quarta-feira, 7 de março de 2012

Erro médico durante parto deixa criança com sequelas irreversíveis

26/11/2011 10:55:00
A jovem T.C.L., de 29 anos, já estava no nono mês de gestação quando sofreu uma queda. Ao procurar o médico que acompanhava sua gestação foi informada que deveria apenas ficar em casa, apesar das intensas dores. Após insistir em ser avaliada, por causa das constantes dores, foi realizado um exame de ultrassom e o médico confirmou que ela poderia ir para casa, pois não havia problema nenhum.
Sete dias após a queda, não suportando mais as dores - sem saber se era por causa do tombo ou da gravidez - a mãe foi ao Hospital e entrou em trabalho de parto. Não levando em conta fatores como tamanho do feto e a estrutura física da mãe, o médico optou pelo parto normal, prática tida como não aconselhável em literatura sobre o assunto.
Após muito tempo em trabalho de parto, o obstetra, ao invés de fazer uma cesariana de emergência, optou pelo uso do fórceps. Acontece que tal procedimento, além de causar hematomas na mãe, deformou o crânio da criança atingindo o cerebelo (hematoma subdural), resultando em lesões irreversíveis. O menino, que hoje tem cinco anos de vida, não pode se locomover, não fala, tem graves problemas respiratórios, e vai ser totalmente dependente para o resto da vida.
A mãe, que deixou o emprego para se dedicar ao filho, tem altas despesas com fraldas, consultas e frequentes internações. Ela procurou ajuda na Defensoria Pública de Mato Grosso para tentar, ao menos, um auxílio para as necessidades primordiais da criança, uma vez que o quadro da mesma não pode ser revertido.
T.C.L. estudou muito sobre o caso do filho e assegura que, se tivesse pleno acompanhamento do médico no período entre a queda e o parto, a situação não seria a mesma. Além, é claro, de defender que se o monitoramento fosse adotado, o parto seria feito devidamente, já que não poderia de modo algum conceber o filho de forma normal. "Ele não monitorou meu filho e não podia ter feito fórceps", reclama indignada a mãe.
O Defensor Público Rogério Borges Freitas está cuidando do caso e juntando provas e informações para responsabilizar o médico pelo acontecido, além de pedir indenização para garantir o suporte ao tratamento necessário à vida da criança. Informações não oficiais, relatadas por outro médico, dão conta que tal obstetra já tem histórico negativo em outros partos.
A pedido do Dr. Rogério, uma médica acompanhava as conversas entre o Defensor e a mãe. A especialista, juntamente com a genitora, listou as necessidades primordiais do menino. Entre os pedidos está uma cadeira de rodas, banheira, colchão d'água, fraldas, medicamentos de uso contínuo e alimentação especial, além de acompanhamento de profissionais como neurologista, fonoaudiólogo, terapeuta e outras medidas que contribuirão para uma melhora significativa da criança.
O Defensor Público afirma que fará o possível, juridicamente, para garantir o máximo de auxílio à mãe e à criança. Mesmo entre o espaço de tempo da juntada das provas e da audiência, Dr. Rogério pretende tomar providências para que o médico, desde já, seja obrigado a fornecer o amparo básico à criança.
Uma das dificuldades encontradas pela Defensoria Pública, neste caso, tem sido obter laudos que confirmem o erro e a imperícia praticada. "Os médicos procurados atestam a negligência, mas não querem assinar nada, para não se indispor com a classe", afirma Borges.
O número de cidadãos que buscam seus direitos por causa de erros cometidos por profissionais da área da medicina tem aumentado constantemente na instituição. Nos últimos dias, problemas relativos a partos, cirurgias plásticas e colocação de próteses têm chegado às mãos do Dr. Rogério Borges para que sejam tomadas as medidas judiciais cabíveis.
Fonte : Defensoria Pública de Mato Grosso

Nenhum comentário:

Postar um comentário