domingo, 25 de dezembro de 2011

1.Maria Figueiredo, mãe da Maria, com oito anos, com trissomia 21

Maria Figueiredo chegou a pensar que a sua segunda filha tinha morrido. No hospital ninguém lhe dizia nada, nem médicos, nem marido. Só muitas horas depois do parto, já numa aflição crescente, Maria foi informada e pode respirar de alívio: "A Micas tinha Síndrome de Down mas pensei: graças a Deus está viva."


.Quando chegou a altura da escola inscreveu as duas filhas num colégio. A matrícula foi recusada. Aceitou o facto como uma incapacidade de resposta da própria escola em lidar com uma criança diferente. Acabou por inscrevê-la num Jardim de Infância público: «Não só aceitaram logo, como diligenciaram as condições para haver uma educadora de ensino especial. Nunca a discriminaram. Antes, coordenavam-se com a terapeuta da fala e seguiam um programa de estimulação com actividades próprias para a Maria. A professora chegou a vir cá a casa para me ensinar a trabalhar com ela».

.Com a entrada para a Primária, Maria acompanhou a irmã e os meninos da sua aula para a nova escola. Mas «Os colegas da Micas, que tinham vindo da outra escola, ficaram juntos. A minha filha e outra menina, também com trissomia 21, tinham sido colocadas noutra sala. Fartei-me de refilar.»

.Mas manteve-a na escola. Apesar de não estar contente com a professora, apesar de só haver uma professora de ensino especial para a escola inteira, apesar da discriminação. Razão? A mãe justifica: «Ela gosta muito dos colegas, está ao pé dos irmãos (entretanto Maria teve outro filho), tem o ATL ali ao lado, a terapeuta da fala também está muito próxima. Está apoiada por muita gente que conhece e com quem se sente muito bem». Maria ainda não sabe ler nem contar e, na escola, não está a ser acompanhada como deveria. A mãe não se mostra preocupada, porque ela tem um enquadramento afectivo por agora prioritário para o seu bem-estar.
. Na primeira vacina, a enfermeira exclamou: «Mas ela é um bocadinho mongolóide!». «Um bocadinho? É toda!», respondeu-lhe. «Esta atitude, vinda de uma enfermeira, é inacreditável».
Desde logo, a questão do acompanhamento. Aos dois meses a Maria começou a fazer natação e, mais tarde, a ser acompanhada pelo CEACF (Centro de Estudos de Apoio à Criança e à Família), um serviço estatal apoiado pela Segurança Social de Lisboa e Vale do Tejo.

Soldado baleado no Morro do Fogueteiro vai ficar tetraplégico

Policiamento é reforçado nos morros Fallet e Fogueteiro após tiroteio na noite de sábado, quando um policial foi baleado Foto: Roberto Moreyra / Extra
Carolina Pádua
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O soldado Alessando Coutinho, da UPP do Morro do Fallet/Fogueteiro, vai ficar tetraplégico após ter sido baleado durante um tiroteio com bandidos, no início da noite deste sábado, em Santa Teresa. Ele foi levado para o Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), onde foi operado. Os médicos do HCPM diagnosticaram a tetraplegia logo após a retirada da bala, que estava alojada na traqueia.
Alessandro fazia uma ronda de rotina na comunidade quando se deparou com dez homens armados. O bando atirou contra o policial, que foi atingido também na barriga. Na hora do tiroteio, ele estava acompanhado de outro policial, que não foi atingido. Um caveirão e oito homens do Bope tiveram que entrar na comunidade para resgatar os policiais.
O confronto aconteceu por volta das 18h, no Fogueteiro, na localidade conhecida como Cajueiro


Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/soldado-baleado-no-morro-do-fogueteiro-vai-ficar-tetraplegico-2612277.html#ixzz1hZrZy0wq 

Acidentes de trânsito mutilam vítimas e fazem lotar hospitais

Acidentes de trânsito mutilam vítimas e fazem lotar hospitais. Além de acolhedora, simpática e arborizada, Boa Vista virou também a capital dos mutilados no trânsito. Não é difícil presenciar cenas hollywoodianas, com carros capotados em locais onde aparentemente não deveria ocorrer esse tipo de tragédia.
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Os acidentes se tornaram algo tão corriqueiro em Roraima, que beira o absurdo. Seja nas rodovias federais ou nas largas avenidas de Boa Vista, os jovens, principais vítimas, estão morrendo ou ficando com sequelas para sempre.
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Não são raros os registros de pessoas que perderam os movimentos dos membros ou até mesmo tiveram pernas, mãos e braços amputados. Tudo resultado da combinação perigosa do consumo de álcool e direção, aliada à imprudência, imperícia e negligência no trânsito.
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É o caso de um jovem de 34 anos que prefere não se identificar. Ele conta que sua vida mudou completamente depois de um acidente ocorrido há cinco anos.
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Afirma que seguia por uma avenida preferencial de motocicleta quando foi colidido por outra moto. O condutor estava bêbado. Ele sofreu fratura exposta em uma das pernas, que lhe deixou sequelas até hoje.
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Além da gravidade do acidente, o homem conta que passou por uma cirurgia ortopédica mal sucedida, que lhe deixou com uma perna sete centímetros menor que a outra agravando ainda mais o problema. Foram oito meses deitado numa cama, sem poder andar.
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Ainda que faça uma cirurgia reparadora – que é o que ele deseja – um ortopedista já lhe avisou que o dano será apenas minimizado, não há solução definitiva.
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Ele já foi para a mesa de cirurgia três vezes, mas teve o procedimento suspenso por falta de material médico hospitalar na rede pública. Aguarda que o Estado receba os insumos adquiridos para que a intervenção cirúrgica seja feita.
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Pelo resto de sua vida, ele disse que não poderá mais jogar futebol, caminhar na praça, andar de bicicleta, entre outras atividades que gostava de fazer, mas que exigem esforço físico. Além disso, também desenvolveu um problema na coluna.
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“Eu era um homem super ativo. Hoje, não consigo ficar muito tempo em pé, porque minha perna incha e dói. Esta tragédia afetou em 100% a minha vida”, lamentou.
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O jovem faz um alerta para que o número de vítimas no trânsito seja reduzido. “Temos que dirigir por nós e pelos outros, pois há muitas pessoas imprudentes no trânsito. Também peço que a cidade seja mais sinalizada, pois atualmente a situação é precária”, desabafou.
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REFLEXOS – Os acidentes não provocam apenas danos físicos e transtornos às pessoas. Também têm reflexos na economia e no mercado de trabalho, pois as vítimas precisam se afastar da produção ficando “encostadas” pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
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Apesar do órgão não ter estatísticas relacionadas sobre os beneficiários vítimas de acidentes de trânsito, não é difícil imaginar que este tipo de concessão tenha aumentado nos últimos anos, já que Roraima é um dos líderes de ranking nacional de acidentes de trânsito.
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Motociclistas representam 40% dos atendimentos de reabilitação
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Passada a fase crítica do acidente, as vítimas do trânsito podem ser encontradas no Núcleo Estadual de Reabilitação 5 de Outubro, instalada no Centro, onde buscam complemento ao tratamento médico ou adaptação à nova realidade física.
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Em média são realizados 200 atendimentos por mês. Desses, 40% são de atendimentos as vítimas de acidentes de trânsito envolvendo motocicletas. O diretor técnico da unidade, Messias Pereira de Oliveira, explica que o tempo de recuperação depende do tipo de gravidade da lesão. Se forem fraturas nas pernas e nos braços, as mais comuns, duram em média de 4 a 6 meses. Se for traumatismo craniano o atendimento leva de um ano ou mais, dependendo do comprometimento cerebral.
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A motocicleta é o tipo de veículo que em um acidente provoca maior gravidade de lesão, principalmente por causa da vulnerabilidade do condutor. Mesmo assim, segundo Oliveira, a maioria dos danos é reversível.
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A fisioterapeuta Ana Laura Grangeiro Gomes é responsável por 25 pacientes. Um deles é o pescador Aldemir da Silva Costa, 57, que em novembro do ano passado teve sua motocicleta arrastada por um carro, enquanto trafegava por uma avenida preferencial. O motorista fugiu sem prestar socorro.
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Ele fraturou o fêmur e foi submetido a uma cirurgia. Há quatro meses está fazendo fisioterapia no núcleo. De acordo com Ana Laura, o acidentado faz exercícios de fortalecimento da musculatura. Ele está melhor fisicamente, apesar de andar mancando.
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“Estou até hoje sem trabalhar e nem sei quando terei condições de voltar. Quem está sustentando a casa são minha filha e minha mulher, mas o dinheiro é pouco. Conto com a ajuda de outros familiares para comprar os remédios e outras coisas necessárias”, disse.
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A fisioterapeuta observa que a unidade dispõe de aparelhos básicos para atender aos pacientes. São necessários mais equipamentos e um local amplo que possa atender a demanda que é maior do que a oferta de serviços.
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Quando o núcleo funcionava no bairro Nova Canaã, o número de atendimento era quase o dobro. O local foi fechado por causa da infestação de pombos e infiltrações no prédio.
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Fonte: Folha web

Causas gerais das deficiências!

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[IMAGE]Causas Gerais Surdez Deficiência Visual
 
Deficiência Física Deficiência Mental Autismo



Causas gerais

As causas da deficiência são muitas e complexas, muitas vezes não existindo uma causa única. Estão classificadas em:

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PRÉ-GESTACIONAIS
São os fatores genéticos e hereditários onde a possibilidade de ocorrer um defeito está nos genes dos futuros pais.
PRÉ-NATAIS
São aquelas que ocorrem no útero materno, da fecundação ao nascimento.
Dentre os fatores que atingem o bebê no útero pode-se citar:
  • Idade da mãe: pesquisas demonstram que mães com menos de 20 e mais de 35 anos tendem a gerar um maior núm. de filhos com deficiência do que as que têm entre 20 e 35 anos.
  • Multiparidade: mulheres com 5 ou mais partos tendem a ter bebês de baixo peso e maior incidência de complicações na gravidadez.
  • Intervalo gestacional: intervalo de menos de 2 anos entre uma gravidez e outra pode provocar crianças de baixo peso ao nascer, além de comprometimentos motores e intelectuais.
  • Fator RH: atinge os fetos com RH+ cujas mães são fator RH - podendo ocasionar abortos ou deficiências.
  • Pressão alta: durante a gravidez, além de prejudicar o feto, é a maior causa de morte materna no Brasil.
  • Rubéola: pode ocasionar síndrome que se caracteriza por defeitos nervosos e mentais, oculares e auditivos, cardiovasculares. Todos os esforços devem ser feitos para identificar e vacinar a mulher susceptível de adquirir a rubéola antes da concepção, já que não existe tratamento para evitar o dano no bebê da grávida infectada.
  • Sífilis: a mais comum das doenças venéreas, manifesta-se de forma precoce (até os 6 meses de idade) ou de forma tardia (após os 2 anos). Na sífilis precoce acontecem lesões neurológicas, oftalmológicas, ósseas e de pele. Já na sífilis tardia, ocorrem anomalias dentárias.
  • Drogas: é o termo que designa tanto os medicamentos como os tóxicos. Os mais consumidos são os analgésicos, diuréticos, antibióticos e tranquilizantes.
    Entre os tóxicos de maior uso destacam-se o fumo e o álcool. Além desses, a maconha, cocaína, barbitúricos, anfetaminas, elevam as complicações durante a gravidez, com grande possibilidade do nascimento de crianças com sérios problemas neurológicos.
    Os medicamentos e os tóxicos podem atingir o bebê através da placenta ou do leite materno.
CAUSAS PERI-NATAIS
Atingem o bebê durante ou imediatamente após o parto.
CAUSAS PÓS-NATAIS
Ocorrem após o nascimento.
OBSERVAÇÃO: No Brasil, o maior índice de mortalidade e de deficiência infantil se origina das causas pré-natais e peri-natais. Para que atinja seus objetivos, o exame pré-natal deve se iniciar nos primeiros 3 meses de gestação .


DEFICIÊNCIA VISUAL

A deficiência visual pode ser dividida em 2 categorias:
Visual total: a pessoa não enxerga nada;
Visual parcial: a pessoa percebe se há luminosidade ou não.

Principais causas:

  • As doenças mais freqüentes são a coriorretinite, glaucoma congênito, catarata congênita, atrofia ótica.
  • A Diabetes, queimaduras também são fontes de cegueira.

    Algumas maneiras de se comportar diante de uma pessoa cega:

    • A primeira coisa, é entender que o cego é uma pessoa que não vê mas é capaz de ouvir, sentir cheiros, identificar intenções através de nossas atitudes, do tom de voz que usamos;
    • Dirija-se sempre ao próprio deficiente quando o assunto referir-se a ele, mesmo que este esteja acompanhado;
    • Ofereça ajuda sempre que a pessoal parecer necessitar, mas não ajude sem que ele concorde. Caso não saiba como ajudar, pergunte o que ou como fazer;
    • Os cegos que recebem algum tipo de treinamento normalmente se vestem sozinhos, mas convém orientá-los quanto a sua aparência:
    • Ao entrar em uma conversa onde haja uma pessoa cega, anuncie-se e toque de leve no seu braço para ele saber onde você se encontra. Ao retirar-se avise-o;
    • Na conversação fique à vontade para usar palavras como "veja" e "olhe". São palavras tão usuais para diversas situações que muitas vezes isto será inevitável e a busca de sinônimos poderá denotar uma falsidade;
    • Para guiar um cego, espere que ele segure seu braço (isso vai permitir que ele acompanhe o movimento do seu corpo e entenda que caminho seguir;
    • Para fazer uma pessoa cega sentar, guie-a até a cadeira e coloque a mão dela no braço ou no encosto da cadeira deixando que a pessoa se sente sozinha;
    • Alguns cegos usam cão-guia. Por mais carinhoso que seja o afago que se queira dar neste animal, evite pois é preciso lembrar que o animal foi treinado para guiar o cego e não pode ter a atenção desviada;
    • Se um cego estiver precisando de ajuda, identifique-se e faça-o entender que você está falando com ele.


    SURDEZ

    Pode-se dividir a surdez em 4 categorias:
    Surdez leve:
    perda auditiva entre 20dc e 40dc
    Surdez média:
    perda auditiva entre 40dc e 70dc
    Surdez severa:
    perda auditiva entre 70dc e 90dc
    Surdez profunda:
    perda auditiva acima de 90dc
    dc=decibéis

    Principais causas da surdez:

    • Meningite: causa surdez na pessoa que a contrae, independentemente da idade, se não for tratada a tempo ou se for do tipo agudo;
    • Rubéola em gestantes: as crianças geradas de mães que contraem rubéola durante a gravidez têm quase 100% de risco de nascerem surdas, principalmente se ocorrer até o quarto mês de gestação. Para que isto seja evitado, é preciso vacinar-se;
    • Acidentes: crianças muitas vezes introduzem objetos no ouvido e acabam ficando surdas.
    • Poluição sonora: é cada vez maior o alerta que médicos fazem em relação à poluição sonora. Desde o barulho das cidades, como o do próprio volume de aparelhos elétricos como TV, fones de ouvido, ..., têm sido considerados grandes inimigos do ouvido e podem levar, principalmente crianças menores, a distúrbios da audição.

    Algumas maneiras de se comportar diante de uma pessoa surda:

    • A primeira coisa é entender que um surdo não parece deficiente. Somente ao falarmos com ele é que notaremos sua surdez;
    • Não é preciso falar gritando. Isto poderá, até, dificultar principalmente para os que têm surdez leve ou média. O som muito alto às vezes prejudica a dicção e dificulta o entendimento por parte do surdo;
    • Fale diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela. Muitos surdos podem "ler" o que você está dizendo com seus lábios, e não falar diretamente poderá impedir esta leitura;
    • Não fale com o surdo ou o chame pelas costas. Será impossível para ele perceber que está sendo chamado;
    • Aplique a linguagem corporal, quando for necessário. Faça com que o surdo vire de frente para você e tente explicar o que deseja;
    • Tente não ficar de frente para a fonte de luz (como por exemplo uma janela), pois assim fica difícil ver seu rosto que poderá ficar como uma silhueta na luz;
    • Se você souber alguma linguagem de sinal, tente usá-la. Se o surdo não entender, ele avisará e sua tentativa será bem recebida;
    • Incentive o surdo a usar aparelhos que possam melhorar sua audição. Alguns não são bonitos, mas podem trazer grandes benefícios mesmo com um pequeno prejuízo de estética.


    DEFICIÊNCIA FÍSICA

    Pessoas com perda total ou parcial da capacidade motora ocasionada por acidentes diversos e/ou lesão cerebral.
    Pode-se entender a deficiência física em 5 categorias:
    Monoplegia:
    paralisia em apenas um membro do corpo
    Hemiplegia:
    paralisia total das funções de um dos lado do corpo
    Paraplegia:
    paralisia da cintura para baixo comprometendo as funções das pernas
    Tetraplegia:
    paralisia do pescoço para baixo comprometendo as funções dos braços e das pernas
    Amputação:
    quando há falta total ou parcial de um ou mais membros do corpo

    Observação: O termo PARALISIA CEREBRAL serve para designar um grupo de limitações psico-motoras resultantes de uma lesão no sistema nervoso central. A paralisia cerebral oferece diferentes níveis de comprometimento dependendo da área de lesão cerebral.


    Principais causas das deficiências físicas:

    • Acidentes de trânsito;
    • Acidentes de trabalho: devido principalmente à falta de condições de trabalho, à negligência dos trabalhadores quanto ao uso de equipamentos adequados e etc.;
    • Erros médicos: embora de difícil constatação e comprovação, erros médicos podem levar pessoas a usar cadeiras de rodas ou outro tipo de equipamento;
    • Paralisia infantil: apesar das campanhas de vacinação diminuírem sensivelmente este tipo de doença;
    • Violência urbana: tiros, facadas e o uso de outras armas têm deixado muitas pessoa deficientes físicas;
    • Desnutrição (fome): quando ocorre na infância ou em períodos de gestação, as crianças não têm condições de desenvolver uma série de músculos, comprometendo de forma definitiva movimentos como o andar.

    O que fazer quando encontrar um deficiente físico:


    • Não segure a cadeira de rodas. Você pode estar querendo ajudar, mas é preciso lembrar que ela faz parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo;
    • Se a conversa com um deficiente físico, principalmente se este usar cadeira de rodas, se alongar um pouco, procure sentar. É incômodo ficar olhando para cima;
    • Não fique constrangido ao usar os termos "andar" ou "correr". As pessoas que usam cadeiras de rodas também usam estas palavras;
    • Fique atento com a presença de barreiras físicas que impeçam que o deficiente possa se deslocar livremente;
    • Em muitas cidades já existem vagas especiais para os deficientes físico estacionarem seus carros. Não ocupe estas pois isto faz parte de uma grande conquista;
    • A arquitetura da maior parte dos prédios não está adaptada para as necessidades especiais destas pessoas. Se de alguma forma você pode influir na construção de qualquer obra, lembre-se de projetar acessos para os deficientes.


    DEFICIÊNCIA MENTAL

    Pessoas com padrão intelectual reduzido, consideravelmente abaixo da média normal. Também conhecidos como excepcionais. É importante saber, a diferença entre doente mental e deficiente mental. O deficiente mental embora tenha problemas de comportamento, sua deficiência não foi causada por eles. O doente mental é aquele que rompe com sua estrutura de vida através de uma doença geralmente de ordem psíquica, como psicopatia e esquizofrenia.

    Principais causas:

    • A maior parte das causas é determinada durante a gestação. Neste período, o fumo, droga, álcool e alguns medicamentos podem levar à formação de uma criança com deficiência mental;
    • Causas sociais: desnutrição e fome podem causar uma série de deficiências mentais. Quando não debilitam de forma total causam desenvolvimento retardado de uma série de potencialidades das pessoas.

    O que fazer quando encontrar um deficiente mental:

    • Não vire o rosto ou evite um deficiente mental. Esta é uma realidade que deve ser enflentada com naturidade;
    • Lembre-se de que a deficiência mental pode ser consequência de uma doença, mas não é uma doença , é uma condição de ser;
    • Podendo, ofereça ajuda ou apoio aos pais de deficientes mentais uma vez que estes geralmente ficam isolados de qualquer vida social por não terem com quem deixar seu filho;
    • Alguns deficientes mentais atingem idades avançadas. Apesar do comportamento, muitas vezes bem infantil, não os trate apenas como crianças. Ou seja, enquanto for criança, trate-o como criança. Ao se tornar adolescente ou adulto, trate-o como tal. Se você depositar alguma confiança e lhe destinar tarefas que podem ser monitoradas, ele certamente corresponderá.


    Autismo

    Em 1943, o estudioso Léo Kanner definiu o autismo como um diagnóstico de contato afetivo (para aquelas crianças que não estabelecem relações normais com os outros), atraso na linguagem e na comunicação. Um autista apresenta gestos esteriotipados e sugere que seu ambiente deve permanecer inalterado. Embora tenha boa memória, seu sintoma fundamental é o isolamento.

    Alguns sintomas de comportamento do autista

    Dificuldade de integração com outras crianças Age como se fosse surdo
    Resiste ao aprendizado Não demonstra medo de perigos reais
    Tem risos e movimentos não apropriados Resiste ao contato físico
    Tem acentuada hiperatividade física Apego inapropriado a objetos
    Preferência por objetos giratórios Às vezes é agressivo e destrutivo
    Não "olha no olho". Não mantém contato visual Resiste a mudanças de rotina

    Principais causas:

    Por se tratar de uma síndrome, a medicina, bem como as ciências do comportamento, ainda não identificaram a origem do autismo.

VAGAS PREFERENCIAIS: CAMPANHA DE CONSCIENTIZAÇÃO EM VALINHOS

ÓTIMA INICIATIVA!
O Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Valinhos, SP,  realizou no dia 17/12 uma campanha de conscientização na área central da cidade, com o objetivo de despertar nos motoristas o respeito às vagas destinadas aos idosos e pessoas com deficiência. O tema da campanha é: “Não perca pontos na Carteira de Habilitação e ganhe pontos como cidadão”.
Pessoas com deficiência e voluntários estiveram no centro de Valinhos para distribuir panfletos da campanha de conscientização, alertando motoristas quanto ao respeito às estas vagas preferenciais. Os valinhenses foram bastante atenciosos e atenderam as solicitações das pessoas com deficiência e dos voluntários.
O motorista que utiliza a vaga de deficiente e idoso sem ter essa condição, está cometendo uma infração leve que prevê uma multa de R$ 53,21, mais três pontos na Carteira de Habilitação, além da remoção do veículo.
Bonecos ensinam respeito a vaga de deficientes e idosos em SP
O Conselho tem alertado a população. “Temos alertado constantemente através dos meios de comunicação, sobre a desobediência, as pessoas colocam o carro na vaga destinada ao deficiente ou idoso, alegando que é só um minutinho, mas neste minutinho alguém de direito pode precisar da vaga e ela não está disponível. A nossa ação neste sábado é de conscientização, é chamar atenção da população, sobre os direitos que nós deficientes e idosos conquistamos. Está na lei, portanto, precisa ser respeitado”, ressalta Vagner Alves, vice presidente do Conselho.
Do total de vagas do estacionamento, 5% devem ser destinadas exclusivamente aos idosos e 2% as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
Essas  pessoa precisam se credenciar junto a secretaria de trânsito e receber uma credencial, que garante o direito a estacionar seu veiculo nas vagas demarcadas na cidade.
Ainda segundo “ Vagner Alves o próxima passo é realizar esta campanha em outros momentos no centro da e em supermercados, Shopping e bancos locais onde se observa um maior desrespeito a resolução 303, 304 do CONTRAN que assegura esse direito”.
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Fonte: http://vagneralvess.blogspot.com

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A barbárie do preconceito contra o deficiente – todos somos vítimas The barbarism in the prejudice against the handicapped -we are all victims

Sandra Regina Schewinsky*
RESUMO
O presente artigo refere-se a reflexões tanto sobre o preconceito em relação às pessoas portadoras de deficiência
física, como sobre o sofrimento do preconceituoso. Baseia-se na perspectiva da Teoria Crítica, de
acordo com os autores: Adorno, Horkheimer e Crochík. Inicialmente, haverá uma breve retrospectiva histórica
em relação às ações preconceituosas e cruéis contra as pessoas portadoras de deficiência e sua posterior
relação com a atualidade. Preconiza-se que o preconceito é um fenômeno psicológico que se dá no processo
de socialização, discorre, sobre o sofrimento, crueldade e vergonha. Ressalta, por fim, a necessidade de uma
compreensão crítica para melhorar as condições individuais e sociais de vida. ACTA FISIÁTR. 2004; 11(1): 7-11.
PALAVRAS CHAVES
Preconceito, discriminação social, pessoas portadoras de deficiência, teoria crítica.
ABSTRACT
This article aims on reflecting not only about the prejudice concerning physically handicapped people, but
also about the suffering of the ones who see it with eyes of prejudice. It is based on the perspective of the
Critical Theory, according to the authors: Adorno, Horkheimer and Crochík. At first, there will be a brief
historical retrospective related to the prejudiced and cruel actions against the handicapped people and its
future relation with our current time. It has been revealed that prejudice is a psychological phenomenon,
which happens according to the process of socialization, spreading around suffering, cruelty and shame.
Finally, this paper reaffirms the necessity of a serious critical comprehension in order to improve both the
individual and the social life conditions.
KEYWORDS
Prejudice, social discrimination, disabled persons, critical theory.
____
*SANDRA REGINA SCHEWINSKY:Psicóloga-Encarregada do Serviço de Psicologia da DMR-FMUSP, Doutoranda em Psicologia
Social pela PUC-SP, Mestre em Psicologia pela Universidade São Marcos, Especialista em Psicologia Hospitalar.
Recebido em 29/10/2003. Aceito em 28/04/2004.
A VIDA!
As pessoas vivem a rotina frenética, de casa para o trabalho,
levando os filhos para escola e a todos os lugares, correndo atrás
do tempo. Acham-se felizes, com o lazer obrigatório, sexo programado,
consumo desproporcional do conforto tecnológico e “imprescindível”
e, escravas da estética. Buscam sentir-se poderosas
e potentes com suas vidas.
De repente, em ínfimos minutos, o inusitado ... o acidente.
A Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (DMR
HC/FMUSP), assiste a portadores de grandes incapacidades físicas.
São pessoas que têm suas vidas amplamente modificadas pela
instalação da deficiência, em que perdem a independência para
quase todas as atividades, das mais primárias como comer só, higiene
pessoal, andar livremente por onde desejar e, com tais perdas a
autonomia normalmente se esvai.
As seqüelas podem ser dramáticas nas vidas destas pessoas,
mas as acompanham dia a dia, um sofrimento não menos insignificante:
a crueldade do preconceito em relação ao deficiente físico.
Ao entrar em contato com a Teoria Crítica, eu adoraria ficar à
parte, pensar que as provocações dos pensadores: Adorno,
Horkheimer1 e Crochík2 nada tinham em comum com minha prática
de trabalho e forma de encarar a vida. Engodo no qual tentei
refugiar-me, mas não consegui permanecer por muito tempo, talvez
culpa da minha má consciência ...
O incômodo sentido é a mola propulsora do atual artigo, em
que convido aos leitores a percorrer comigo algumas idéias sobre a
barbárie do preconceito contra o deficiente acompanhados de Adorno,
Horkheimer1, Crochík2 e outros autores, sendo que “parece”
ficar obvio que as vítimas somos todos nós.
Atuações preconceituosas e cruéis em relação às pessoas portadoras
de deficiência física perpassam pela história. Silva3 contanos
que no Egito Antigo, consideravam que a deficiência era
provocada por “maus espíritos”, sendo que a nobreza, os faraós, os
sacerdotes e os guerreiros tinham acesso a tratamentos, enquanto
os pobres sucumbiam nas mãos de charlatães, serviam como atrações
em circos ou eram usados pelos sacerdotes para estudos e
treinamentos de cirurgias.
Na civilização hebraica a discriminação era manifesta nas leis,
Moises escreve em “Levítico” que o homem com deformidade
corporal não pode fazer oferenda a Deus, e nem se aproximar de
seu ministério. A deficiência era vista pelos antigos hebreus, como
indicadora de impureza, remissão de pecados antigos, interferência
de maus espíritos e das forças más da natureza, logo os deficientes
tinham que esmolar para sobreviver, ficando expostos nas
ruas e praças, e eram apenas tolerados pela sociedade3 (p.74).
Na Grécia, havia a super valorização do corpo belo e forte que
pudesse participar das guerras. Por isso aquele que não
correspondesse a esse ideal era marginalizado e até mesmo eliminado,
entretanto guerreiros mutilados em batalhas eram protegidos
pelo Estado.
A civilização romana também preconizava a perfeição e estética
corporal, a deficiência era tida como “monstruosidade” fato que
legitimava a condenação à morte dos bebês mal formados: Sêneca,
em Amaral4 , justifica o infanticídio:
... nós sufocamos os pequenos monstros; nós afogamos até
mesmo as crianças quando nascem defeituosas e anormais: não é
a cólera e sim a razão que nos convida a separar os elementos
sãos dos indivíduos nocivos (p.46).
Algumas crianças não eram mortas e sim abandonadas à margem
do Tibre e levadas pelos escravos e pobres para futuramente
esmolar: ocupação rendosa.
Com o surgimento do Cristianismo, a visão de homem modificou-
se, para um ser individual e criado por Deus. Os deficientes
passaram a ser criaturas de Deus, com destino imortal e merecedores
de cuidados, ... a alma não é manchada por deformidades no
corpo (...) uma grande alma pode ser encontrada num corpo pequeno
e disforme3 (p. 150). Em decorrência do pensamento cristão,
pessoas com más formações congênitas ou defeitos passaram
a ser protegidas pela lei de Constantino em 315 depois de Cristo.
Entretanto a exclusão dos deficientes continuou no discorrer da
história. No Império Bizantino, a Igreja Católica em conjunto com
o Estado, levava-os para mosteiros. A própria Igreja incumbia-se
de realizar mutilações como punições por crimes cometidos. Na
Idade Média, a deficiência era vista como atuação de maus espíritos
e do demônio, sob o comando das bruxas, e também resultado
da ira celeste e castigo de Deus, havia a segregação e os deficientes
eram ridicularizados.
A partir do Humanismo, no século XV, modificou-se a concepção
de valorização do homem, iniciando-se a diferenciação no tratamento
de portadores de deficiência e da população pobre em geral.
Nos séculos XVI e XVII, os serviços de saúde passaram a ser
também de responsabilidade da comunidade.
Amaral4 refere:
Paracelso e Cardano (ambos do século XVI) são os primeiros
a trazer a questão da deficiência para o âmbito da Ciência, mais
especificamente da Medicina (pois eram médicos e alquimistas),
demarcando uma fronteira entre a visão teológica ou moral e
cientifica. Esses estudiosos, embora mantivessem uma estreita ligação
com as teorias que enfatizavam as forças cósmicas, afirmavam
a legitimidade de tratamento para as pessoas com deficiência
(p. 49).
Em meados do século XVII, foram criados os hospitais gerais,
os quais eram; uma combinação de asilo, para a exclusão, e de
hospital para a cura e estudos. Segundo Foucault5 a medicina até o
século XVIII, tinha caráter individual, em que os cuidados de médico-
paciente davam-se em classes de maior posse, os pobres continuavam
à mercê de charlatães. Nesse século, começa a se estruturar
a medicina social.
No século XIX, devido à influência da filosofia humanista e o
advento da Revolução Industrial, a concepção social de deficiência
continuou a sofrer modificações.
ACTA FISIÁTR. 2004; 11(1): 7-11 Schewinsky S R. A barbárie do preconceito contra o deficiente - todos somos vítimas
Segundo Amaral4:
Nesse período há a coexistência de múltiplas representações
do fenômeno e, conseqüentemente, de múltiplas abordagens e atuações:
algumas de caráter mais educacional, outras de cunho
médico. Mas de uma forma geral, pode-se assinalar esse período
como o da superação da visão de deficiência como doença e o
início de seu entendimento como estado ou condição (p.50).
No século XX, há um grande incremento da assistência às pessoas
portadoras de deficiência no mundo todo, pois além da filosofia
humanista, as nações deparavam-se com mutilados pós as duas
grandes guerras e acidentados nas industrias. Surgem programas
de reabilitação global, incluindo a inserção profissional de pessoas
deficientes.
Nos dias de hoje, pleno século XXI, qual a realidade que se
impõe?
No Brasil, temos uma verdadeira fábrica de crianças com Paralisia
Cerebral quer seja pelas más condições de saúde e pré-natal
das parturientes, quer seja por negligência médica. Em função da
violência, deparamo-nos com um número cada vez maior de jovens
atingidos por armas de fogo, acidentes automobilísticos e
outras conseqüências do uso indiscriminado de drogas. Adultos
idosos ou não acometidos de doenças neurológicas, muitas
degenerativas. Os centros de reabilitação são insuficientes e em
muitos lugares do país até mesmo inexistentes, fora isso, qual a
ideologia que impera?
Ao acompanharmos o movimento histórico da concepção e atuação
com o deficiente é fácil pensar: Como as coisas melhoraram!
De fato é inegável a evolução, mas não podemos nos deixar cegar
pelas mudanças e não fazermos uma reflexão crítica sobre o preconceito
vigente.
O preconceito está em nós! Todos somos algozes e vítimas dele,
aprisionados na violência das idéias pré-concebidas e conceitos
impostos sem reflexão.
Segundo Crochík2, o conceito de preconceito é um fenômeno
psicológico que se dá no processo de socialização. Ele nos diz em
1995:
... o preconceito diz mais respeito às necessidades do
preconceituoso do que às características de seus objetos, pois, um
destes é imaginariamente dotado de aspectos distintos daquilo que
eles são (p.16).
A pessoa portadora de deficiência pode suscitar no
preconceituoso, afetos diversos relacionados aos mais diferentes
conteúdos psíquicos. Da mesma forma, que ela própria trás consigo
preconceitos oriundos da cultura.
Na nossa sociedade, em que o indivíduo “vale” pela sua produção
e riqueza, no momento em que fica impossibilitado de exercer
papéis profissionais que lhe conferem o status quo, recai sobre ele
a imagem de inutilidade e de menos-valia.
Neste sentido denunciam Adorno / Horkheimer1:
Todo o mundo é o que é sua fortuna, sua renda, sua posição,
suas chances. Na consciência dos homens, a máscara econômica e
o que está debaixo dela coincidem nas mínimas ruguinhas. Cada
um vale o que ganha, cada um ganha o que vale. Ele aprende o
que ele é através das vicissitudes de sua vida econômica (p.197).
Não raro, há a dor daqueles que se apercebiam como bem sucedidos,
vida social agitada e “bem queridos por amigos” e após a
instalação da deficiência, encontram-se isolados e excluídos. De
fato, é a morte daquela forma de viver, a lembrança do que era
passa a ser um fantasma e o luto instala-se. Novamente recorro a
Adorno / Horkheimer1:
... O que um indivíduo foi e experimentou no passado é anulado
em face daquilo que ele agora é, daquilo que ele agora tem e
eventualmente daquilo para o que pode agora ser utilizado (...) O
que se passa com todos os sentimentos, ou seja, a proscrição de
tudo aquilo que não tenha valor mercantil, também se passa da
maneira mais brutal com aquilo de que não se pode sequer obter a
reconstituição psicológica da força de trabalho: o luto (p.201).
A civilização prega o apego às coisas materiais em detrimento
as espirituais. Para adquirir tudo o que é imposto trabalha-se mais
do que as próprias forças, a vitória da sociedade é a derrota do
indivíduo, o qual se sacrifica para sobreviver, na ilusão de que tal
sacrifício pode levar ao bem viver. Instala-se a moral do trabalho,
seguindo-se a racionalidade do sistema para aprender as suas regras.
Desta feita, todos passamos a ser meros executores de papéis,
sendo que nos perfis profissionais já estão embutidos as características
pessoais para sermos aceitos.
Segundo Crochík2:
No momento em que se valoriza a produção que envolve a ação
eficiente, quer sobre coisas, quer sobre os homens, e que se elege
o indivíduo competente como modelo a ser seguido, a produção
quer material, quer espiritual toma o lugar da reflexão, pedindo
ações cuja racionalidade está circunscrita à esfera do trabalho e
já foi, em grande parte, deliberada anteriormente, deixando pouco
a ser pensado (p. 26).
A engrenagem é massacrante, instaura-se o impulso desmedido
para o lucro e o fetiche da mercadoria, que não são naturais do
homem, mas sim talhados pela sociedade que se mantém de forma
violenta, pois a ameaça de não poder suprir a autoconservação é
declarada de várias formas. O desespero causado pela possibilidade
de não ter trabalho é mascarado pelo consumo irracional, prazeres
sem sentido, obediência, acreditar em mentiras manifestas que
não enganam a ninguém e a ideologia do sacrifício.
O engodo que está por trás do discurso de que o sacrifício é
necessário, vem a serviço de manter a ordem e o poder. A pessoa
sacrificada e subjugada imputa a si mesma a culpa do infortúnio
sofrido.
ACTA FISIÁTR. 2004; 11(1): 7-11 Schewinsky S R. A barbárie do preconceito contra o deficiente - todos somos vítimas
Ilustro, aqui com o caso de um jovem militar que se
acidentou em serviço e sua grande dor é a possibilidade da aposentadoria
ou ter que mudar de cargo em função das limitações físicas
e de memória, chocou-me quando falou “Mas eles têm que entender
que eu não tive culpa”. Uma enxurrada de pensamentos invadiu-
me, o profissional que sofre um acidente em função do próprio
trabalho é tido como “fracassado, pois vacilou” é inculcada a idéia
do dever de ser infalível. Desta feita, a responsabilidade da fatalidade
recai sobre o próprio doente.
De acordo com Adorno / Horkheimer1:
Os dirigentes não estão mais sequer muito interessados em
encobri-lo (o poder do monopólio), seu poder se fortalece quanto
mais brutalmente ele se confessa de público (p. 114).
A pessoa se torna um instrumento facilmente substituível, ela
despreza os próprios interesses e sente-se obrigada a desempenhar
comportamentos irracionais para se adaptar a sociedade desumana
e injusta, não se vislumbra a possibilidade de discutir o assunto. A
sociedade esmaga o indivíduo que não lhe apraz e impinge a
corrupção do ego pela fragilidade.
O portador de deficiência física passa a ser uma ameaça, mesmo
que imaginária, para os outros, pois nele está contida a frágil
natureza da humanidade, a possibilidade das limitações, o sofrimento
que se quer negar e ocultar a qualquer preço. A ele é negada
a possibilidade de trabalho, seu corpo não condiz à estética préestabelecida,
ainda hoje, é considerado por muitos como sucata
humana. O terror de não ter valor de produção e não poder suprir a
autoconservação leva os preconceituosos ao asco.
São tantas obrigações, tantos sacrifícios e regras a serem cumpridas,
que a mesma dureza que a pessoa deve ter consigo mesma,
leva-a ser dura com o outro. Desencadeia o ódio ao mais fraco e a
necessidade de julgar-se melhor, para assim, não entrar em contato
com as próprias dificuldades e achar-se potente na sua impotência.
Crochík2 cita que Sartre, Adorno e Horkheimer apontavam simultaneamente
o Preconceito como uma Paixão, a meu ver a cegueira
da paixão serve para a pessoa não abalar suas crenças e aperceberse
do próprio cárcere, negar seu desespero e o medo da fragilidade.
Crochík2:
A sensação de superioridade do preconceituoso em relação à
sua vítima é solicitada por uma cultura que não permite um lugar
fixo a ninguém, pois é a própria insegurança de todos os indivíduos,
é a eterna luta de todos contra todos, que sustenta, assim, o
poder sobre o mais fraco é a busca de um espaço em uma sociedade
que gira em torno do poder, busca fadada ao fracasso (p. 61).
A deficiência da pessoa jamais passa em brancas nuvens, gera
incômodos dos quais o preconceituoso tenta se defender, pode ser
pelo ataque propriamente dito, o abandono, a rejeição, ou pelo seu
contra-ponto a superproteção que o desvitaliza, como ainda a negação
da deficiência por atenuações, por exemplo da fala hipócrita
de que somos todos deficientes. Fico arrepiada quando escuto um
profissional da área de saúde ou de educação dizer: “É tão gratificante
trabalhar com eles ... que eu não trabalho por dinheiro e sim
por amor“ discurso obviamente preconceituoso, que ainda vem
travestido de uma bondade falsa de seu interlocutor.
Amaral4 esclarece-nos com propriedade:
Insisto: des-adjetivar a deficiência é um caminho.
Ou seja, ser diferente não é melhor ou pior, a diferença não é
boa ou ruim, maléfica ou benéfica, para usar a terminologia de
Laplantin, 1991, aviltante ou enaltecedora. A diferença /deficiência
simplesmente é (p.148).
Mas quando não era e passa a ser?
A pessoa que se pensava poderosa e depara-se com a instalação
da deficiência em sua vida adulta, passa a ser objeto de discriminação
não só dos outros mas de si mesma. Sofre pelos preconceitos
que imputava ao ver um deficiente.
Durante a realização deste trabalho, lembrei-me de um senhor
que atendi há alguns anos, que sofria muito com sua nova situação
de portador de deficiência física e sentia muita vergonha, referia
não poder se apresentar daquela “forma” para os antigos colegas,
pois ele próprio anteriormente participava de rodadas regadas a
bebidas e piadas sobre deficientes, comentava, inclusive das fantasias
sexuais perversas com as “menininhas aleijadinhas”.
Armadilhas do destino? Creio que não. A crueldade venha de
quem for não deve ser perdoada. A pessoa que carrega consigo
tamanha frieza em relação ao outro, sucumbiu à miséria da própria
vida, constituiu-se em relação a um mundo social já construído
que tem predominância sobre ele, ou referindo novamente, a super
valorização da estética, o fetiche da mercadoria e a força do poder.
Fechou as portas para a capacidade de amar, de solidariedade e de
reflexão, e o sentimento de potência é substituído pelo de vergonha.
Satow6, explica-nos muito bem o que é vergonha:
A vergonha é o medo do olhar do outro e é o afeto social por
excelência, pois deriva das relações com as normas da sociedade,
do sentimento de ter-se afastado dessas normas. O estímulo da
vergonha é o olhar do outro, da comunidade, do público. O sentimento
de vergonha é provocado pelo afastar-se das normas sociais:
o olhar do outro condena quem se afastou ou pensa ter se
afastado das normas; por isso, a vergonha é a reguladora da
moralidade, é sempre um instrumento do processo da socialização...
(p. 126).
Não raro, a pessoa que adquire uma deficiência física ao longo
da vida sente-se culpada por este fato, como também, não raro lhe
é outorgada essa culpa. Fantasias de que está pagando por pecados,
que é merecimento por má conduta e maus sentimentos, ainda
vigoram nos dias de hoje; e são sutilmente veiculados pelos meios
de comunicação.
O senhor que comentei não é apenas o algoz da situação, é
também vítima da própria construção de sua vida e do mundo social
em que está inserido. Ele sabia muito bem o que representava
para seus colegas e para si: a traição e ao mesmo tempo o fracasso.
ACTA FISIÁTR. 2004; 11(1): 7-11 Schewinsky S R. A barbárie do preconceito contra o deficiente - todos somos vítimas
Faço aqui uma analogia ao que Adorno / Horkheimer1, teorizam
sobre o criminoso:
... O indivíduo fraco, atrasado, animalizado tem que sofrer,
qualificado, uma forma de vida à qual se resigna sem amor;
encarniçada, a violência introvertida repete-se nele. O criminoso
que, ao cometer seu crime, pôs sua autoconservação acima de tudo,
tem na verdade um eu mais fraco e mais instável, e o criminoso
contumaz é um débil (p. 211).
Paira no ar a insinuação de que se a pessoa deficiente tivesse
morrido seria melhor, seu crime é a própria vida!
Embora atualmente o discurso é da valorização do homem a
todo preço, mesmo assim, os deficientes são desprezados e sucumbem
a várias formas de morte. A morte física propriamente dita, o
suicídio silencioso, o sofrimento psíquico, o confinamento social,
a falta de acesso aos cuidados à saúde, educação e trabalho. Não é
mera semelhança com outras fases da história, principalmente no
tocante aos pobres.
A contradição social vigente precisa ser superada, para que a
vida siga seu caminho com sentido, com condições de
enfrentamento e findar a exclusão. Para tal, é necessária atenção à
dança dos preconceitos de todos e de ninguém, dança envolta na
música do social e na melodia da mentira manifesta.
Retomo ao meu incômodo inicial e talvez do leitor, em que a
tentação de ficar escondida atrás do social é grande. Preciso, eu
própria, olhar para meus preconceitos, desencantar-me comigo,
reconhecer minha prisão e desconhecimento para buscar a reflexão.
Na rotina frenética, é fácil submergir a ideologia sem atentar
para o que está acontecendo. Cultuar o frívolo, passar por cima das
emoções, ignorar o sofrimento e continuar sorrindo! A barbárie
não está só naquele que puxa o gatilho, ou assina as leis, ou vende
as drogas. Ela está na frieza das ações e não ações, no julgamento
do outro, na falta de afeto e de solidariedade.
Ressalto, que muitas vezes somos nossos carrascos. Qualquer
pessoa pode sofrer um infortúnio e ter como seqüela uma deficiência
física. Impossível negar o sofrimento real que as limitações
impingem, mas se vitimar e destituir a vida de sentido não precisa
ser a penalidade. Como também a existência de muitos não portadores
de deficiência é desprovida de condições reais e subjetivas
de qualidade.
Obviamente, não se podem mudar as questões objetivas imediatamente,
mas não é preciso compactuar com aquilo que
sabidamente é injusto e discriminatório. Olhar para si próprio, reconhecer
os limites e inadequações, buscar a reflexão crítica e o
esclarecimento, podem fortalecer o indivíduo e este, assim contribuir
para uma sociedade melhor.
Bacon citado por Adorno / Horkeimer1 vislumbra a solução:
... a superioridade do homem está no saber, disso não há dúvida.
Nele muitas coisas estão guardadas que os reis, com todos os
seus tesouros, não podem comprar, sobre ao quais sua vontade
não impera, das quais seus espias e informantes nenhuma notícia
trazem, e que provêm de países que seus navegantes e descobridores
não podem alcançar... (p. 19).
Enfim, a barbárie do preconceito contra todos e de todos pode
findar, quando for extirpada a crueldade contra os homens e
descortinada a escuridão que encobre o esclarecimento, para que a
VIDA de fato tenha valor.
REFERÊNCIAS
1- Adorno TW, Horkheimer M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor; 1985.
2- Crochík JL. Preconceito, indivíduo e cultura. São Paulo: Robe Editorial; 1995.
3- Silva OM. A epopéia ignorada: a pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de
hoje. São Paulo: Cedas Editora; 1987.
4- Amaral LA. Conhecendo a deficiência (em companhia de Hércules). São Paulo: Robe
Editorial; 1995.
5- Foucault M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Editora Graal; 1985.
6- Satow LA. Paralisado cerebral: construção da identidade na exclusão. São Paulo: Robe
Editorial; 1995.
ACTA FISIÁTR. 2004; 11(1): 7-11 Schewinsky S R. A barbárie do precon