segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PREVENÇÃO PODE REDUZIR CASOS DE DEFICIÊNCIA FÍSICA

PREVENÇÃO PODE REDUZIR CASOS DE DEFICIÊNCIA FÍSICA
A necessidade por medidas preventivas à deficiência física no Brasil
Autor: Antônio Carlos Fernandes

A prevenção adequada pode evitar que milhares de pessoas tornem-se portadoras de deficiência física. Analisada sob este aspecto, a questão deveria merecer mais atenção por parte das famílias, escolas, autoridades, comunidade e cada cidadão. Estudos e estatísticas da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) são conclusivos quanto à necessidade de se ampliarem e aperfeiçoarem no Brasil  as medidas de caráter preventivo.

A entidade, fundada em 1950, pelo médico Renato da Costa Bomfim, mantém amplo serviço de assistência médica, pedagógica e social. Em 2005, realizou cerca 1,1 milhão de atendimentos (mais de cinco mil por dia), fabricou aproximadamente 55 mil aparelhos ortopédicos, realizou quase seis mil cirurgias e 120 mil consultas. Foi mais um ano de intenso trabalho dedicado à reabilitação e reintegração social de pessoas, em especial crianças e adolescentes. Hoje, 96% de seus pacientes nada pagam pelos tratamentos em suas sete unidades: Central (Vila Clementino), Mooca e Osasco, em São Paulo; Pernambuco; Minas Gerais; Rio Grande do Sul; e Rio de Janeiro.

Os pacientes recebem assistência de médicos, fisioterapeutas, terapeutas-ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos, arte-terapeutas, musicoterapeutas, hidroterapeutas e fisioterapeutas, além das escolas da entidade, com turmas do ensino fundamental, de primeira à quarta série, cujo objetivo é preparar as crianças para o ingresso no ensino convencional. Destaque humanitário deve ser conferido ao seu corpo de voluntários, cujo trabalho é muito importante.

A despeito de toda essa estrutura e do imenso esforço para prover o atendimento, a entidade ainda tem filas, numa evidência de que o País não vem conseguindo avançar adequadamente no campo da prevenção. E esta é uma das principais bandeiras da AACD. As medidas necessárias, como será possível observar neste artigo, são perfeitamente factíveis. Um exemplo é a paralisia cerebral, causa de numerosos casos de deficiência física, a maioria deles bastante grave. Numa amostra de 6.007 pacientes, cerca de 2.100 (35%) são paraplégicos e 1.700 (28%), tetraplégicos. Há, ainda, hemiplégicos, portadores de retardo psicomotor, atetóides (pessoas que não controlam certos movimentos) e atáxicos (aqueles que não têm coordenação dos movimentos musculares voluntários).

A prevenção da paralisia cerebral deve começar antes do nascimento da criança, com a observância de nutrição adequada por parte da mãe, controle do fator Rh (para verificar a compatibilidade), verificação de eventual incompatibilidade ístimo-cervical e exames para diagnosticar diabetes e hipertensão. Também é fundamental a abstinência de álcool e drogas. Os cuidados devem continuar no nascimento, com o estímulo ao parto normal, boas condições hospitalares e presença de pediatra na sala do parto. Esta, aliás, sempre foi uma bandeira da AACD, felizmente vitoriosa em 1988, no Congresso Brasileiro de Paralisia Cerebral. Sugestão foi aceita pela Sociedade Brasileira de Pediatria e encampada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A prevenção contra o problema deve prosseguir na infância, combatendo-se o baixo peso, os riscos de asfixia, distúrbios metabólicos e as causas das convulsões. Estas multiplicam por três as chances de aparecimento de paralisia cerebral. Tal problema manifesta-se em 10,1% das crianças que têm convulsões. Os cuidados preventivos devem ser ainda maiores nos bebês prematuros. Para todos os recém-nascidos, é muito importante o aleitamento materno, puericultura adequada, vacinações e o combate às infecções, lembrando que 33% dos casos de paralisa cerebral ocorrem após o nascimento.

Outra causa grave de deficiência física é a lesão<

* * Médico, é diretor clínico da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente)

Nenhum comentário:

Postar um comentário