Professor de geografia da rede estadual de ensino há 23 anos, José Carlos da Silva é deficiente visual e conhece bem os obstáculos para conquistar um lugar na sociedade. Foi com base em sua própria história que, em 2001, desenvolveu um projeto para inclusão de deficientes visuais em Suzano. A iniciativa envolve alunos da rede estadual e pessoas da comunidade.
Em uma sala na Escola Estadual Profª Leda Fernandes Lopes, José Carlos passou a ensinar outros deficientes visuais em aulas de reabilitação, mobilidade e noções de espaço e de informática. “Visamos, entre outros aspectos, o ingresso profissional desses estudantes”, explica o professor, de 47 anos, que perdeu a visão aos 7 por conta de uma meningite.
A sala possui materiais e equipamentos especiais, como livros em Braille, estante para leitura em Braille, soroban (instrumento para cálculo, similar a um ábaco), máquina de assinatura e computadores com software de voz. Todos os equipamentos são oferecidos pela Secretaria de Estado da Educação.
Para que os alunos possam participar, o projeto é desenvolvido no contraturno das aulas normais. Mas o professor também atua nas aulas do ensino regular, oferecendo apoio pedagógico a outros professores no atendimento aos estudantes com deficiência visual. “A dificuldade é grande, por isso é importante que esse jovem tenha um respaldo, alguém para direcioná-lo”, comenta José Carlos. “Na minha época era mais difícil. Os livros em Braille eram escassos. Não havia material especial como hoje”, recorda.
O encaminhamento para o mercado de trabalho acontece por meio do contato com empresas que dispõem de vagas para deficientes visuais. “Muitos alunos que passaram pelo projeto já estão trabalhando, alguns já se casaram e outros continuam estudando, o que é muito gratificante para nós”, comenta o professor.
É o caso de Danilo Augusto Beltrão, de 25 anos, que estudou na unidade entre a 5ª série do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio, concluído em 2008. “Aprendi Braille com o professor José Carlos, o que foi fundamental para continuar meus estudos, me formar e ter uma profissão, além do incentivo e apoio que ele sempre transmitiu, fazendo a gente acreditar que era capaz”, disse Danilo, que há um ano se formou massoterapeuta. O jovem concilia a profissão com a de professor de Braille.
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