sábado, 26 de novembro de 2011

Esperança para voltar a andar

Jornal O Dia 09/06/04
Esperança para voltar a andar

Experiência devolve a ratos 70% dos movimentos das patas paralisadas devido à lesão da medula
SÃO PAULO - Uma pesquisa feita com ratos abre um novo caminho para tratar pessoas com paralisia. A combinação de diferentes terapias possibilitou a recuperação motora de ratos lesão na medula em até 70%. A pesquisa foi feita em Miami e contou com a participação do professor Francisco Carlos Pereira, do Departamento de Anatomia da USP. Os resultados foram observados oito semanas após o tratamento.
Os cientistas utilizaram células de Schwann (CS) – que recobrem os nervos do sistema nervoso periférico – combinadas com as substâncias AMP cíclico, molécula presente no organismo e que participa de diferentes reações intracelulares, e o medicamento Rolipram, usado normalmente como antidepressivo. “Foram dois anos de intenso trabalho”, conta Francisco.
As células e o AMP cíclico foram injetados na medula lesionada dos ratos, enquanto o Rolipram foi administrado nas duas semanas seguintes à lesão.
Os animas foram divididos em sete grupos e receberam diferentes tratamentos. “A melhor recuperação da capacidade motora se deu no grupo em que administramos as células de Schwann associada às duas substâncias”, conta o professor.
“Nós conseguimos uma melhora de 70% nos movimentos dos animais, dos membros posteriores. Dentro de uma escala que vai até 21, esses animais conseguiram nota 14”, explicou o professor Francisco.
Médico crê que remédio será usado em humanos
As células usadas nos enxertos nos ratos também existem no corpo humano. Apesar dos resultados positivos, experiências deste tipo em humanos ainda deverão levar algum tempo. “Abrimos um espaço importante para que novas pesquisas sejam realizadas. Creio que em pouco tempo o Rolipram seja mais um medicamento no arsenal terapêutico em pacientes com lesão medular."
“A vantagem dessa técnica é que você pode usar um nervo do próprio paciente para fazer um enxerto nele mesmo”, completou o professor.
O artigo assinado pelos cientistas, em que é descrito o avanço nessa área, acaba de ser publicado na revista científica Nature Medicine, dos EUA

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