quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Aspectos téoricos da atividade aquática para deficientes

I. Introdução
Nos últimos anos, muito se tem falado, muito se tem escrito sobre os efeitos benéficos das atividades na água para pessoa portadora de deficiência, mas na realidade, a utilização da água como elemento terapêutico, não é novo, pois de acordo com Harris (1978) apud Lépore et al (1998), já desde o tempo de Hipócretes, a água era utilizada no auxílio à reabilitação; por exemplo, os gregos e romanos já utilizavam a água corrente para a cura de doenças Moran ( 1979) apud Lépore et al (1998). Nos Estados Unidos, a atividade na água como terapia iniciou-se antes mesmo da Primeira Guerra Mundial, sendo utilizada para indivíduos com problemas reumáticos. Segundo Lépore et al (1998), Charles Lowman foi considerado o pai dos exercícios aquáticos como terapia e sistematizou a hidroterapia por volta de 1930. Após a Segunda Guerra Mundial, a água também, foi grandemente utilizada como elemento terapêutico para traumáticos e amputados, bem como para soldados com problemas psicológicos.
A natação para pessoas portadoras de deficiência é compreendida como a capacidade do indivíduo para dominar o elemento água, deslocando-se de forma independente e segura sob e sobre a água utilizando, para isto, toda sua capacidade funcional, residual e respeitando suas limitações.
A água apresenta propriedades que facilitam para o indivíduo sua locomoção sem grande esforço, pois sua propriedade de sustentação (empuxo) e eliminação quase que total da força da gravidade, podem segundo Campion (2000), “aliviar o estresse sobre as articulações que sustentam o peso do corpo, auxiliando no equilíbrio estático e dinâmico, propiciando dessa forma maior facilidade de execução de movimentos que, em terra seriam muito difíceis ou impossíveis de serem execultados”.

II. Objetivos
Objetivos gerais
Demostrar através de aspectos teóricos os benefícios da atividade aquática para portadores de deficiência.

Objetivos específicos
  • Apresentar de forma teórica os benefícios fisiológicos sobre os sistemas cardiovascular, respiratório e locomotor;
  • Apresentar de forma teórica os benefícios psicossociais;
  • Apresentar de forma teórica os benefícios cognitivos;
  • Demonstrar de forma teórica os efeitos terapêuticos de atividades realizadas na água.


III. Fundamentação teórica

Benefícios fisiológicos
Segundo Campion (2000), “ quando o corpo está exposto a um estímulo frio, por exemplo, em água de temperatura fria, estes vasos se contraem, evitando que seja liberado calor interno, ao contrário, se o estímulo de calor é maior que a temperatura interna, há uma vaso dilatação para que o calor seja liberado e a temperatura se mantenha em equilíbrio. Com as mudanças constantes de temperatura interna da água este mecanismo é constantemente acionado, fazendo com que o organismo adquira uma maior resistência contra mudanças bruscas de temperatura externa, proporcionando ao indivíduo, também, maior resistência contra as doenças provocadas pelas intempéries do meio”.
Para o mesmo autor, “ concomitantemete com a grande influência sobre os sistema de regulação térmica, a água, também, apresenta grande significado na melhoria do sistema circulatório e coração, pois a pressão e a resistência exercidas pela água sobre o corpo, juntamente com esforço exigido na execução dos movimentos agem diretamente sobre o sistema, uma vez que provoca o aumento do metabolismo, promovendo o fortalecimento da musculatura cardíaca, o aumento do volume do coração e uma consequente melhoria no sistema circulatório, já no sistema respiratório provocará o fortalecimento dos músculos respiratórios, aumento do volume máximo respiratório e consequente melhoria, também na elasticidade da caixa torácica”.
“Em se tratando de pessoas portadoras de deficiência, juntamente com grande dificuldade de equilíbrio e desenvolvimento da marcha, as características peculiares da água como alta viscosidade, espessura, eliminação da gravidade vêm contribuir para a realização de exercícios de educação e/ou reeducação motora, proporcionando-lhes maior segurança na execução dos movimentos”. (Lépore, 1999)

Benefícios psicossociais
Ao contrário do que muitos pensam, a natação não é uma atividade solitária e extremamente individualista. Segundo Lépore (2000), “atividades aquáticas ou aprender a nadar é também um processo de aprendizagem de socialização. Daí a necessidade do portador de deficiência aprender a galgar degrau a degrau, inicialmente, relacionando-se indivíduo-objeto para depois pessoa-pessoa e, por último, o indivíduo interagindo com o grupo. As atividades aquáticas devem propiciar ao indivíduo situações de desenvolvimento de atividades em pequenos e grandes grupos, estimulando assim as experiências corporais, a integração e o convívio social”.
Para Campion (2000), “o aspecto psicológico, o efeito na melhoria do humor e na motivação em pessoas portadoras de deficiência é altamente significativo através da natação, além de possibilidade de descarregar as tensões psíquicas através do poder de relaxamento da água e satisfazer as necessidades de movimento”.

Benefícios cognitivos
Os aspectos motivacionais e propriedades terapêuticas da água estimulam o desenvolvimento da aprendizagem cognitiva e o poder de concentração, pois o aprendiz busca compreender o movimento do seu próprio corpo explorando as várias formas de se movimentar, adaptando suas limitações às propriedades da água (Dulcy, 1983 apud Lépore et al 1998). De acordo com American Red Cross, 1977 apud Lépore et al 1998, muitos instrutores de atividades motoras na água têm interagidos conteúdos da aprendizagem escolar nas atividades aquáticas, reforçando desta forma o aspecto cognitivo destas crianças, por exemplo, contar viradas, mergulhar objetos de formas e cores diferentes, entre outras.

Efeitos terapêuticos da atividade na água
Para Lépore (1999), podemos conseguir os seguintes efeitos obtidos com exercícios terapêuticos da água, considerando os vários tipos de deficiências, tais como:
  • Diminuição de espasmos e relaxamento muscular;
  • Alívio da dor muscular e articular;
  • Manutenção ou aumento da amplitude do movimento articular;
  • Fortalecimento e aumento da resistência muscular localizada;
  • Melhoria circulatória e na elasticidade da pele;
  • Melhoria no equilíbrio estático e dinâmico;
  • Relaxamento dos órgãos de sustentação (coluna vertebral)
  • Melhoria da postura;
  • Melhoria da orientação espaço-temporal.


IV. Material e método
O presente trabalho foi realizado através de análise de conteúdo.

V. Discussão
A atividade na água, ou o movimento de nadar, significa para o portador de deficiência muitas vezes, um momento de liberdade, momento este em que consegue movimentar-se livremente, sem auxílio de bengala, muletas, pernas mecânicas ou cadeiras de rodas. O movimento livre lhe propicia a possibilidade de experimentar suas potencialidades, de vivenciar suas limitações, isto é, conhecer a si próprio, confrontar-se consigo mesmo, quebrar as barreiras com seu “eu” próprio. A partir do momento em que o portador de deficiência descobre suas potencialidades, apesar das suas limitações, descobrindo sua capacidade de se movimentar na água, sem auxílio, inicia seu prazer em desfrutar a água, cresce a sua auto-estima, aumenta sua auto-confiança, consequentemente sua independência.

VI. Conclusào e recomendação
Conclui-se o presente estudo entendendo-se que a atividade aquática satisfaz as necessidades do deficiente, especialmente a necessidade de “açao”, por isso ela deve ser vista como fator de desenvolvimento, tanto fisiológico, psicossocial e cognitivo a qual pode desvincular-se das situações reais e levá-la a agir independentemente do que ela vê.
Recomenda-se o trabalho de estimulação aquática para o deficiente através da Educação Física Adaptada, uma vez que o mesmo sempre esteve sob domínio de outras áreas como a médica, pois a estimulação aquática é um trabalho desenvolvido de uma forma menos rotineira, mecânica, restritiva e reforçadora da deficiência.

Referências bibliográficas
  • Adams, Ronald C.. Jogos, Esportes e Exercícios para Deficientes Físicos. São Paulo, ed. Manole, 1985.
  • Lépore, Mônica. Programas Aquáticos Adaptados. São Paulo, ed. Atheneu, 1999.
  • Campion, Margareth. Hidroterapia: princípios e prática. São Paulo: ed. Manole, 2000

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