sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sexo sobre rodas!

Sexo Sobre Rodas: Deficiente Tem Que Reaprender a Seduzir - Diz Psicólogo

SEXO SOBRE RODAS

Fabiano Puhlmann defende que portadores de deficiência rompam preconceitos para melhorar a vida sexual

Deficiente tem que reaprender a seduzir, diz psicólogo

Um simples mergulho numa piscina e a vida de Fabiano Puhlmann, 40, mudou completamente. Quando tinha 18 anos, o psicólogo quebrou o pescoço, o que o tornou paraplégico. A sua experiência serviu-lhe de estímulo para ajudar outras pessoas deficientes a encarar sua condição e a não se intimidar com ela. Até mesmo quando o assunto é sexo.

Puhlmann, que é autor do livro "A Revolução Sexual sobre Rodas" (Ed. Nome da Rosa), conta ser freqüente as pessoas verem um deficiente com uma mulher bonita e logo pensarem: "Ou é compaixão ou ele é rico. Não se imagina que eles [os deficientes] tenham uma vida sexual legal".

Membro da Sociedade Brasileira de Sexologia Humana, Puhlmann diz, com jeito alegre e sorriso tranqüilo, que o deficiente físico precisa romper, antes de tudo, com o próprio preconceito e redescobrir que é capaz de seduzir.

"Se o deficiente acha que não tem nenhum poder de sedução ou que a cadeira de rodas é um peso enorme, as pessoas sempre vão vê-lo no papel de amigo. Aí fica difícil para a pessoa que não tem deficiência se envolver."

Trechos da entrevista concedida pelo psicólogo à Folha:

Folha - No filme "Carne Trêmula" (1997), do diretor Pedro Almodóvar, um personagem, que é cadeirante (anda de cadeira de rodas), é traído pela mulher com um homem "normal". É essa a imagem que as pessoas têm, em geral, dos portadores de deficiência? Fabiano Puhlmann - Quando você fica deficiente é [essa imagem]. Eu sou deficiente há mais de 20 anos. Como eu já fui andante, sei bem o que o "normal" pensa. O deficiente é olhado de maneira diferente, como alguém que precisa de cuidados. Um homem doente com uma mulher bonita. "O que ela está fazendo com ele?". As pessoas pensam: "Ou é compaixão ou ele é rico". Não se imagina que eles tenham uma vida sexual legal. Hoje, 15% da população tem algum tipo de deficiência [motora, sensorial ou mental].

Folha - Qual é a auto-imagem de uma pessoa deficiente? Puhlmann - Quando alguém adquire uma deficiência, está com o imaginário de uma pessoa que não é deficiente. A pessoa não se acha deficiente, acha que aquilo vai passar. A pessoa mesmo tem preconceito. Quando se rompe essa barreira, se consegue ensinar o outro. Ensinar a si próprio primeiro e depois ensinar o outro. Mas, logo num primeiro momento, essa relação é carregada de preconceito. A sociedade trouxe isso para ela.

Folha - Como o deficiente lida com isso? Puhlmann - O deficiente aprende em todas as situações que vive que ele tem de ensinar [aos outros]. À medida que ele conversa, as pessoas vão percebendo que não há nada de mais, que podem falar com ele, podem até brincar com o fato da deficiência, se a pessoa dá esse espaço. A dificuldade está em entender que isso pode acontecer com qualquer pessoa. Sempre fica a pergunta: como foi lhe acontecer isso? Uma cliente minha, deficiente desde pequena, estava grávida. Ela pegou um táxi e o taxista disse para ela: Quem foi que lhe fez isso? Como se ela tivesse sido estuprada e não tivesse escolhido a gravidez como todo mundo. Como se a mulher deficiente não tivesse sexualidade e não fosse fértil.

Folha - E para quem já nasce com uma deficiência? Puhlmann - Quem cresce com deficiência, às vezes, nem se vê como portador de deficiência, não enxerga o preconceito. A pessoa cresceu com aquele mimo, aquela superproteção, é ingênua, não tem malícia e acaba até tendo dificuldades na área da sexualidade.

Folha - Como fazer "renascer" essa sexualidade? Puhlmann - Um dos aspectos mais importantes da sexualidade é a sedução. Como se seduz alguém? É como um felino com sua caça, focaliza-se o outro sabendo das fragilidades e potencialidades. Quando se seduz, o que se deseja é uma troca afetiva, mas você precisa saber quais são as suas forças. Se alguém acha que não tem força nenhuma, nenhum poder de sedução porque é deficiente, se a cadeira de rodas é um peso enorme, o outro sempre vai vê-lo no papel de amigo. É difícil para a pessoa que não tem deficiência se envolver, é um horizonte novo. Ela tem ansiedades, medo, resistências. Se o deficiente sabe disso, ele consegue facilitar para o outro. Se ele consegue se relacionar no meio social, se sai, se tem amigos, a chance de ele conseguir ter uma parceria é muito grande.

Folha - Quais são os caminhos para redescobrir o corpo? Puhlmann - Pensando em uma pessoa que ficou deficiente, é preciso redescobrir o corpo como um todo. Há várias formas. A principal é se tocar de novo, ver as áreas sensíveis, erógenas. Explorar a sensibilidade como um todo. Imagine uma pessoa que sentia seu corpo inteiro e de repente pára de sentir. Também é preciso usar recursos para flexibilizar os valores porque é preciso inverter o jeito que se via as coisas. Se o deficiente é muito "quadrado", é preciso torná-lo mais maleável, por exemplo, com cursos de dança inclusiva, nos quais as pessoas são tocadas, desenvolvem a sensibilidade, ou com a ida a sex shops. O deficiente vai a uma loja dessas e vê o que as pessoas compram, como brinquedos de masturbação, camisinhas com extensão de pênis. Isso faz com que ele comece a ver o sexo de forma mais solta, com mais humor.

Folha - Quais são as causas dos problemas sexuais, tanto dos homens como das mulheres? Puhlmann - Pode-se dizer que, em 80% dos casos, temos um misto de causas biopsicossociais. Para quase todas as causas físicas, hoje existe tratamento. Nos homens, o maior problema é a cabeça. Para as mulheres que tiveram lesão na medula, a vida sexual é normal, o que falta é mais informação sobre contracepção. As reclamações em relação aos homens são iguaizinhas às de uma mulher normal. É impressionante como essas pessoas têm conseguido viver. O que sobrava antes para elas? O prostíbulo, para os homens. Para as mulheres, nem isso.

Folha - Existem centros especializados para atender essa demanda? Puhlmann - A AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) faz isso. Há também os centros de reabilitação do Hospital das Clínicas, do Hospital São Paulo, e as clínicas particulares. Eu gosto da idéia de que qualquer ginecologista e urologista possa atender essas pessoas, mas esses especialistas têm que garantir o acesso a essas pessoas -por exemplo, um médico que ofereça o seu cartão em braile.

Fabiano Puhlmann, é autor do livro "A Revolução Sexual sobre Rodas" e membro da Sociedade Brasileira de Sexologia Humana

(da Folha de S. Paulo - 31/10/2004)


domingo, 16 de outubro de 2011

Superando os desafios impostos a deficientes físicos

Nota do Editor: para o artigo de hoje, convidei o Luis Ricardo para escrever sobre o dia-a-dia de um portador de deficiência física, as dificuldades enfrentadas e as soluções encontradas para superá-las. Para quem não conhece, Ricardo, que é deficiente físico há 5 anos, tem 34 anos e mora em Niterói, é editor do Blog do The Best e do Blog do Deficiente Físico. Se você gosta de escrever e quiser colaborar com a Revista Entremundos, veja aqui como isso é possível.

O problema

Há cinco anos, comecei a perceber uma dificuldade para correr ou andar rápido, onde a minha perna direita não acompanhava a velocidade da esquerda e me causava um certo desequilíbrio. Para isso procurei um clínico geral e meu diagnóstico após alguns exames foi de estresse, sendo aconselhado uma diminuição na carga de trabalho, descanso e vitaminas. Contudo meu quadro não melhorou e resolvi procurar um neurologista, pois estava com algumas tremedeiras espontâneas na perna. Chegando ao médico, ele me avaliou e constatou hiperreflexia, indicando que fizesse uma ressonância de emergência. No mesmo dia consegui fazer a ressonância e a mesma, a princípio, não havia acusado nada de anormal, segundo o médico que a executou, sendo assim o neuro disse a seguinte frase: “Se não tiver nada na ressonância iremos investigar doenças degenerativas.”
Bem, como não havia acusado nada no exame, fiquei com a frase na cabeça e resolvi pesquisar na internet sobre hiperreflexia. Acabei encontrando algumas respostas no Google e cliquei no primeiro link, para saber o que me esperava. Essa é uma prática que não indico a ninguém, principalmente se você estiver desesperado. Nesse link que cliquei falava sobre uma doença degenerativa chamada Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) que acomete os músculos do corpo e vai fazendo com que eles parem de responder aos estímulos nervosos, ou seja parem de funcionar. A perspectiva de vida para um paciente com a doença era de até 1 ano, sendo a metade pelo menos com problemas graves.
Com isso, resolvi ver o segundo, o terceiro e o sexto link da primeira página de pesquisa e só encontrava essa doença. Pronto! Achei o que não queria e acabei por me desesperar mais ainda. Fui buscar outro médico, mas dessa vez um neuro-cirurgião, conhecido de uma amiga. Chegando ao médico, ele olhou meu exame e me disse que não tinha nada na minha coluna que justificasse, porém ele não poderia me ajudar. Ele me disse uma frase que me marcou nessa época: “Ou você é bom neurologista clínico, ou você é bom neuro-cirurgião. Ser bom nos dois, não é viável.” E me indicou que procurasse um médico renomado para avaliar o meu caso.
Procurei os médicos que ele indicou e somente um teria data para uma consulta de primeira vez na agenda dentro dos próximos 15 dias (mesmo sendo indicado por ele) e foi com esse que marquei. Ele não aceitava nenhum plano de saúde e cada consulta com ele custava “apenas” R$ 500,00. Avaliando os exames que tinha nas mãos, ele constatou que tinha um problema nas minhas artérias vertebrais e que elas poderiam estar pressionando o bulbo, porém mandou realizar mais exames (inclusive o que constata a ELA). Voltei com os resultados e não foi constatado nenhuma alteração significativa, ou seja eu não tinha ELA, e o médico me disse que seria necessária uma cirurgia para reposicionar as minhas artérias vertebrais, que segundo ele era simples.
Isso me deixou mais tranquilo, mesmo com o meu medo de cirurgias. Marquei o neurocirurgião, aquele mesmo que citei lá em cima, e ao chegar na consulta me deparei com uma notícia desagradável. A cirurgia que era simples passou a ser muito complexa e arriscada, pois estaria mexendo com a circulação do cérebro e nada impedia de arrebentar algum vaso, com isso poderia ter problemas e/ou sequelas futuros, com um risco de morte na mesa de cirurgia muito alto.
O médico foi bem claro e disse que só operaria com a certeza da necessidade e se sentisse segurança para fazê-la, mas que ele acreditava que o diagnóstico não fosse esse. Com isso, ele me perguntou se queria fazer mais alguns exames, e eu disse que sim. Ele pediu alguns exames evasivos, incluindo um cateter e um exame de liquor. Com os resultados em mãos, ele leu e me mandou levar de volta ao outro neuro para verificar se realmente necessitava da cirurgia, mas não me disse mais nada.
Vou resumir um pouco a historia para não me alongar muito mais. O médico ficou vermelho e me disse que não seria mais necessária a cirurgia e que eu tinha uma inflamação na medula, porém ele não poderia seguir com o tratamento e que eu deveria buscar um centro de pesquisa e referência (Hospital Universitário ou a Fiocruz). Comecei o meu tratamento no Hospital Universitário do Fundão, onde fui muito bem acolhido pela equipe de Neurologia da Dra Rosalie, e fui internado para começar o uso das medicações. Nessa época já estava há 3 meses na cadeira de rodas e sem nenhuma perspectiva de retornar a andar, mas depois de 1 mês e meio de tratamento e fisioterapia, já estava andando com auxilio de uma muleta.
Agora faço o tratamento regularmente e o meu problema está estabilizado, porém preciso ficar atento as modificações e aos medicamentos para que ele não retorne mais forte que da primeira vez.

O Blogueiro

Depois de ter passado por esse problemas todos e essa pressão, era compreensível que tivesse um estado de depressão, até porque o futuro ainda me era incerto e não sabia que voltaria a andar. Comecei então a fazer um tratamento psicológico, na ABBR, onde a psicóloga me indicou que fizesse alguma atividade que gostasse e me ocupasse a mente. Com isso, surgiu a ideia de fazer um blog de notícias em geral, porém voltado mais a tecnologia. No início, o Blog do The Best apenas trazia notícias de outros portais com alguns comentários e opiniões e era hospedado no blogspot, com um template padrão e recursos básicos.
Só que o meu interesse pelo assunto foi crescendo e a percepção de que um blog mais “profissional” poderia me ajudar um pouco mais, resolvi investir em um domínio próprio para alocar no blogger. Bem, essa ideia não deu certo, mas … Eis que me surge a brilhante idéia de usar o WordPress e usar uma hospedagem própria. Porém seria necessário colocar todo o meu conhecimento de publicidade online, que havia sido adquirido nas minhas leituras.
Aprendi a “programar em WordPress” e montei alguns temas para os meus blogs e para blogs de outras pessoas (como o Bichinhos de Jardim). O que no início era um tratamento terapêutico se tornou uma forma de “investimento”, porém não perdeu a sua função inicial e continuou me ajudando na parte psicológica, onde eu descobri que podia fazer diversas coisas e que não era um coitadinho.

Acessibilidade e legislação

Como deficiente posso dizer que a acessibilidade no Brasil é um artigo de luxo e que ainda estamos engatinhando. Mesmo com um sistema avançado de leis, que não são cumpridas na plenitude, não é possível incluir os deficientes no mercado de trabalho e na vida social pública, pois faltam transportes adequados, pavimentação acessível (ruas, calçadas e fachadas), conscientização/educação da população e um trabalho psicológico com os deficientes.
Posso dizer que o transporte público, além de não atender a população em geral e forma correta, deixa por muitas vezes os deficientes (principalemente os cadeirantes) literalmente na mão. Os ônibus adaptados são poucos e com horários irregulares, as estações de metrô nem sempre tem acessibilidade e as de trem não tem nenhuma acessibilidade (sendo quase todas com escadas enormes no Rio de Janeiro). As empresas que deveriam cumprir as metas de contratação de deficientes se escondem atrás da falta de capacitação dos mesmos ou da falta de deficientes para compor o quadro da empresa. O governo por sua vez não fiscaliza de forma eficaz a lei que determina a contratação obrigatória de deficientes.
As ruas são cada vez mais acessíveis, porém tem rampas com algum tipo de degrau, obstruídas ou com um ralo no final da descida. Além disso, em alguns dos monumentos ou passeios turísticos mais importantes das cidades são inacessíveis a deficientes. O acesso a prédios do governo, muitas vezes são inacessíveis para deficientes e quando apresentam a acessibilidade, não prestam o serviço preferencial. Por falar em preferencial, as vagas de estacionamento destinados aos deficientes não são respeitadas, por muitas vezes o cidadão mal educado ainda sai achando que levou vantagem. O pensamento da maioria dos infratores é de que a vaga está ali desocupada e sem utilidade ou que ele só vai demorar um pouquinho então pode usar a vaga.
Já com as filas preferenciais é um absurdo o que é feito em bancos, onde se coloca um caixa apenas para atender os idosos e deficientes, sabendo que eles sempre são os que mais demoram. Tudo bem que tem algumas empresas que se aproveitam do benefício dos idosos e acabam contratando-os para trabalhar.
Nota do editor: vejo dois pontos muito importantes no relato do Luis Ricardo. O primeiro são os enormes avanços que ainda são precisos para atender as necessidades especiais de deficientes físicos. Pense, por exemplo, no seu local de trabalho. O edifício possui rampas e outras facilidades para cadeirantes, por exemplo? Muito provavelmente, não. E as ruas da sua cidade? Muitas delas não são apropriadas nem para quem não é portador de deficiência física. Mas para contrabalançar isso, há o segundo ponto importante do seu relato: apesar das muitas dificuldades, deficientes físicos não devem ser vistos, e nem se ver, como coitadinhos. A superação dos seus limites é possível. No caso do Ricardo, conseguiu esta superação através do seu blog, ocupando a mente e o tempo sendo produtivo. E é isso que é essencial para todos que se vêem nesta situação: encontrar uma atividade que os faça perceber que ainda podem ser tão, ou mais, produtivos do que qualquer outra pessoa. Ficam aqui os meus parabéns ao Ricardo pela sua trajetória e pelo seu relato que, espero, ajudará outras portadores de necessidades especiais a encontrar motivação para superarem os seus desafios.

fonte:http://entremundos.com.br/revista/deficiente-fisico/

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

COMUNIDADE DOS DEFICIENTES VISUAIS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS E O SETOR BRAILLE DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DE SC

COMUNIDADE DOS DEFICIENTES VISUAIS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS E O SETOR BRAILLE DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DE SC

Alzemi Machado

Maria Lourdes Blatt Ohira

Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo conhecer o deficiente visual da região da grande Florianópolis, caracterizando-o e identificando-o do ponto de vista sócio-econômico e de suas demandas e expectativas em relação à biblioteca e aos serviços oferecidos pelo setor Braille da Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina.

INTRODUÇÃO

Feche os olhos. Agora caminhe em torno de sua casa... Vá para as ruas.. para o trabalho... Aproxime-se das pessoas para conversar, entre numa loja, num escritório... Vá a banca de revistas... Você deve ter percebido que algo mudou.

Ao nos defrontarmos no dia a dia com deficientes visuais, temos a sensação de pena, de querer fazer as coisas para eles. Podemos até pensar que esses cidadãos são pessoas incapazes. No entanto, o deficiente visual é um ser capaz, dotado de capacidade intelectual e racional, de senso crítico, igual a qualquer pessoa. Contudo existem barreiras, preconceitos e desinformações que o impedem de uma efetiva socialização e reintegração na sociedade.

Pensando nesse segmento da população, apresentamos este estudo que tem como objetivo saber quem é o deficiente visual da região da Grande Florianópolis, como ele se posiciona na sociedade, seu nível de escolaridade, como também, verificar como utiliza os serviços e recursos oferecidos pelo setor Braille da Biblioteca Pública do Estado e, se este setor supre as suas necessidades e expectativas em relação à informação.

O presente projeto de pesquisa foi elaborado como requisito final da disciplina "Estudo de Comunidade" ministrada no curso de graduação em Biblioteconomia da Universidade do Estado de Santa Catarina.

REVISÃO DE LITERATURA

No Brasil são poucas as pesquisas efetuadas a respeito da comunidade de deficientes visuais. O deficiente visual não pode ser considerado como ser incapaz, ele é apenas portador de uma deficiência, possuindo a mesma capacidade para participar do desenvolvimento sócio-econômico e cultural, do seu país.

Rabelo (1989), observa que "durante vários anos os deficientes físicos e mentais não eram considerados cidadãos, não tinham acesso à educação e ao trabalho e, portanto, não possuíam direitos políticos e sociais." Percebe-se pela afirmação do autor que os deficientes ao longo dos anos, foram vítimas, por parte da sociedade, de ações marginalizadas, excluindo-os de uma integração cultural, social e econômica.

A partir da promulgação da Constituição Brasileira em 1988, foi assegurado a todos os deficientes igualdade de direitos no trabalho, proteção e integração social, educação especial, entre outros. Isto nos autoriza a dizer que os deficientes ocuparam um espaço político na sociedade, conquistando o direito legítimo de cidadãos, pelo menos dentro do campo jurídico.
Veiga (1983) salienta que: "O Brasil pode orgulhar-se de ter sido o primeiro país da América a ter a educação dos cegos decretada pelo governo. No plano de concessões de direito, a legislação brasileira é satisfatória. No nível de regulamentação as lacunas são numerosas."

Concordando com o autor, observa-se uma distância muito grande entre a realidade vivenciada pelo deficiente visual, à medida que:
"No Brasil de hoje, a educação especial em suas linhas gerais, visa os mesmos objetivos da educação geral, ou seja, visa usufruir e formar o deficiente de forma integrada, desde o jardim de infância até a universidade, proporcionando condições que favoreçam a integração do deficiente visual na sociedade, onde irá conviver e trabalhar. Para que esta educação possa ocorrer, alguns requisitos são necessários: um professor habilitado, conteúdos curriculares adequados, metodologia e/ou técnicas metodológicas específicas e materiais ou equipamentos apropriados de ensino" (Rabelo apud Gouvea, 1986).
A prática nos mostra que, a realidade nem sempre atende os requisitos
previstos na lei. O estudo de Ventura (1993) vem comprovar nossa colocação.
"Em 1970, foi matriculada na Escola Básica Barreiros Filho, em Floria-
nópolis, a primeira aluna cega na rede regular de ensino. Houve muita resistência da direção, do corpo docente e discente. Não bastassem estes transtornos às primeiras salas de recursos implantadas foram destinadas as piores dependências da escola, como sótão, junto a banheiros e aqueles espaços que todos rejeitavam, com instalações precárias e inadequadas, despreparo de professores e a falta de material didático-pedagógico".
Veiga (1983) acrescenta que "em todos os níveis de ensino o deficiente se depara com um problema básico: a existência de material não compatível com sua limitação". A aplicação de determinadas ações educativas, envolve os aspectos sociais, psicológicos, políticos e profissionais, cuja soma vai dar a cidadania aos indivíduos.

A partir dessa afirmação, pergunta-se: será que a sociedade de maneira global (Estado, instituições, empresas, comunidade, família, bibliotecas etc) estão permitindo que os deficientes visuais tenham acesso à educação, cultura, profissão e lazer?

Segundo dados fornecidos pela Associação Catarinense para Integração dos Cegos/ACIC, existem em Florianópolis três salas de recursos aclopadas às escolas básicas, que prestam atendimento educacional especializado ao deficiente visual. Apesar de alguns esforços, percebe-se que o Estado não oferece as condições mínimas (equipamentos, material didático, etc), restringindo o acesso ao conhecimento e ao saber, impedindo-o de uma integração cultural, econômica e social.

Esse problema torna-se maior na educação de nível superior, onde o acesso dos deficientes visuais às profissões liberais é limitado entre outros fatores, pela falta de material didático e a quase total ausência de apoio institucional ao universitário. Algumas universidades já demonstram a preocupação com o universitário deficiente visual, através da implantação de programas específicos.

A Universidade Federal da Paraíba, em recente evento da área de Automação de Bibliotecas, apresentou um projeto que tem como objetivo a automação do setor Braille da Biblioteca Central daquela universidade, com a operacionalização de videotexto e áudio vídeo texto direcionados para a educação, a cultura, a informação e o lazer. (Pereira, 1994). Encontramos nessa Biblioteca, o projeto "Texto Falado" que pretende dinamizar o desempenho operacional do setor Braille, a fim de oferecer um serviço centralizado e eficaz de informações no que se refere a textos gravados em fitas cassetes, atendendo, desta forma, a clientela cega universitária e os interesses das pessoas portadoras de deficiência na tentativa de diminuir a limitação do acervo cultural das bibliotecas em Braille. (Silva, 1991)

Em decorrência das dificuldades encontradas pelos deficientes visuais em adquirir livros didáticos, literários e outros materiais tão necessários para suprir as suas necessidades de informação, educação escolar, recreação, surge a Biblioteca, que através do setor Braille tem a função de fornecer serviços e recursos informacionais a este segmento da população.
"as bibliotecas constituem-se os meios mais eficientes para reintegração do cego à vida ativa, e a realização de um trabalho útil dentro de suas possibilidades intelectuais e psíquicas. ... as bibliotecas para cegos apresentam características peculiares quanto a objetivos acervo, serviço e pessoal" (Jaeger, 1985).
"A Biblioteca Braille, como qualquer outro tipo de biblioteca, deve ser um centro de informação e lazer que visa atender as necessidades informacionais da comunidade, neste caso específico, a comunidade deficiente visual. Devido ao seu tipo de usuário, a biblioteca deve atuar para a integração do deficiente na comunidade em que vive e oferecer oportunidade de desenvolvimento intelectual e social" (Nagahama, 1986).
Percebemos .através dos conceitos, que a biblioteca Braille assume importância fundamental na vida escolar e mesmo social, do deficiente visual, oferecendo através dos diversos serviços, condições para o desenvolvimento e aprimoramento cultural. A biblioteca Braille deve possuir um acervo de materiais especiais que proporcione ao deficiente momentos de lazer e de instrução, como jogos, máquinas de datilografia especiais com adaptação para o Braille, aparelhos para o uso de deficientes visuais (calculadoras e computadores que reproduzem a fala humana). Para isto, deverá acompanhar o desenvolvimento da ciência e da tecnologia nessa área.

Algumas iniciativas já demonstraram as tentativas de aprimorar os serviços prestados aos usuários deficientes visuais, destacando-se o convênio formalizado em 1992 entre a Universidade de São Paulo e a Prefeitura do Município de São Paulo, através da Biblioteca Braille, que instituiu o Programa Disque Braille que tem como objetivo formar um catálogo coletivo de obras aos portadores de deficiência visual da grande São Paulo, pretendendo-se uma expansão a outras regiões do Estado. O programa se propõe a atender consultas por telefone, correspondência ou pessoalmente para localização das informações bibliográficas das referidas obras. (Krzyanowski, 1994)

A implantação de programas de Biblioterapia, definida como "um processo onde o deficiente visual lê materiais bibliográficos ou autobiográficos sobre cegos com o propósito de examinar a situação de sua própria vida em vista do que lê" é preocupação do Instituto do cegos Adalgisa Cunha da Paraíba. A implantação de um programa de Biblioterapia proporcionará à comunidade de deficientes visuais um maior conhecimento de Biblioterapia, no sentido de lhes oferecer subsídios para uma melhor resolução de seus problemas e necessidades. (Pereira, s.d)

O Setor Braille da Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina, criado no início da década de 70, conta em seu acervo com obras de cunho didático para o primeiro e segundo graus, literatura infantil e adulto, dicionários e revistas, além de jogos recreativos (dominó e dama). Atualmente oferece também o estúdio de gravação que tem a função de colocar ao deficiente visual fitas cassetes (livro falado) de literatura brasileira e catarinense.

DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Associação Catarinense para Integração dos Cegos - ACIC

ACIC - Associação Catarinense para Integração dos Cegos, é uma entidade civil fundada em 18 de julho de 1977 com sede e fórum na cidade de Florianópolis - SC. Tem por objetivo congregar os deficientes visuais de todo o estado, acima da faixa etária de 14 anos, prestando assistência social, educativa, jurídica e profissional. Objetiva também a integração e a reabilitação do cego na sociedade.

O quadro associativo é composto de cerca de 280 deficientes visuais, sendo que 150 estão localizados na região da Grande Florianópolis.

Setor Braille da Biblioteca Pública do Estado

A Biblioteca Pública é uma instituição governamental, fundada em 31 de maio de 1854, sendo vinculada à estrutura organizacional da Fundação Catarinense de Cultura, e localizada na rua Tenente Silveira, 69, Centro, Flo-rianópolis-SC.

De acordo com as informações constantes no relatório da Biblioteca Pública (1994), o setor Braille foi criado no início da década de 70, pertencente à Biblioteca Pedagógica. A partir de 1979, passa a fazer parte da Biblioteca Pública do Estado, resultado da fusão entre as duas.

Situada no terceiro pavimento, seu horário de funcionamento é de segunda à sexta feira, das 13:30 às 19:00 horas. Instalada numa sala de 40 m2, sob a coordenação de uma funcionária (não bibliotecária), que presta atendimento aos usuários.

O seu acervo é composto de 1862 livros, contendo obras de cunho didático (1- e 2a graus) literatura infantil e adulto, dicionários e revistas, alér jogos recreativos (dominó e dama). A partir de 1889, inaugurou um estúdi gravação, tendo a função de gravar fitas cassetes (Livro Falado), serviço edi ado por voluntários. Conta atualmente com 30 títulos, sendo que 11 título literatura brasileira e 19 títulos de literatura catarinense. O usuário pode so tar também empréstimo de livro falado cedido pela Fundação Dorina, lo< zada em São Paulo, via setor Braille.

Entre os seus equipamentos, constam duas máquinas de escrita Bra duas máquinas (elétrica e manual) denominadas Reglate e Punção, utilizí para quem não domina a datilografia e duas unidades Sorobã - instrumi que auxilia na efetuação de contas matemáticas.

O Setor Braille conforme dados estatísticos do ano de 1994, regisi 20 leitores, 247 consultas e 115 empréstimos.

OBJETIVOS

Objetivo Geral:

. Identificar e caracterizar a comunidade de deficientes visuais da gi de Florianópolis, dentro do ponto de vista sócio-econômico e de suas demandas e expectativas em relação ao setor Braille da Biblioteca Pública do Estado de SC.

Objetivos Específicos

-    Conhecer o deficiente visual, caracterizando-o e identificando-o do ponto de vista sócio-econômico.
-    Conhecer os serviços e recursos oferecidos aos deficientes visuais pelo Setor Braille da Biblioteca Pública do Estado.
-    Identificar suas demandas e expectativas em relação aos serviços oferecidos pelo Setor Braille da Biblioteca Pública.
-    Detectar que tipo de informação ele busca e seu interesse pela Biblioterapia.
-     Propiciar a leitura de informação utilitária e de lazer à comunidade deficientes visuais.

DEFINIÇÃO DOS TERMOS

Estudo de Comunidade: Estudo de comunidade é uma investiga de primeira mão, uma análise e coordenação dos aspectos econômicos e sociais e de outros aspectos interrelacionados, de um grupo selecionado. (Figueiredo, 1979)

Comunidade: Comunidade pode ser considerada como uma reunião total de idéias, interesses e recursos, em determinado espaço, em que as pessoas buscam soluções dos seus problemas para realização do bem comum. (Duckworh, 1991)

Educação Especial: É o ramo da pedagogia que estuda e reúne os métodos e processos adequados aos indivíduos que não podem se beneficiar apenas do ensino comum, pois necessitam de orientação e de recursos especiais para atingirem o rendimento máximo de suas potencialidades. (Machado, 1971)

Deficiente: É aquela pessoa portadora de um conjunto de características anátomo-fisiológicas e/ou psicológicas, que afinal caracteriza seu quadro de deficiência. (Omote, 1987)

Deficiente Visual (cego): É a pessoa que tem pouca visão remanescente útil, que necessita usar o sistema Braille para ler.

Sistema Braille: Produção de material informacional, ou seja, a transcrição de livros comuns para o sistema Braille de escrita.

Biblioteca Pública: É uma instituição democrática de educação, cultura e informação, deve atingir todas as categorias da população a partir de suas necessidades. Deverá oferecer informação sob qualquer forma, respondendo as demandas da população. Deverá propiciar a todos o livre acesso aos registros do conhecimento, das idéias do homem e às expressões de sua imaginação criadora. (UNESCO)

Serviços e recursos informacionais: São todas as atividades desenvolvidas na Biblioteca, tendo como objetivo atender aos usuários na busca de informações. Produção de material informacional, ou seja, a transcrição de livros comuns para o sistema Braille de escrita, e a gravação de livros em fitas cassetes.

Biblioteca Braille: A biblioteca Braille, como qualquer outro tipo de biblioteca, deve ser um centro de informação e lazer que visa atender às necessidades informacionais da comunidade. Nesse caso específico, à comunidade deficiente visual. Devido ao seu tipo de usuário, a biblioteca deve atuar para a integração do deficiente na comunidade em que vive e oferecer oportunidade de desenvolvimento intelectual e social. (Nagahama, 1986)

Setor Braille. É um dos setores existentes nas bibliotecas públicas, tendo a função de atender aos usuários com deficiência visual. Deve estar estruturado para fornecer informações através de equipamentos e materiais especiais.

Biblioterapia: É um processo onde o deficiente visual lê materiais biográficos ou autobiográficos sobre cegos com o propósito de examinar a situação de sua própria vida em vista do que lê. Método importante tanto para o aumento do acervo de informação de um cego como para a sua motivação, vivência e adequação ao seu próprio ambiente psicossocial.

METODOLOGIA

Para melhor conhecimento da comunidade de deficientes visuais da Grande Florianópolis, foram realizadas entrevistas em caráter informal com lideranças e profissionais de comprovada atuação na área de estudo, como o Presidente da ACIC, e duas funcionárias vinculadas à respectiva Associação, que prestaram informações muito valiosas contribuindo para o desenvolvimento desta pesquisa.

O acesso a dados cadastrais da comunidade a ser investigada proporcionou maiores informações em relação às necessidades e problemas dos deficientes visuais, além das ações de trabalho que são desenvolvidas pela entidade.

A análise documental compreendendo a leitura de artigos de periódicos da área, livros, relatórios da Biblioteca Pública e o cadastro da Acic, permitiram melhor compreensão da realidade do deficiente visual, tão marginalizado pela nossa sociedade.

Instrumento de coleta de dados


Para a obtenção dos dados, será utilizada a entrevista estruturada, consistindo na aplicação de um Formulário (em anexo), agrupando-se as variáveis a serem investigadas em três módulos distintos, dentro dos objetivos que requer o estudo:
- identificação e caracterização da comunidade: sexo, idade, naturalidade, local de residência, grau de instrução, renda, número de dependentes, profissão, estado civil;
-    identificação das necessidades de informação, lazer e cultura: tipo de
informação,   forma de utilização dos recursos informacionais, preferências
literárias;
-    serviços e recursos oferecidos pelo setor Braille; frequência à bibliote
ca, serviços mais utilizados, motivo que utiliza a biblioteca e se esta supre as
necessidades e expectativas dos deficientes visuais.

População e Amostra

O Banco de Dados existente na ACIC, registrou um universo populacional em torno de   150   deficientes visuais com idade superior a 14 anos, residentes na região da Grande Florianópolis.

A população que será investigada, através da aplicação de Entrevista, acompanhada do Formulário, será de 60 deficientes, selecionados através de amostra aleatória (ordenação numérica dos cadastros dos deficientes) totalizando uma amostragem de 40% do universo populacional.

CONCLUSÃO

A oportunidade de se realizar uma pesquisa desta natureza, como uma atividade prática desenvolvida durante o Curso de Graduação em Biblioteconomia, proporciona ao aluno melhor formação profissional e vem reforçar o papel da Universidade como um centro de ensino, pesquisa e extensão, na qual se propicia o conhecimento e a propulsão do saber, com função social de repassar à sociedade os estudos e experiências desenvolvidas em seus laboratórios e em salas de aula.

Pretendemos com os resultados desta pesquisa, levantar alguns tópicos para reflexão, e propor sugestões para que os serviços oferecidos pela Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina aos deficientes visuais, possam receber do Estado, instituições governamentais e privadas, Cursos de Biblioteconomia e da sociedade em geral, apoio em todos os aspectos visando uma melhor integração desta comunidade à sociedade.

BIBLIOGRAFIA

ASHCROFT, S. C. Crianças cegas e amblíopes. In: DUN, L. M. Crianças excepcionais. Rio de Janeiro : Livros Técnicos Científicos, 1976. v. 2, p. 309
ASSOCIAÇÃO Catarinense para Integração dos Cegos. Cadastro de associados. Florianópolis : ACIC, 1995
DUCRWORTH, A. M. et ai. Biblioteca pública e comunidade : prestação de serviços de utilidade pública. CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 16, Salvador, 1991. Anais... Salvador : APBEB, 1991. v. 1 p. 211-233.
FIGUEIREDO, N. Estudo de comunidade. In: Avaliação de coleções e estudos de usuários. Brasília : ABDF, 1979. p. 46-75
JAEGER, L. G. et ai. Uma biblioteca de livre acesso para cegos. BIBLOS, v. l,p. 9-21, 1983.
KRZYANOWSKI, R.F.etal. Programa disque Braille. SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 8, 1994, Campinas. Anais... Campinas : UNICAMP, 1994. p. 349
MACHADO, M. T. de C. , ALMEIDA, M. C. D. Ensinando crianças excepcionais.   Rio de Janeiro : José Olímpio, 1971. 94p.
NAGAHAMA, M. C. O deficiente visual e a biblioteca Braille. Rev. Brasil. Bibliotec. e Documen.   v. 19, n. 1/4, p. 6-17, dez. 1986
OMOTE, S. Estenótipos a respeito de pessoas deficientes. Didática, São Paulo, n. 22/23, p. 167-180, out. 1987.
PEREIRA, M. M. G. , HENRIQUES, E. J. da S. Automação: setor Braille da biblioteca Central da UFPB. SEMINÁRIO SOBRE AUTOMAÇÃO EM BIBLIOTECAS E CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO, 5, 1994, São José dos Campos. Anais... São José dos Campos, 1994, p. 101-109.
PEREIRA, M. M. G. Proposta para implantação de um programa de BIBLIOTERAPIA para cegos no Instituto dos cegos "Adalgisa Cunha". João Pessoa : UFPb (s.d).
RABELLO, O. C. P. O deficiente visual e a biblioteca pública estadual Luiz de Bessa. Rev. Esc. Bibliotec. UFMG, v. 18, n. 1, p. 39-60, mar. 1989.
SANTA CATARINA. Biblioteca Pública do Estado. Relatório anual. Florianópolis, 1994.
SILVA, I. P. et al. Subsídios para organização da biblioteca Braille. Rev. Bras. Bibliotec. e Docum. v. 14, n. 3/4, p. 139-152, jul./dez. 1981.
SILVA, I. R. et al. Projeto texto falado. CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 16, 1991, Salvador. Anais...   Salvador : APBEB, 1991. v. 1, p. 463- 480
VEIGA, J. S. O que é ser cego.   Rio de Janeiro : José Olímpio, 1983.
VENTURA, A. Qualquer coisa é coisa alguma. Vivência, Florianópolis, v. 14, p. 18-19,1993

_________

Alzemi Machado

Aluno do Curso de Graduação em Biblioteconomia da Universidade do Estado de Santa Catarina. Trabalho apresentado à disciplina estudo de comunidade, como parte integrante do conteúdo programático.

Maria Lourdes Blatt Ohira

Professora do Curso de Graduação em Biblioteconomia da Universidade do Estado de Santa Catarina. Curso de Especialização pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 1, n.1, p. 75-85, 1996.


http://revista.acbsc.org.br/index.php/racb/article/viewArticle/314/358

terça-feira, 11 de outubro de 2011

DIA 11 DE OUTUBRO UM DIA QUE NINGUÉM LEMBRA!

Infelizmente a nossa sociedade ainda é muito preconceituosa. Vejo isso no meu dia-a-dia. Pessoas pouco se importam com os deficientes, sejam eles físicos, mentais, auditivos ou visuais, a maioria desses não são respeitados. Fato a comprovar essa situação é quando um deficiente vai atravessar uma avenida, ninguém para pra dar preferência a essas pessoas, taxistas, carros de  passeios e motos,
nunca dão essa assistência que deveria ser obrigatória!
Hoje é um dia essencial na vida dos brasileiros, mas infelizmente ninguém lembra desse dia. Muito se comemora o dia das mães, dos pais, às vezes das avós, mas NUNCA se comemorou na história do nosso país o DIA NACIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA, pobre país preconceituoso...
As leis voltadas aos deficientes em geral, não são tão exatas assim como pensam, por exemplo, um deficiente ao enviar um curriculo a uma empresa pode até ser contratada mas muito dos empresários os "jogam" para fazer coisas aparentemente inúteis, como atendentes de telefones ou até mesmo os contratam para ficar de "conversa fiada" nos seu território de trabalho, a fim de somente cumprir com a lei que é cheia de falhas. Deveria a lei dizer que ao contratar um deficiente É OBRIGATÓRIO A UTILIZAÇÃO DOS MESMOS, JÁ QUE SÃO APTOS PARA MUITOS DOS CARGOS!
Outros "probleminhas bobos" que nos incomodam bastente é o fato de lugares públicos ou até instituição escolares não terem lugares adaptados para pessoas portadoras de necessidades especiais.
Na minha cidade Três Corações, não há no cinema municipal acesso á pessoas com necessidades de locomoção, pois além de ter uma escada imensa, os funcionários não nos ajudam em NADA! Praças públicas, lugares onde o turismo gera a beleza nós não podemos visitar, por que ninguém nos importa. Restaurantes, bares, lanchonetes, muitos lugares onde pagamos para estar lá não tem o MÍNIMO DE ACESSO para nossas necessidades. No Rio de Janeiro vi num jornal que nasceu uma nova oportunidade de liberdade: A entrada no mar para sentir o "gelume" das águas, pena que isso também foi muiiiiiiiiittttttooooooooooooooooo tardeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee.
Os esportistas paraolímpicos enfrentam muitos obstáculos para conseguir um patrocínio q vale a pena. Sabe por que isso acontece? Por que "NÃO VALE A PENA INVESTIR NUM 'DEFEITUOSO'", isso é a mais pura verdade para os empresários mesmo nao afirmando essa frase!!!
A sociedade também tem sua culpa na história. O preconceito desde os primórdios, vem acentuando-se a todo momento. Pessoas negras, mulheres, homossexuais, e nós os deficientes físicos morremos interiormente e exteriormente por causa da sociedade perfeccionista. Jesus nos ensinou a todo momento que o fato de as pessoas serem "diferentes", isso não as torna nenhum ser humano incompleto, pelo contrário, garante a oportunidade de manifestações de milagres e prodígios, gerando assim a cura dos corações arrependidos.
O mundo só será mundo de verdade à medida que as pessoas se tratarem por igual. Só pela pessoa ter um carro de luxo isso nao a faz melhor nem pior do que você!

SÓ POSTEI ISSO AGORA PARA VER QUEM SE LEMBROU QUE DIA É HOJE!
DUVIDO QUE VOC~E TENHA SE LEMBRADO!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Papel Do Psicólogo Na Inclusão Social Dos Portadores De Necessidades Especiais

1 INTRODUÇÃO
A educação especial baseia-se no atendimento única e exclusivamente de alunos com determinadas necessidades especiais. O educador o acompanha no decorrer das aulas ao seu lado, dando-lhe um atendimento especial voltado a ele. Desenvolve-se em torno da igualdade de oportunidades para todos independente de suas diferenças, dando ênfase em que todos deverão ter acesso a uma educação com qualidade.
Conforme BIANCHETTI, (1998, p.3):
os olhos são considerados também o meio de comunicação entre o mundo interior dos seres humanos e o exterior. Fala-se dos olhos como as janelas da alma. Os gregos utilizavam a palavra empatia para significar a capacidade de olhar pelo olho do outro, pela perspectiva do outro, capacidade esta considerada como a forma suprema de solidariedade.
É trabalhoso lidar com o diferente, abrir portas e quebrar fronteiras quando vivemos ainda em um mundo preconceituoso. Nem todos estão aptos e de mente aberta para aceitar e saber viver com as diferenças do outro.
Para o portador de necessidades especiais também não é fácil ser integrado na sociedade, pois a cada dia é uma nova dificuldade, seja de locomoção, de preconceito do outro para consigo ou até mesmo as suas próprias limitações, que já são uma grande barreira para eles.
A educação especial baseia-se no atendimento única e exclusivamente de alunos com determinadas necessidades especiais. O educador o acompanha no decorrer das aulas ao seu lado, dando-lhe um atendimento especial voltado a ele. Desenvolve-se em torno da igualdade de oportunidades para todos independente de suas diferenças, dando ênfase em que todos deverão ter acesso a uma educação com qualidade.
“Acesso da pessoa portadora de deficiência ao mundo que a rodeia: o mundo físico e o mundo das relações sociais; o mundo escolar; o mundo do trabalho; o mundo da cultura, do esporte e do lazer” (AMARAL, 1994, p.36).
A intenção da inserção do portador de necessidades especiais na escola e dentro da sociedade tem como objetivo promover a integração afetivo social, aproximar o deficiente do convívio comunitário e principalmente estimular o desenvolvimento.
Vários profissionais estão aptos a trabalhar e auxiliar os portadores de necessidades especiais, como o psicólogo, o fonoaudiólogo, fisioterapeuta, e até mesmo o professor; basta só se especializar com a educação especial.
O portador de necessidades especiais desenvolve-se de maneira mais lenta do que uma criança, adolescente ou até mesmo adulta que tenha seu desenvolvimento dito como normal.
2 AS DEFICIÊNCIAS
Qualquer pessoa independentemente de sua deficiência, idade ou classe social tem direito a educação. Todos nós somos dignos de respeito. As três necessidades básicas para qualquer ser humano poder viver com dignidade é: saneamento básico, educação e saúde. Com o portador de necessidades especiais não é diferente. Ele necessita de educação e inclusão no convívio social tanto como qualquer outra pessoa; mas devido ao preconceito, que ainda está muito presente mesmo apesar de hoje poder ser processado, as coisas não fluem como deveriam.
De acordo com o Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamenta a Lei nº 7853 de 24 de outubro de 1989, os portadores de deficiência dividem-se em deficientes auditivos, que refere-se a perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras; os deficientes físicos, que serão caracterizados por alguma alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física; os deficientes visuais, o qual se dá a partir da acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º conforme a tabela de Snellen (é um diagrama utilizado para avaliar a acuidade visual de uma pessoa), ou ocorrência simultânea de ambas as situações; e os deficientes mentais, onde o funcionamento intelectual é significativamente inferior à média e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas.

3 LEI Nº 7853 DE 24 DE OUTUBRO DE 1989
Esta Lei dispõe sobre o apoio aos portadores de necessidades especiais, tratando de sua integração social, sendo que deverá ser inserido como qualquer outra pessoa na área educacional tendo direito a inclusão no ensino; na área da saúde, havendo a promoção de ações preventivas, criação de serviços especializados e desenvolvimento de programas especiais de prevenção de acidentes; na área do trabalho, conforme o quadro de funcionários deverá obter-se uma percentagem de indivíduos com necessidades especiais; na área de recursos humanos, tendo formação de professores capacitados e especializados para atender a demanda, e também na área da edificação tendo a facilidade ao se locomover em vias públicas e transportes públicos.
Conforme o artigo 4º do decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999; considera-se deficiência toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; deficiência permanente aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e incapacidade uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.
4 A INSERÇÃO DO PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS
BIANCHETTI (1998, p.7) relata que “é preciso cultivar o olhar do estranhamento que nunca parte daquilo que está posto como natural e sempre buscar compreender as manifestações no seu processo de manifestar-se. É preciso batalhar para que a pessoa seja vista apreendida, olhada, em fim, na sua integralidade, independentemente dos atributos físicos que a tornam peculiar”.
A inclusão social é também a troca de conhecimento, de afetividade, de aprendizagem, adquirido em muitas situações da vida. A partir disto devemos capacitar professores, alunos, a família, a sociedade em geral que convive com estes portadores de necessidades especiais.
4.1 NA ESCOLA
Em todas as escolas desde públicas a particulares deveria haver um profissional a disposição para as crianças portadoras de cuidados especiais. No caso do deficiente auditivo, uma pessoa que fale em libras para colaborar com a alfabetização desta criança; se for outra portadora de deficiência visual, alguém que lhe ensine a ler e escrever em Braille; para os que têm deficiências mentais também deveriam ter uma acompanhante para assessorá-lo no que for necessário, e para os portadores de deficiência física já está mais do que visível a necessidade de rampas e corrimões para a segurança e acessibilidade dessas pessoas.
“A escola não deve ser pensada como fortaleza da infância, como instituição que enclausura seus alunos para melhor prepará-los. É preciso articular a vida escolar com a vida cotidiana; articular o conhecimento escolar com os acontecimentos do dia-a-dia da sociedade” (BOCK, 2002, p. 265).
A compreensão da sociedade de que o sentido de integração e inclusão é importante para o desenvolvimento e para o bem estar do portador de necessidades especiais. Incluir o portador de necessidades especiais significa trabalhar ele e a sociedade, juntos devem buscar o meio para conviver e solucionar as necessidades.
4.2 NO CAMPO PROFISSIONAL
Muitas empresas têm contratado pessoas com diversas deficiências de forma obrigatória conforme a lei 8.213 / 91, mas já é um começo. Conforme esta lei, os empresários que tem de 101 a 200 funcionários, 2% do quadro dos funcionários deverá ser portador de alguma necessidade especial.
A exclusão é um problema que afeta diretamente a pessoa em relação ao seu convívio social. Esta exclusão acaba vindo das pessoas portadoras da maior deficiência que existe (o preconceito). O portador de necessidades especiais não sente-se parte da sociedade; é como se o fato de não ter um emprego tirasse o seu direito de conviver socialmente. “O portador de deficiências é induzido a se desvalorizar, por que os outros o desvalorizam” (VELTRI, 2009, p.2).
5 O PAPEL DO PSICÓLOGO NA INCLUSÃO
Todas as crianças devem receber o mesmo tipo de ambiente, condições físicas e psicológicas de ingresso nas escolas e no meio social, fazendo com que haja uma preparação de todos os profissionais que trabalham com a educação no sentido de colocar em discussão seus estereótipos e seus preconceitos para que saibam lidar com as diferenças presentes em sala de aula; para que saibam atender as expectativas de um mundo cada vez mais diversificado de crenças, valores, sexos e deficiências.
Trazer aquele indivíduo excluído socialmente para que participe dos aspectos da vida no sentido econômico, cultural, educacional, religioso, político, da saúde e assim por diante é inserir o indivíduo na sociedade.
Cabe ao psicólogo prestar apoio psicológico aos familiares dessas crianças portadoras de alguma deficiência antes, durante e depois da inclusão delas no meio social e escolar; prestar auxílio psicológico aos professores e orientadores para conseguirem lidar com as diferentes formas de ensinar e de assistência a essas crianças; e principalmente acompanhar o desenvolver desta inclusão junto com o portador de necessidades especiais para que não haja a exclusão e preconceito contra o mesmo. O profissional da psicologia tem embasamento teórico suficiente para auxiliar o portador de necessidades especiais e também de lidar com as dificuldades encontradas durante este processo, tanto para o da criança com o meio quanto o da sociedade com a criança.
Conforme BOCK, (2002, p. 158):
Na escola ou nas instituições educacionais, o processo pedagógico vai se colocar como realidade principal. Todo o trabalho do psicólogo estará em função deste processo e para ele direcionado. E isso irá obrigá-lo a escolher técnicas em Psicologia que se adaptem aos limites que sua intervenção terá, dada a realidade educacional.
O foco do trabalho deve ser o potencial de cada um e não a deficiência em si, pois de certa forma, começar a diversificar a sala de aula quebra um modelo de educação padronizado, ao quais os professores estão acostumados a lecionar.
O papel do psicólogo na inclusão social dos portadores de necessidades especiais é praticar o enfrentamento e a lidar com a exclusão tentando introduzir principalmente a afetividade no cotidiano dessas pessoas. Tentar deixar de lado a visão individualista dos narcísicos.
6 REFERÊNCIAS
AMARAL, Lígia Assumpção. Pensar a diferença: deficiência. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 2004.
BIANCHETTI, Lucídio (Org). Um olhar sobre a diferença: integração, trabalho e cidadania. Campinas: Papirus, 1998.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13ª Ed. Reformada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2002.
Vade Mecum RT. Legislação Brasileira. 2ª Ed. São Paulo: Ed Rivista dos Tribunais, 2008.
VELTRI, Soraia. A. A Exclusão x Inclusão do portador de deficiências no mercado de trabalho: Sonho ou Realidade? Acesso em 17 agosto 2009. Disponível em: < http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1411559 >. Recanto das Letras. 29 jan 2009.

PREVENÇÃO PODE REDUZIR CASOS DE DEFICIÊNCIA FÍSICA

PREVENÇÃO PODE REDUZIR CASOS DE DEFICIÊNCIA FÍSICA
A necessidade por medidas preventivas à deficiência física no Brasil
Autor: Antônio Carlos Fernandes

A prevenção adequada pode evitar que milhares de pessoas tornem-se portadoras de deficiência física. Analisada sob este aspecto, a questão deveria merecer mais atenção por parte das famílias, escolas, autoridades, comunidade e cada cidadão. Estudos e estatísticas da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) são conclusivos quanto à necessidade de se ampliarem e aperfeiçoarem no Brasil  as medidas de caráter preventivo.

A entidade, fundada em 1950, pelo médico Renato da Costa Bomfim, mantém amplo serviço de assistência médica, pedagógica e social. Em 2005, realizou cerca 1,1 milhão de atendimentos (mais de cinco mil por dia), fabricou aproximadamente 55 mil aparelhos ortopédicos, realizou quase seis mil cirurgias e 120 mil consultas. Foi mais um ano de intenso trabalho dedicado à reabilitação e reintegração social de pessoas, em especial crianças e adolescentes. Hoje, 96% de seus pacientes nada pagam pelos tratamentos em suas sete unidades: Central (Vila Clementino), Mooca e Osasco, em São Paulo; Pernambuco; Minas Gerais; Rio Grande do Sul; e Rio de Janeiro.

Os pacientes recebem assistência de médicos, fisioterapeutas, terapeutas-ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos, arte-terapeutas, musicoterapeutas, hidroterapeutas e fisioterapeutas, além das escolas da entidade, com turmas do ensino fundamental, de primeira à quarta série, cujo objetivo é preparar as crianças para o ingresso no ensino convencional. Destaque humanitário deve ser conferido ao seu corpo de voluntários, cujo trabalho é muito importante.

A despeito de toda essa estrutura e do imenso esforço para prover o atendimento, a entidade ainda tem filas, numa evidência de que o País não vem conseguindo avançar adequadamente no campo da prevenção. E esta é uma das principais bandeiras da AACD. As medidas necessárias, como será possível observar neste artigo, são perfeitamente factíveis. Um exemplo é a paralisia cerebral, causa de numerosos casos de deficiência física, a maioria deles bastante grave. Numa amostra de 6.007 pacientes, cerca de 2.100 (35%) são paraplégicos e 1.700 (28%), tetraplégicos. Há, ainda, hemiplégicos, portadores de retardo psicomotor, atetóides (pessoas que não controlam certos movimentos) e atáxicos (aqueles que não têm coordenação dos movimentos musculares voluntários).

A prevenção da paralisia cerebral deve começar antes do nascimento da criança, com a observância de nutrição adequada por parte da mãe, controle do fator Rh (para verificar a compatibilidade), verificação de eventual incompatibilidade ístimo-cervical e exames para diagnosticar diabetes e hipertensão. Também é fundamental a abstinência de álcool e drogas. Os cuidados devem continuar no nascimento, com o estímulo ao parto normal, boas condições hospitalares e presença de pediatra na sala do parto. Esta, aliás, sempre foi uma bandeira da AACD, felizmente vitoriosa em 1988, no Congresso Brasileiro de Paralisia Cerebral. Sugestão foi aceita pela Sociedade Brasileira de Pediatria e encampada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A prevenção contra o problema deve prosseguir na infância, combatendo-se o baixo peso, os riscos de asfixia, distúrbios metabólicos e as causas das convulsões. Estas multiplicam por três as chances de aparecimento de paralisia cerebral. Tal problema manifesta-se em 10,1% das crianças que têm convulsões. Os cuidados preventivos devem ser ainda maiores nos bebês prematuros. Para todos os recém-nascidos, é muito importante o aleitamento materno, puericultura adequada, vacinações e o combate às infecções, lembrando que 33% dos casos de paralisa cerebral ocorrem após o nascimento.

Outra causa grave de deficiência física é a lesão<

* * Médico, é diretor clínico da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente)

domingo, 9 de outubro de 2011

DIREITOS DOS DEFICIENTES!

DIREITOS

Resolução ONU N° 2.542/75
Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiências
 
A Assembléia Geral, consciente que os Estados Membros assumiram em virtude da Carta das Nações Unidas, em obter meios, em conjunto, ou separadamente, para cooperar com a Organização das Nações Unidas, a fim de promover níveis de vida mais elevados, trabalho permanente para todos, condições de progresso, desenvolvimento econômico e social. proclama a presente DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DAS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIAS e solicita que se adotem medidas em planos nacionais e internacionais para que esta sirva de base e referência comuns, para o apoio e proteção destes direitos".

1) O termo pessoa portadora de deficiência, identifica aquele indivíduo que, devido a seus "déficits" físicos ou mentais, não está em pleno gozo da capacidade de satisfazer, por si mesmo, de forma total ou parcial, suas necessidades vitais e sociais, como faria um ser humano normal.

2) Os direitos proclamados nessa declaração são aplicáveis a todas as pessoas com deficiências, sem discriminação de idade, sexo, grupo étnico, nacionalidade, credo político ou religioso, nível sócio-cultural, estado de saúde ou qualquer outra situação que possa impedi-la de exercê-las, por si mesmas ou através de seus familiares.

3) Às pessoas portadoras de deficiências, assiste o direito, inerente a todo a qualquer ser humano, de ser respeitado, sejam quais forem seus antecedentes, natureza e severidade de sua deficiência. Elas têm os mesmos direitos que os outros indivíduos da mesma idade, fato que implica desfrutar de vida decente, tão normal quanto possível.

4) As pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos civis e políticos que os demais cidadãos. O § 7° da Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes mentais, serve de pano de fundo à aplicação desta determinação.

5) As pessoas portadoras de deficiências têm o direito de usufruir dos meios destinados a desenvolver-lhes confiança em si mesmas.

6) As pessoas portadoras de deficiências têm direito a tratamento médico e psicológico apropriados, os quais incluem serviços de prótese e órtese, reabilitação. treinamento profissional, colocação no trabalho e outros recursos que lhes permitam desenvolver ao máximo suas capacidades e habilidades e que Ihes assegurem um processo rápido e eficiente de integração social.
7) As pessoas portadoras de deficiências têm direito à segurança econômica e social, e, especialmente, a um padrão condigno de vida. Conforme suas possibilidades, também têm direito de realizar trabalho produtivo e remuneração, bem como participar de organizações de classe.

8) As pessoas portadoras de deficiências têm direito de que suas necessidades especiais sejam levadas em consideração, em todas as fases do planejamento econômico-social do país e de suas instituições.

9) As pessoas portadoras de deficiências têm direito de viver com suas próprias famílias ou pais adotivos, e de participar de todas as atividades sociais, culturais e recreativas da comunidade. Nenhum ser humano em tais condições, deve estar sujeito a tratamento diferente de que for requerido pela sua própria deficiência e em beneficio de sua reabilitação. Se for imprescindível sua internação em instituições especializadas, é indispensável que estas contem com ambiente e condições apropriadas, tão semelhantes quanto possível aos da vida normal das demais pessoas da mesma idade.

10) As pessoas portadoras de deficiências têm direito à proteção contra qualquer forma de exploração e de tratamento discriminatório, abusivo ou degradante.

11) As pessoas portadoras de deficiência têm direito de beneficiar-se da ajuda legal qualificada que for necessária, para proteção de seu bem-estar e de seus interesses.

12) As organizações em prol das pessoas portadoras de deficiência, devem ser consultadas em todos os assuntos referentes aos direitos que concernem a tais indivíduos.

13) As pessoas portadoras de deficiência, seus familiares e a comunidade devem estar plenamente informados através de meios de comunicação adequados, dos direitos proclamados nesta declaração".
(United Nations Secretariat, 1975)

Jesus Cristo e as Pessoas com Deficiência


Jesus Cristo e as Pessoas com Deficiência

A origem das deficiências na Judéia

Se analisarmos com cuidado os Evangelhos narrados por 4 diferentes autores (Mateus, Marcos, Lucas e João) verificaremos que havia uma crença bastante arraigada no povo judeu daquelas épocas, de que a maioria dos males que afetavam os seres humanos era conseqüência da interferência de maus espíritos ou de um desconhecido sistema de pagamento por pecados antigos.

Na verdade, estudiosos dos usos e costumes antigos dos povos do Oriente Médio indicam que a medicina contida tanto nos Evangelhos quanto nos Atos dos Apóstolos aceitava três tipos de causas para as muitas limitações e deficiências: o castigo pelos pecados, a interferência direta dos maus espíritos e as forças más da natureza, contra as quais apenas o poder divino era o único remédio.

Claro que as narrativas foram preparadas por autores da época, para a pouco culta população da época.

Alguns dos milagres relatados

Lucas, o evangelista médico, narra o seguinte: "E eis que veio uma mulher que estava possessa de um espírito que a tinha doente há 18 anos; e andava encurvada e não podia absolutamente olhar para cima". Na mesma passagem ele coloca as seguintes palavras na boca de Jesus: "Mulher, estás livre de tua enfermidade". Não fala em demônios ou em maus espíritos, mas em "enfermidade".

Mas, como vimos, a crença generalizada enfatizava sempre o demônio ou os maus espíritos. Vejamos o que diz Mateus: "E tendo-se estes retirado, apresentaram-lhe um homem mudo, possesso pelo demônio. E, expulso o demônio, falou o mudo"...

O destino das pessoas com deficiência

Na Judéia antiga, dos tempos de Jesus Cristo, o destino das pessoas que tinham qualquer deficiência era esmolar para conseguir sobreviver. Os cegos, os amputados, os paralíticos pelas mais variadas causas, acabavam expostos pelos caminhos, ruas, logradouros e praças públicas. Lucas afirma: "Vai já pelas praças e pelas ruas da cidade e traze cá os pobres e os aleijados, e cegos e coxos." Mateus corrobora a imagem ao afirmar: "E eis que dois cegos que estavam sentados junto à estrada"...

Evidentemente naquela época o transporte ou a simples movimentação de pessoas mais seriamente deficientes representava um grande problema. Podemos até imaginar a aflição de parentes e amigos dessas pessoas ao saber da existência de um rabino miraculoso nos arredores. Marcos conta que "foram ter com ele conduzindo um paralítico que era transportado por quatro. E como não pudessem apresentá-lo por causa da multidão, descobriram o teto pela parte debaixo da qual Jesus estava e, tendo feito uma abertura, arriaram o leito em que jazia o paralítico".



Ruinas da Piscina Probática
Ruínas da Piscina Probática
A piscina probática
Em Jerusalém dos tempos de Jesus Cristo havia, bem ao lado do templo, um tanque ou piscina que era destinada à purificação dos animais que seriam sacrificados. Era conhecida como "piscina probática" (do grego probaticon), ou seja, relativa a carneiro ou a ovinos em geral. Na língua hebraica era conhecida como "Betsaida". Às suas bordas, a despeito dos objetivos principais, mantinha-se elevado número de enfermos, aleijados e paralíticos, porque, segundo todos acreditavam, várias vezes ao dia um anjo de Deus ali descia para "movimentar as águas". Era, como se pode bem imaginar, um momento muito esperado e tenso, pois, apenas o primeiro que ali se banhasse teria seus males curados.

Foi exatamente nesse ambiente que Jesus realizou um de seus famosos milagres, beneficiando um homem paralítico há 38 anos e que nunca havia conseguido ser o primeiro a chegar às águas de Betsaida, por não ter pessoa alguma que o ajudasse.

Outros milagres de Jesus

Segundo os relatos dos evangelistas, Jesus realizou ao redor de 40 milagres notórios. Deles todos, pelo menos 21 são relacionados a pessoas com os mais variados tipos de deficiências físicas ou sensoriais e doenças crônicas.

Cego de nascimento..........
Cego em Betsaida..........
Cego Bartimeu de Jericó..........

Dois cegos de Jericó..........
Dois cegos de Cafarnaum..........
Cegos na Galiléia..........
Cego e mudo (endemoniado)..........
Mudo de Cafarnaum..........
Mudos na Galiléia..........
Surdo-mudo na Decápole..........
Surdo-mudo em Cesaréia..........

Coxos na Galiléia..........
Leprosos de Cafarnaum..........


Dez leprosos..........
Hidrópico..........
Mulher com espinha curvada..........
Homem de "mão seca"..........


Paralítico (servo do centurião)..........
Paralítico em Betsaida..........
Paralítico de Cafarnaum..........


Outros deficientes na Galiléia..........
João 9:1-7
Marcos 8:22-26
Marcos 10:46/
Lucas 8:35-43
Mateus 20:29-34
Mateus 9:27-31
Mateus 15:29-31
Mateus 12:22
Mateus 9:32-34
Mateus 15:29-31
Marcos 7:31-37
Marcos 9:16-26/
Lucas 9:37-43
Mateus 15:29-31
Mateus 8:1-4/
Marcos 1:40/
Lucas 5:12-14
Lucas 17:13-1
Lucas 14:1-6
Lucas 13:11-13
Mateus 12:9-13/
Marcos 3:1-6/
Lucas 6:6-11
Mateus 8:5-13
João 5:5-9
Mateus 9:1-8/
Marcos 2:1-12/
Lucas 5:17-26
Mateus 15:29-31

sábado, 8 de outubro de 2011

A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade

A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade
Maria Aparecida Gugel*
Os estudos sobre o direito das pessoas com deficiência não estão dissociados dos fatos históricos, reveladores que são da evolução da sociedade e da conseqüente edição de suas leis. Por isso, antes da apresentação dos direitos da pessoa com deficiência, faremos uma brevíssima incursão histórica para melhor compreender esse indivíduo no cenário histórico da nossa civilização.
1. A vida primitiva do homem
Não se têm indícios de como os primeiros grupos de humanos na Terra se comportavam em relação às pessoas com deficiência. Tudo indica que essas pessoas não sobreviviam ao ambiente hostil da Terra. Basta lembrar que não havia abrigo satisfatório para dias e noites de frio intenso e calor insuportável; não havia comida em abundância, era preciso ir à caça para garantir o alimento diário e, ao mesmo tempo, guardá-lo para o longo inverno.
Humanos Prehistóricos
Não se plantava para o sustento. A caça para a obtenção de alimentos e pele de animais para se aquecer e a colheita de frutos, folhas e raízes garantia o sustento das pessoas. Há mais ou menos dez mil anos quando as condições físicas e de climas na Terra ficaram mais amenas, os grupos começaram a se organizar para ir à caça e garantir o sustento de todos. Na Pré-História a inteligência do homem começou a se manifestar e os integrantes do grupo passaram a perceber melhor o ambiente onde viviam, começando a adorar o sol, a lua e os animais.
Prehistóricos

As tribos se formaram e com elas a preocupação em manter a segurança e a saúde dos integrantes do grupo para a sobrevivência. Os estudiosos concluem que a sobrevivência de uma pessoa com deficiência nos grupos primitivos de humanos era impossível porque o ambiente era muito desfavorável e porque essas pessoas representavam um fardo para o grupo. Só os mais fortes sobreviviam e era inclusive muito comum que certas tribos se desfizessem das crianças com deficiência.
2. No Egito Antigo
Evidências arqueológicas nos fazem concluir que no Egito Antigo, há mais de cinco mil anos, a pessoa com deficiência integrava-se nas diferentes e hierarquizadas classes sociais (faraó, nobres, altos funcionários, artesãos, agricultores, escravos). A arte egípcia, os afrescos, os papiros, os túmulos e as múmias estão repletos dessas revelações. Os estudos acadêmicos baseados em restos biológicos, de mais ou menos 4.500 a.C., ressaltam que as pessoas com nanismo não tinham qualquer impedimento físico para as suas ocupações e ofícios, principalmente de dançarinos e músicos.
Músico anão Músico anão – V Dinastia – Oriental Institute Chicago Os especialistas revelam que os anões eram empregados em casas de altos funcionários, situação que lhes permitia honrarias e funerais dignos. A múmia de Talchos, da época de Saíta (1.150 a 336 a.C.), em exposição no Museu do Cairo, traz indicações de que era uma pessoa importante. Já os papiros contendo ensinamentos morais no Antigo Egito, ressaltam a necessidade de se respeitar as pessoas com nanismo e com outras deficiências.
Estela Votiva
A pessoa com deficiência física, tal como o Porteiro de Roma de um dos templos de deuses egípcios, exercia normalmente suas atividades, conforme revela a Estela votiva da XIX Dinastia e originária de Memphis, que pode ser vista no Museu Ny Carlsberg Glyptotek, em Copenhagen, Dinamarca. Essa pequena placa de calcário traz a representação de uma pessoa com deficiência física, sua mulher e filho, fazendo uma oferenda à deusa Astarte, da mitologia fenícia. A imagem indica, segundo os médicos especialistas, que Roma teve poliomielite.
Papiro Médico O Egito Antigo foi por muito tempo conhecido como a Terra dos Cegos porque seu povo era constantemente acometido de infecções nos olhos, que resultavam em cegueira. Os papiros contêm fórmulas para tratar de diversas doenças, dentre elas a dos olhos. Papiro médico, contendo procedimentos para curar os olhos - Museu Britânico.
3. Na Grécia
Platão, no livro A República, e Aristóteles, no livro A Política, trataram do planejamento das cidades gregas indicando as pessoas nascidas “disformes” para a eliminação. A eliminação era por exposição, ou abandono ou, ainda, atiradas do aprisco de uma cadeia de montanhas chamada Taygetos, na Grécia.
Platão
Platão
A República, Livro IV, 460 c - Pegarão então os filhos dos homens superiores, e levá-los-ão para o aprisco, para junto de amas que moram à parte num bairro da cidade; os dos homens inferiores, e qualquer dos outros que seja disforme, escondê-los-ão num lugar interdito e oculto, como convém (GUGEL : 2007, p. 63).
Aristóteles
Aristóteles
A Política, Livro VII, Capítulo XIV, 1335 b – Quanto a rejeitar ou criar os recém-nascidos, terá de haver uma lei segundo a qual nenhuma criança disforme será criada; com vistas a evitar o excesso de crianças, se os costumes das cidades impedem o abandono de recém-nascidos deve haver um dispositivo legal limitando a procriação se alguém tiver um filho contrariamente a tal dispositivo, deverá ser provocado o aborto antes que comecem as sensações e a vida (a legalidade ou ilegalidade do aborto será definida pelo critério de haver ou não sensação e vida)
(GUGEL : 2007, p. 63).
Em Esparta os gregos se dedicavam à arte da guerra, preocupavam-se com as fronteiras de seus territórios, expostas às invasões bárbaras, principalmente do Império Persa. Pelos costumes espartanos, os nascidos com deficiência eram eliminados, só os fortes sobreviviam para servir ao exército de Leônidas.
Homero: cego
Dentre os poetas gregos o mais famoso é Homero que, pelos relatos, era cego e teria vivido em época anterior a VII a.C.. Escreveu os belos poemas de Ilíada e Odisséia. Em Ilíada Homero criou o personagem de Hefesto, o ferreiro divino. Seguindo os parâmetros da mitologia, Hefesto ao nascer é rejeitado pela mãe Hera por ter uma das pernas atrofiadas. Zeus em sua ira o atira fora do Olimpo. Em Lemnos, na Terra entre os homens, Hefesto compensou sua deficiência física e mostrou suas altas habilidades em metalurgia e artes manuais. Casou-se com Afrodite e Atena. Homero e seu guia Dioniso conduz Hefesto ao Olimpo (Pintor de Cleofonte, 430-420 a.C.). Vaso de figuras vermelhas, Toledo Museum of Art.
Hefesto
Dioniso conduz Hefesto ao Olimpo (Pintor de Cleofonte, 430-420 a.C.). Vaso de figuras vermelhas, Toledo Museum of Art.
4. Em Roma
Galba
Os estudos históricos revelam que havia imperadores romanos com deficiência, principalmente malformação nos pés. São os casos de Galba (Servius Sulpicius Galba, 3 a.C. a 69 d.C.) e Othon (Marcus Silvius Othon, de 32 a 69 d.C.).
As leis romanas da Antiguidade não eram favoráveis às pessoas que nasciam com deficiência. Aos pais era permitido matar as crianças que com deformidades físicas, pela prática do afogamento. Relatos nos dão conta, no entanto, que os pais abandonavam seus filhos em cestos no Rio Tibre, ou em outros lugares sagrados. Os sobreviventes eram explorados nas cidades por “esmoladores”, ou passavam a fazer parte de circos para o entretenimento dos abastados.
Ao tempo das conquistas romanas, auge dos Césares, legiões de soldados retornavam com amputações das batalhas dando início a um precário sistema de atendimento hospitalar.
Foi no vitorioso Império Romano que surgiu o cristianismo. A nova doutrina voltava-se para a caridade e o amor entre as pessoas. As classes menos favorecidas sentiram-se acolhidas com essa nova visão. O cristianismo combateu, dentre outras práticas, a eliminação dos filhos nascidos com deficiência. Os cristãos foram perseguidos porém, alteraram as concepções romanas a partir do Século IV. Nesse período é que surgiram os primeiros hospitais de caridade que abrigavam indigentes e pessoas com deficiências.
Jesus e a cura do cego
EVANGELHO – Jo 9, 1-41
Naquele tempo, Jesus encontrou no seu caminho um cego de nascença. Os discípulos perguntaram-Lhe: “Mestre, quem é que pecou para ele nascer cego? Ele ou os seus pais?” Jesus respondeu-lhes: “Isso não tem nada que ver com os pecados dele ou dos pais; mas aconteceu assim para se manifestarem nele as obras de Deus”. [...] Dito isto, cuspiu em terra, fez com a saliva um pouco de lodo e ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: “Vai lavar-te à piscina de Siloé”; Ele foi, lavou-se e voltou a enxergar ...

Belisário
Belisário, acusado de trair o Império, tem os olhos vazados e pede esmola, de Jacques- Louis David, Musée des Beaux-Arts, Lille, France.
Lei Romana
Texto Romano Antigo


Em Alexandria foi criada a primeira universidade de estudos filosóficos e teológicos de grandes mestres. Dentre eles, Dídimo, o Cego, conhecia e recitava a Bíblia de cor. No período em que começava a ler e escrever aos cinco anos de idade, Dídimo perdeu a visão mas, continuou seus estudos, tendo ele próprio gravado o alfabeto em madeira para utilizar o tato.
As Constituições romanas do Imperador Leão III havia a previsão da pena de vazar os olhos ou amputar as mãos dos traidores do Império. Há registros de que os índices de criminalidade baixaram. Esta pena foi praticada até a queda do Império Romano e continuou sendo aplicada no Oriente.
5. Na Idade Média
Luís IX
Os períodos marcados pelo fim do Império Romano (Século V, ano 476) e a Queda de Constantinopla (Século XV, em 1453), marcam o início da Idade Média. É marcada por precárias condições de vida e de saúde das pessoas. A população ignorante encarava o nascimento de pessoas com deficiência como castigo de Deus. Os supersticiosos viam nelas poderes especiais de feiticeiros ou bruxos. As crianças que sobreviviam eram separadas de suas famílias e quase sempre ridicularizadas. A literatura da época coloca os anões e os corcundas como focos de diversão dos mais abastados.
O rei Luís IX, cujo reinado ocorreu entre 1214 e 1270, fundou o primeiro hospital para pessoas cegas, o Quinze-Vingts. Quinze- Vintes significa 15 x 20 = 300. Era o número de cavaleiros cruzados que tiveram seus olhos vazados na 7ª Cruzada.
Hospital, selo
Selo do Hospital Quinze-Vingts
6. Idade Moderna
A Idade Moderna marcou a passagem de um período de extrema ignorância para o nascer de novas idéias. Ela ocorreu do ano de 1453 (Século XIV), quando da tomada de Constantinopla pelos Turcos otomanos, até 1789 (Século XVIII) com a Revolução Francesa. O período mais festejado é o que vai até o Século XVI, com o chamado Renascimento das artes, da música e das ciências, pois revelaram grandes transformações, marcada pelo humanismo.
Métodos de Comunicação para Pessoas Surdas
Gerolamo Cardomo (1501 a 1576), médico e matemático inventou um código para ensinar pessoas surdas a ler e escrever, influenciando o monge beneditino Pedro Ponce de Leon (1520-1584) a desenvolver um método de educação para pessoa com deficiência auditiva, por meio de sinais. Esses métodos contrariaram o pensamento da sociedade da época que não acreditava que pessoas surdas pudessem ser educadas.
Cardano
Gerolamo Cardomo, matemático e inventor de um método para ensinar pessoas surdas a ler e escrever.
Ponce de Leon e Bonet

Pedro Ponce de Leon, cria método de sinais para ensinar pessoas surdas. Na foto um monumento a Pedro Ponce de Leon com Juan Pablo Bonet por Manuel Iglesias Lecio, 1920, nos Jardines de Buen Retiro em Madri, Espanha.
Pablo Bonet
Em 1620 na Espanha, Juan Pablo Bonet (1579-1633), escreveu sobre as causas das deficiências auditivas e dos problemas da comunicação, condenando os métodos brutais e de gritos para ensinar alunos surdos. No livro Reduction de las letras y arte para ensenar a hablar los mudos, Pablo Bonet demonstra pela primeira vez o alfabeto na língua de sinais.

Na Inglaterra John Bulwer (1600 a 1650), defendeu um método para ensinar aos surdos a leitura labial, além de ter escrito sobre a língua de sinais.
Linguagem de sinais
Língua de sinais apresentada por Pablo Bonet em seu livro Reduction de las letras y arte para ensenar a hablar los mudos.
Parè Método cirúrgico para amputações: Ambroise Paré (1510-1590), médico francês do Renascimento, atendia no campo de batalha e se dedicou a encontrar a cura para os ferimentos de guerra que causavam amputações. Aperfeiçoou os métodos cirúrgicos para ligar as artérias, substituindo as cauterizações com ferro em brasa e com azeite fervente. Foi grande a sua contribuição na criação de próteses.
Lutero Morte por afogamento às pessoas com deficiência mental: No Século XV o Príncipe de Anhalt, na Alemanha saxônica, desafiou publicamente o reformador religioso Martinho Lutero, não cumprindo sua ordem de afogar crianças com deficiência mental. Lutero afirmava que estas pessoas não possuíam natureza humana e eram usadas por maus espíritos, bruxas, fadas e duendes.
Os Séculos XVI e XVII em toda a Europa foram marcados pela massa de pobres, mendigos e pessoas com deficiência. Alguns verdadeiros, muitos falsos, reuniam-se em confrarias (organizações), em locais e horas determinadas, para mendigar, com divisão de lucros e cobranças de taxas entre os participantes do grupo. Paul Lacroix, escritor e jornalista francês, dedicou-se a escrever sobre esses grupos de pessoas.
Poetas, físicos, matemáticos e astrônomos com deficiência
Camões Luís de Camões (1524 a 1580), o poeta de Os Lusíadas, perdeu a visão de um dos olhos, em batalha no Marrocos.


John Milton (1608-1674), um dos maiores poetas ingleses era cego e com o apoio de escriba e ledor, escreveu várias obras, dentre elas Paraíso Perdido.
Galileu Galilei Galileo Galilei, físico, matemático e astrônomo, em conseqüência de seu reumatismo, ficou cego nos últimos anos de sua vida mas, ativo em suas pesquisas científicas. Situação semelhante foi vivida pelo astrônomo alemão Johannes Kepler (1571 a 1630), que tinha deficiência visual e desenvolveu estudos sobre o movimento dos planetas.
As primeiras cadeiras de rodas

Cadeira Chinesa Século VI: 1a. imagem de uma cadeira de rodas escavada em pedra em um sarcófago na China.
Felipe II Século XVI: Rei Felipe II da Espanha usou uma cadeira bem elaborada com descanços móveis para braços e pernas.
Stephen Farfler Stephen Farfler era paraplégico e em 1655, na Alemanha, construiu uma cadeira de rodas para se locomover. Era feita em madeira, com duas rodas atrás e uma na frente, acionada por duas manivelas giratórias.
Cadeira de Bath Cadeira de Bath, Inglaterra, inventada por John Dawson, 1783.
Século XVIII Século XVIII: Cadeira reclinável, pés ajustáveis "em busca de conforto".
Século XIX Século XIX, XX: Após a Guerra Civil Americana e a 1a. Guerra Mundial: cadeiras eram construídas de madeira, assentos de palha, apoios ajustáveis para braços e pés.
Everest e Jenning 1932: Everest e Jennings projetaram a 1a. cadeira dobrável. Eles fundaram a empresa Everest & Jennings.
1950: Everest & Jennings desenvolveram a 1a. Cadeira motorizada.
Cadeira moderna de competição 1952: Início das competições entre cadeirantes, no Centro de Reabilitação de Stoke Mandeville, Inglaterra.
1964: Realização dos primeiros Jogos Para-olímpicos em Tokyo, Japão.
Pinel Durante os séculos XVII e XVIII houve grande desenvolvimento no atendimento às pessoas com deficiência em hospitais. Havia assistência especializada em ortopedia para os mutilados das guerras e para pessoas cegas e surdas.

Philippe Pinel (1745-1826) explicou que pessoas com perturbações mentais devem ser tratadas como doentes, ao contrário do que acontecia na época, quando eram trados com violência e discriminação.

No quadro, Pinel liberta doentes mentais acorrentados.
Surge o BRAILLE
Código de Barbier Tabela dos símbolos de Barbier
No Século XIX, em 1819, Charles Barbier (1764-1841), um capitão do exército francês, atendeu a um pedido de Napoleão e desenvolveu um código para ser usado em mensagens transmitidas à noite durante as batalhas. Em seu sistema uma letra, ou um conjunto de letras, era representada por duas colunas de pontos que por sua vez se referiam às coordenadas de uma tabela. Cada coluna podia ter de um a seis pontos, que deveriam estar em relevo para serem lidos com as mãos. O sistema foi rejeitado pelos militares, que o consideraram muito complicado.
Barbier então apresentou o seu invento ao Instituto Nacional dos Jovens Cegos de Paris. Entre os alunos que assistiram a apresentação encontrava-se Louis Braille (1809- 1852), então com quatorze anos, que se interessou pelo sistema e apresentou algumas sugestões para seu aperfeiçoamento. Como Barbier se recusou a fazer alterações em seu sistema, Braille modificou totalmente o sistema de escrita noturna criando o sistema de escrita padrão – o BRAILLE – usado por pessoas cegas até aos dias de hoje.
Braille
Louis Braille
Código Braille O BRAILLE é lido da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos. Cada célula permite 63 combinações de pontos. Podem-se designar combinações de pontos para todas as letras e para a pontuação da maioria dos alfabetos. Vários idiomas usam o BRAILLE. Pessoas com prática conseguem ler até 200 palavras por minuto.
O Século XIX, ainda com reflexos das idéias humanistas da Revolução Francesa, ficou marcado na história das pessoas com deficiência. Finalmente se percebia que elas não só precisavam de hospitais e abrigos mas, também, de atenção especializada. É nesse período que se inicia a constituição de organizações para estudar os problemas de cada deficiência. Difundem-se então os orfanatos, os asilos e os lares para crianças com deficiência física. Grupos de pessoas organizam-se em torno da reabilitação dos feridos para o trabalho, principalmente nos Estados Unidos e Alemanha.
Napoleão Bonaparte determinava expressamente a seus generais que reabilitassem os soldados feridos e mutilados para continuarem a servir o exército em outros ofícios como o trabalho em selaria, manutenção dos equipamentos de guerra, armazenamento dos alimentos e limpeza dos animais. Nasce com ele a idéia de que os ex-soldados eram ainda úteis e poderiam ser reabilitados.
Essa idéia de reabilitação foi compreendida em 1884 pelo Chanceler alemão Otto Von Bismark, que constitui a lei de obrigação à reabilitação e readaptação no trabalho.
Dom Pedro II
      Dom Pedro II
No Brasil, por insistência do Imperador Dom Pedro II (1840-1889), seguia-se o movimento europeu e era criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos (atualmente Instituto Benjamin Constant), por meio do Decreto Imperial nº 1.428, de 12 de Setembro de 1854. Três anos depois, em 26 de setembro de 1857, o Imperador, apoiando as iniciativas do Professor francês Hernest Huet, funda o Imperial Instituto de Surdos Mudos (atualmente Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES) que passou a atender pessoas surdas de todo o país, a maioria abandonada pelas famílias.
7. O SÉCULO XX
O Século XX trouxe avanços importantes para as pessoas com deficiência, sobretudo em relação às ajudas técnicas ou elementos tecnológicos assistivos. Os instrumentos que já vinham sendo utilizados - cadeira de rodas, bengalas, sistema de ensino para surdos e cegos, dentre outros - foram se aperfeiçoando. A sociedade, não obstante as sucessivas guerras, organizou-se coletivamente para enfrentar os problemas e para melhor atender a pessoa com deficiência.
Por volta dos anos de 1902 até 1912, cresceu na Europa a formação e organização de instituições voltadas para preparar a pessoa com deficiência. Levantaram-se fundos para a manutenção dessas instituições, sendo que havia uma preocupação crescente com as condições dos locais aonde as pessoas com deficiência se abrigavam. Já começavam a perceber que as pessoas com deficiência precisavam participar ativamente do cotidiano e integrarem-se na sociedade.
Peter Pan
      Peter Pan
Na literatura infantil, por exemplo, discutia-se o futuro das crianças desamparadas. O livro de J.M. Barrie, com o tema de Peter Pan, o menino que não queria crescer, inspirou peças teatrais, assim como os movimentos sociais de 1904. Em Londres realizou-se a Primeira Conferência sobre Crianças Inválidas, tendo como tema principal a integração na sociedade das crianças institucionalizadas. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, na cidade de Saint Louis, organizou-se o primeiro Congresso Mundial dos Surdos para discutir os métodos de comunicação por sinais e o do oralismo.
Na Alemanha, nos anos seguintes, fez-se o primeiro censo demográfico de pessoas com deficiência, com o objetivo de organizar o Estado para melhor atender as pessoas com deficiência.
Nos Estados Unidos, realizou-se a Primeira Conferência da Casa Branca sobre os Cuidados de Crianças Deficientes e, na cidade de Boston, em 1907, a Goodwill Industries organizou as primeiras turmas de trabalho protegido de pessoas com deficiência nas empresas.
Declaração de Guerra, 1914
     Delaração de Guerra do
Império Alemão, em 1914
Em 1914 o Império Alemão declara guerra. O período da Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, em que os Impérios Alemão, Austro-Húngaro e Turco-Otomano batiam-se contra o Império Britânico, França, Rússia e ao final os Estados Unidos, foram anos de muitac arestia no mundo. As mulheres puseram-se a trabalhar para sustentar a família enquanto os maridos estavam na guerra. As crianças com e sem deficiência ficavam em abrigos.
Mesmo com o fim da Primeira Grande Guerra os conflitos políticos continuaram e os países estavam em crise financeira. No entanto, era necessário que os governos se preocupassem com o desenvolvimento de procedimentos reabilitação dos ex-combatentes, melhorando a reabilitação dos jovens veteranos.
Somente em 1919, com o Tratado de Versailles, é consolidada a paz, embora não tenha sido duradoura, e é criado um importante organismo internacional para tratar da reabilitação das pessoas para trabalho no mundo, inclusive das pessoas com deficiência: a Organização Internacional do Trabalho. OIT - Organização Internacional do Trabalho
Imediatamente ao pós-guerra, a sociedade civil atenta e preocupada com os problemas sociais em curso, organizou-se para buscar soluções de melhorar os mecanismos de reabilitação. A primeira organização a se constituir foi a Sociedade Escandinava de Ajuda a Deficientes, atualmente conhecida como Rehabilitation Internacional. Outras se seguiram ao longo do Século XX, conforme o quadro abaixo:
Em 1929 teve início um período de crise econômica mundial - a Grande Depressão -, com altas taxas de desemprego e queda do produto interno bruto de diversos países europeus, Estados Unidos e Canadá.
Roosevelt
O 32º Presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, em 1933, com o programa político New Deal, atrelado a assistência social, ajudou a minimizar os efeitos da Depressão. Roosevelt que era paraplégico, embora não gostasse de ser fotografado em sua cadeira de rodas, contribuiu para uma nova visão da sociedade americana e mundial de que a pessoa com deficiência, com boas condições de reabilitação, pode ter independência pessoal. Ele foi um exemplo seguido por muitos americanos com deficiência que buscavam vida independente e trabalho remunerado.
A Segunda Guerra Mundial, ocorrida de 1939 a 1945, liderada pelo alemão Hitler, assolou e chocou o mundo pelas atrocidades provocadas. Sabe-se que o Holocausto eliminou judeus, ciganos e também pessoas com deficiência. Estima-se que 275 mil adultos e crianças com deficiência morreram nesse período e, outras 400 mil pessoas suspeitas de terem hereditariedade de cegueira, surdez e deficiência mental foram esterilizadas em nome da política da raça ariana pura.
O triste desfecho da guerra, quando os Estados Unidos lançaram bombas nucleareas sobre Hiroshima e Nagasaki, foi devastador e matou 222 mil pessoas, deixando seqüelas nos sobreviventes civis.
Bomba Nuclear
O cogumelo atômico após
o lançamento da bomba
do avião Enola Gay.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo precisou se reorganizar. A Europa estava devastada, assim como os países aliados porque enviaram tropas para derrotar Hitler. As cidades exigiam reconstrução, as crianças órfãs precisavam de abrigo, comida, roupas, educação e saúde. Os adultos sobreviventes das batalhas têm seqüelas e precisam de tratamento médico e reabilitação.
Com a Carta das Nações Unidas, criou-se a Organização das Nações Unidas – ONU, no ano de 1945 em Londres, visando encaminhar com todos países membros as soluções dos problemas que assolavam o mundo. Os temas centrais foram divididos entre as agências:
ENABLE – Organização das Nações Unidas para Pessoas com Deficiência UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância OMS - Organização Mundial da Saúde
Em 1948, a comunidade internacional se reúne na nova sede da ONU, em Nova York, jurando solenemente nunca mais produzir as atrocidades como aquelas cometidas durante a Segunda Guerra Mundial. Os dirigentes mundiais decidem então reforçar a Carta das Nações Unidas, declarando em um só documento todos os direitos de cada pessoa, em todo lugar e tempo. Nasce a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Declaração Universal dos Direitos do Homem Artigo 1º: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
No artigo 25 há menção expressa à pessoa com deficiência, designada de “inválida”
Artigo 25 em relação à pessoa com deficiência:
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
É nesse tempo de reconstrução que as instituições voltadas para as pessoas com deficiência se consolidaram em todos os países, principalmente buscando alternativas para sua integração social e aperfeiçoamento das ajudas técnicas para pessoas com deficiência física, auditiva e visual.
Paychek "The Paycheck," (O contracheque) Desenho de Norman Rockwell, década de 1950 - O trabalhador, usuário de cadeira de rodas, vestido com roupas de trabalho e carregando uma marmita, sorri feliz levando em uma das mãos seu contracheque. A outra mão gira rápido as rodas da cadeira de forma a levantar poeira, representada sob as rodas.
Paraolimpíadas A sociedade mundial continuou com seus propósitos de evoluir e assim fez porém, marcada pela Guerra do Vietnã (EUA X Vietnã), que durou de 1959 a 1975. Nesse período muitas novas técnicas de guerra foram experimentadas, como as bombas químicas. Os movimentos pacifistas se intensificavam a pregação de paz no mundo.

Realizaram-se os primeiros jogos para atletas com deficiências, organizados nos moldes dos Jogos Olímpicos, em Roma em 1960, e ficaram conhecidos como Jogos Paralímpicos.
Bibliografia:
GUGEL, Maria aparecida Gugel. Pessoas com Deficiência e o Direito ao Trabalho. Florianópolis : Obra Jurídica, 2007.
SILVA, Otto Marques da. A Epopéia Ignorada : A pessoa Deficiente na História do Mundo de Ontem e de Hoje. São Paulo : CEDAS, 1986.
http://www.egiptologia.com/
http://www.milenio.com/
http://oi.uchicago.edu/
http://www.univie.ac.at/
http://www.storiadimilano.it/
http://pt.wikipedia.org/

FONTE;http://www.ampid.org.br/Artigos/PD_Historia.php