 9 horas e 40 minutos do dia 24 de junho de 2013 tem o número exato de 14.451 visualizações, fato que comprova que o Vida de Cadeirante foi muito além de suas expectativas iniciais e hoje é como dito antes, um grito para toda sociedade de que nós deficientes queremos mudança imediata em nossas vidas, principalmente no que toca a nossa qualidade de vida, nossa socialização, saúde, educação, entre outras coisas.
            Nossa amada cidade de Três Corações carece e muito das questões de acessibilidade conforme dito na carta anterior. Em 2007 a cidade participou pela primeira vez do Teleton, programa anual do SBT, no quadro cidade solidária que logo de cara conseguiu a quantia de R$ 10.000,00. Muito bom isso não? Mas tem um fato que me preocupa e muito. O que adianta nossa cidade participar do Teleton todos os anos fazendo sua doação e não ser um exemplo de acessibilidade nem para seus cidadãos deficientes? Às vezes fico pensando: se a organização do programa Teleton visitasse todas as cidades que participam do programa com suas doações, o que eles diriam de Três Corações? Não estou dizendo que a cidade deva parar de participar e fazer suas doações ao programa, não é isso! O que estou querendo dizer é que nossa cidade precisa urgentemente ser um exemplo de acessibilidade, já que diz estar tão comprometida com a questão.
            No nosso dia a dia enfrentamos muitos obstáculos, mas se for pra enumerar o principal obstáculo de hoje, diria que não temos um transporte acessível e de qualidade para nos levar nem mesmo para cuidar de nossa saúde. Mas daí vem àquela pergunta que deve estar salivando na boca de todos vocês: e os ônibus da TRECTUR, vocês não pagam certo? Sim não pagamos, mas a maioria das pessoas portadoras de algum tipo de deficiência assim como eu, precisam de acompanhantes e tem outro fator mais agravante nisso: estou dizendo sobre minha situação, quando vou para um ponto de ônibus tenho que enfrentar um morro grandiosíssimo para chegar até lá. Isso sendo empurrado pela minha mãe, na maioria das vezes, que pela falta de competência de nossa cidade durante 21 anos, que é a minha idade, teve que me carregar no colo, depois na cadeira de rodas, e hoje sofre de hérnia de disco na coluna. Aliás, sem ter nem um médico especialista na cidade para cuidar dela. Olha onde nossa cidade chegou: além de não ter um transporte adaptado, ainda deixa com hérnia de disco uma pessoa que poderia muito bem contribuir com a sociedade, mas pela falta de competência e consideração de nossa Administração não pode fazer, pois sempre precisou dar total atenção ao filho.
Na cidade de São Paulo existe um programa que se chama “Serviço de Atendimento Especial (mais conhecido como ATENDE)”. Esse serviço foi criado pelo decreto municipal 36.071, de 9 de maio de 1996, é uma modalidade de transporte porta a porta, gratuito, com regulamento próprio, oferecido pela Prefeitura do Município de São Paulo, destinado às pessoas portadoras de deficiência física com alto grau de severidade e dependência, impossibilitadas de utilizar outros meios de transporte público. O gerenciamento é feito pela SPTrans e sua operação compete às empresas de transporte coletivo do município de São Paulo.
Este serviço destina-se prioritariamente a reabilitação, tratamento de saúde, educação e, caso haja oferta de veículos, trabalho, esporte, lazer, cultura e outras atividades da vida diária. As pessoas transportadas são devidamente cadastradas e agendam sua programação de viagens sempre vinte dias antes do início de cada mês.
            Como muitas pessoas, faço tratamento no Centro de Reabilitação Física da Colônia Santa Fé. Meus gastos semanais com transporte para fazer tal tratamento são bastante consideráveis, tendo em vista minha condição financeira e o preço de ônibus, pois necessito que minha mãe vá comigo. Eu vejo por lá também, que eles possuem uma Kombi que busca em casa as pessoas, mas olha que interessante: os pacientes têm que pagar por esse serviço. E mais: essa Kombi não é adaptada, fazendo com que o motorista precise transportar no colo o paciente para colocar na Kombi e depois na cadeira de rodas. Estranho né? Você ser transportado em um automóvel que não te oferece estrutura nenhuma, precisar que o motorista (que com o tempo passará a ter problemas na coluna, correndo o risco de se tornar inválido), o pegue no colo, e ainda ter que pagar por este serviço.
Está certo isso?
            Vamos lá Três Corações, adquirir veículos adaptados para nos transportar gratuitamente, para que possamos gozar dos direitos mais básicos do qualquer cidadão, quais sejam: saúde, educação, trabalho, esporte, lazer, cultura, etc.
            SURDA É A CIDADE QUE NÃO OUVE SEUS CIDADÃOS
            MUDA É A CIDADE QUE NÃO SE PRONUNCIA SOBRE AS QUESTÕES DA ACESSIBILIDADE
            CEGA É A CIDADE QUE NÃO VÊ O SOFRIMENTO DE SUA POPULAÇÃO
            E POR FIM, PARALÍTICA É A CIDADE QUE NÃO CAMINHA NA QUALIDADE DE VIDA DE SEU POVO.

TRÊS CORAÇÕES: LEVANTA-TE E ANDA!

O VERDADEIRO DISCURSO



Prezados vereadores,
Para começar, gostaria de agradecer a oportunidade de falar para vocês, vereadores tricordianos, no interesse de melhorar as condições de humanidade do nosso município. Agradeço particularmente ao Dr. Maurício, que, ao acessar meu blog, se interessou pela causa da acessibilidade e foi até a minha casa para conversar sobre as questões que eu levantei e para dar a elas consequência, com a colaboração dos demais vereadores.
No ano passado, com a promulgação da Lei Municipal de Acessibilidade no último mês do ano, Três Corações assumiu, finalmente, um compromisso com as diferenças, com os tricordianos portadores de necessidades especiais, como eu. Compromisso legalizado, é hora de começar a fazê-lo valer, pois as dificuldades dos portadores de necessidades especiais são cotidianas, mudam  dia a dia assim como a cidade. Há um mundo de adaptações por fazer e, para realizá-lo, é urgente a Câmara fundar uma frente de trabalho para fiscalizar a Prefeitura no cumprimento da Lei de Acessibilidade e para que ela seja aprimorada.

Já temos bons exemplos de acessibilidade na cidade, como a reforma da região do Calçadão 18, adaptado inclusive para pessoas com deficiência visual. Na cidade como um todo, porém, pouquíssimas calçadas têm acesso para cadeirantes e o estado de manutenção delas é deplorável. Para cada dez recapeamentos asfálticos, nenhuma manutenção em calçadas é feita. Quando há rampas, algumas delas são muito íngremes, o que faz com que o cadeirante precise de alguém para ajudá-lo como se estivesse diante de um degrau. Orelhões mais baixos se contam com os dedos das mãos.  Não há acesso adaptado ao cinema, ao estádio de futebol e, no Ginásio Pelezão, a rampa é íngreme e começa com um degrau. Poucas escolas estão adaptadas e, como estão construindo creches na cidade, eu desejo que os projetos tenham preocupações com acessibilidade. E que os colaboradores sejam preparados para tratar com portadores de necessidades especiais.
Os degraus, nosso vilão mais costumás, estão na porta de quase todos os comércios, além dos consultórios de médicos e de dentistas. E também diante das casas do Poder Público: Fórum, Inss, Polícia Civil, Prefeitura e outros órgãos colocam dificuldades para nós, portadores de necessidades especiais. Ambulâncias adaptadas também faltam, quando necessitei utilizar uma me vi obrigado a viajar no colo. Por aqui, não há balanças para pesar cadeirantes.
Compreendo que a Lei Municipal de Acessibilidade é nova e leva tempo para colocar tudo nos eixos. Mas temo que pensar assim possa levar vocês, vereadores, a sentirem-se em paz com os problemas de quem tem necessidades especiais. Há muito por fazer e é urgente, precisamos da atenção de vocês, governantes.
Em Três Corações a questão do trabalho para nós é muito delicada. Eu já tentei fazer cursos no SINE e não consegui por falta de ter como acessar a sala de aula. Caso tivesse conseguido a capacitação, eu teria problemas para conseguir o emprego, porque não há vans e ônibus adaptados a serviço de transportar os trabalhadores em nossa cidade. Isso faz com que as empresas prefiram trabalhar com surdos-mudos, pois eles não exigem adaptação física dos espaços. Tenho 21 anos e estou preparado para me profissionalizar e contribuir para a sociedade com a minha força e os meus sonhos. Há muita gente em condições parecidas. Espero que a minha (visita ou carta) tenha contribuído para abrir os olhos, mas mais que isso, para abrir os corações de vocês, governantes, para a urgência de ações que nos ajudem a nós, os portadores de necessidades especiais, a participar do crescimento humano e econômico da nossa cidade.

  

Um bom exemplo de acessibilidade no comércio é a loja TNT (que fica em cima do banco Bradesco), que possui sim escadas, porém, tem um elevador para pessoas portadoras de necessidades especiais.